O segundo Seminário promovido pelo Comitê da SAF do Avaí teve bons momentos de esclarecimento, como a sólida apresentação do advogado Tullo Cavallazzi, profundo conhecedor da legislação que rege as SAFs no Brasil. No entanto, a exposição técnica não foi suficiente para convencer os presentes sobre o rumo que está sendo traçado para o clube. A proposta de adotar o modelo “Drop Down”, já seguido por clubes como Botafogo e Cruzeiro, não é consenso. A promessa de profissionalização esbarra em um passado recente de gestões responsáveis por um passivo de R$ 197 milhões.

Contrapontos
A ausência de visões contrárias na programação das palestras foi sentida. Conselheiros como Anatólio Guimarães e Hugo Dittrich apresentaram sugestões alternativas, com destaque para o modelo do Borussia Dortmund, que permite participação ativa da torcida no capital da SAF. Mas essas ideias não foram devidamente acolhidas ou debatidas pela Genial Investimentos, que atua como interlocutora na busca por investidores. Isso reforça a percepção de que o processo está sendo conduzido com pouca pluralidade.
Transparência?
A crítica à falta de transparência é legítima. O material divulgado no site do clube é limitado e há um evidente desequilíbrio nos seminários, voltados majoritariamente à defesa da SAF. A presença de faixas como “O Avaí é nosso” e “Fora SAF” no hotel onde ocorreu o evento mostra que parte significativa da torcida está insatisfeita com o encaminhamento da discussão.
Preocupações
Mais do que discutir modelos de gestão, o torcedor e o conselheiro avaiano querem entender como o clube vai sair da crise. Com um déficit projetado de R$ 45 milhões em 2025, e mesmo diante de uma recuperação judicial em curso, a urgência por soluções parece maior do que o debate promovido até aqui. A SAF, em qualquer modelo, não pode ser tratada como panaceia.
Considerar tudo
A Genial Investimentos precisa ser considerada como agente relevante, sim, mas não como dona da verdade. Sua atuação em outros clubes é um ponto a favor, mas repetir modelos sem adaptar ao contexto do Avaí pode ser um erro grave. O debate precisa ser ampliado, os dados atualizados e a transparência, garantida. Mais do que uma decisão sobre SAF, está em jogo a reconstrução de confiança entre clube e comunidade.