Jorge Bastos Moreno, cuiabano, e filho do taxista Juca com a dona de casa Alzira. Um homem do interior, preto, que deixou a sua marca no jornalismo político, colecionando importantes furos de reportagem que mudaram a história do Brasil.
Moreno era conhecido por ter um olhar apurado para os bastidores, um faro aguçado para a notícias, além de uma capacidade fenomenal de conquistar fontes. Com textos leves, bem-humorados e de amplo entendimento, o ‘jeito Moreno de escrever’ aproximava o leitor e estimulava a sua reflexão. E sua fama ultrapassava o cenário político. Os eventos que organizava em casa reunia personalidades de grande influência nas artes, música, televisão e gastronomia.
A trajetória do jornalista Moreno, como é carinhosamente conhecido, será contada em quatro episódios em “O Repórter do Poder”, série documental Original Globoplay que estreia nesta sexta-feira, 10.
Com propósito de desvendar curiosidades e mergulhar na carreira de Moreno, a obra costura momentos da vida pessoal com a política brasileira, desde os tempos da Ditadura Militar até o governo Michel Temer, intercalados com mais de 30 depoimentos.
Entre os entrevistados, grandes nomes dos cenários político e jornalístico, passando também por personalidades da TV, música, além de familiares e amigos. Nomes como Andréa Sadi, Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes, Heraldo Pereira, Mariana Ximenes, Renata Lo Prete, Fafá de Belém, Ali Kamel, entre outros.
O jornalista passou por importantes redações do país, conquistando grande poder e relevância, principalmente no cenário político de Brasília. Quando ainda trabalhava no Jornal de Brasília, chamou atenção por sua entrevista com o general Figueiredo, em 1978, na qual anunciava que o mesmo seria o próximo presidente da Ditadura Militar.
Destaca-se, ainda, sua participação decisiva no afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Foi dele a manchete, publicada no jornal O Globo do dia 23 de julho, que ligava definitivamente o presidente ao esquema de corrupção de Paulo César Farias: ‘Fantasma de PC pagou carro de Collor’.