Obviamente que o primeiro fator que fez isso acontecer foi o financiamento público de campanha, o chamado Fundo Eleitoral que se restringe às campanhas eleitorais.
Os partidos já recebem mensalmente o dinheiro do Fundo Partidário, que é uma verba pública para custear as despesas mensais dos partidos, como água, luz, telefone, etc.
Em 2021, esse valor chegou a quase R$ 800 milhões, sendo que 5% são para todos os partidos e 95% são divididos de acordo com o número de deputados federais de cada legenda.
Hoje no Brasil temos 32 partidos políticos legalizados e cerca de mais 30 esperam a aprovação de registro no Tribunal Superior Eleitoral.
O montante de R$ 4.961.519.777,00 representa a maior soma de recursos já destinada ao Fundo Eleitoral desde a sua criação, em 2017.
Em resumo, 2% desse valor é dividido igualmente entre os 32 partidos, o que já garante cerca de R$ 3,1 milhão, mesmo o partido não tendo nenhum representante em todo o Brasil.
35% são divididos de acordo com o número de votos recebido em 2018, mas o partido tem que ter, pelo menos, 1 representante na Câmara dos Deputados.
Já 48% dos 4,9 bilhões são divididos de acordo com o número de deputados federais que cada partido conseguiu eleger na última eleição geral e os outros 15% restantes é dividido de acordo com o número de senadores que cada partido elegeu em 2018.
Essa verba tem que ser usada exclusivamente nas campanhas eleitorais e o que não for gasto, deve ser devolvido para a conta do Tesouro Nacional.
UM INCENTIVO
Então, como tem dinheiro para todos, eles não se preocupam mais em fazer alianças com os partidos maiores que sempre conseguiram buscar mais verbas na iniciativa privada.
O negócio é lançar seu próprio candidato a apostar num bom acordo no segundo turno, caso ele ocorra, com um dos dois candidatos que forem disputar a reta final da eleição.
É um jeito mais fácil de divulgar o partido e o candidato e isso pode colocar a legenda num futuro governo sem que o partido vença a eleição.
Enfim, a criação do Fundo Eleitoral obviamente deu uma liberdade maior para que os partidos apostem em candidaturas próprias e não fiquem reféns das siglas maiores.
Mas também potencializou o poder daqueles políticos que comandam as siglas e que podem decidir qual candidato receberá mais verba do partido. A regra de divisão é definida por cada partido, mas tem que ser aprovada pelo TSE.
Veja como ficou a divisão dos R$ 4,9 bilhões do Fundo Eleitoral:
União Brasil: R$ 782,5 milhões
PT: 503,4 milhões
MDB: R$ 363,2 milhões
PSD: R$ 349,9 milhões
PP: R$ 344,8 milhões
PSDB: R$ 320 milhões
PL: R$ 288,5 milhões
PSB: R$ 268,9 milhões
PDT: R$ 253,4 milhões
Republicanos: R$ 242,2 milhões
Podemos: R$ 191,4 milhões
PTB: R$ 114,5 milhões
Solidariedade: R$ 113 milhões
PSOL: R$ 100 milhões
PROS: R$ 91,4 milhões
Novo: R$ 90,1 milhões (a sigla informou que devolverá o dinheiro)
Cidadania: R$ 87,9 milhões
Patriota: R$ 86,5 milhões
PSC: R$ 76,2 milhões
PCdoB: R$ 76,1 milhões
Rede: R$ 69,7 milhões
Avante: R$ 69,2 milhões
PV: R$ 50,6 milhões
Agir: R$ 3,1 milhões
DC: R$ 3,1 milhões
PCB: R$ 3,1 milhões
PCO: R$ 3,1 milhões
PMB: R$ 3,1 milhões
PMN: R$ 3,1 milhões
PRTB: R$ 3,1 milhões
PSTU: R$ 3,1 milhões
UP: R$ 3,1 milhões