As redes sociais são um vasto palco de dramas, tragédias e um bocado de entretenimento duvidoso. No entanto, as últimas semanas extrapolaram. De acordo com estudo realizado pela pesquisadora Lilian Carvalho, coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP, a saga de Iza e Yuri conquistou mais de 1,2 milhão de menções nas redes, deixando para trás até mesmo a tentativa de assassinato do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que não passou das 60 mil.
“Desde quando a vida amorosa de celebridades se tornou mais relevante que eventos com potencial de alterar o rumo da política internacional? Os internautas decidiram vestir o manto do voyeurismo e se deleitar com um espetáculo da cantora Iza, grávida e no auge de sua carreira, anunciou sua separação do jogador Yuri Lima, após descobrir trocas de mensagens picantes dele com uma ex”, observa Lilian.
De acordo com a pesquisadora, a resposta para este comportamento está nas teorias de Robin Dunbar, que sugerem que nosso cérebro evoluiu para ficar obcecado por interações sociais. “Estamos programados para adorar uma boa fofoca, especialmente se envolver sexo, status e sobrevivência, os três pilares do nosso interesse mórbido pela vida alheia. E a história de Iza tem todos os ingredientes de uma trama envolvente”, observa.
Este fato por si só justifica a baixa qualidade dos trending topics. “No fim das contas, talvez o problema não seja a internet nos tornar ruins, mas sim revelar um apetite por fofocas que nem sabíamos que tínhamos. E aí, vamos continuar alimentando esse ciclo ou é hora de elevar um pouco o nível do nosso entretenimento”, destaca.
