É um momento bastante estranho para quem gosta de acompanhar as notícias pela TV a cabo. Esquecendo a gentileza, a mediocridade está no ar.
A cobertura dada ao caso das joias domina os espaços como se só houvesse esse assunto. Âncoras e repórteres passam dias imaginando o que os depoentes vão dizer à Polícia Federal, depois ficam imaginando o que eles disseram e, finalmente, acabam por informar que nada de novo foi dito.
Há uma imposição que uma organização criminosa dominava o governo anterior, sem que isso tenha sido até agora dito oficialmente na investigação. A versão e a imaginação estão à frente dos fatos investigados pela polícia, embora se ressalte que os indícios são fortes.
Serão provados ou não mais adiante,mas até lá a mídia vai adotando uma postura condenatória por suposições.
O tema domina horas e horas dos programas como se não houvesse outro tema. Ou abre espaço para a CPI dos Atos Golpistas, que até agora não acrescentou e nem dá sinais de onde vai chegar. Tão inócuo como ouvir o atarantado GDias.
Furo
Apesar de toda a movimentação e do palavrório da GloboNews, quem deu a informação mais quente sobre as jóias até agora foi a colunista Juliana dal Piva, do UOL, que obteve com exclusividade depoimento de Mauro Cid admitindo que elas são bem público.
Crise
E além de tudo, as cabos vivem momentos de crise financeira. A CNN praticamente se desmanchou mais uma vez e está sem dinheiro para pagar royalties à sede de Atlanta.
A Jovem Pan, identificada por linha ideológica, perdeu seus melhores debatedores, demitidos quase que mensalmente, não tem o mesmo público fiel de antes.
A GloboNews é a única que se diferencia pelo time de estrelas, embora as questões tratadas anteriormente de linha de atuação numa só batida.
Em alguns horários, o excesso de âncoras e comentaristas chega a atrapalhar o conteúdo, como acontece de manhã, onde Daniela Lima deixou o ambiente inquieto com Leilane Neubarth e Camila Bomfim, cada uma querendo dar informação mais privilegiada do que as outras.
E aqui?
Já a mídia regional, cuja reportagem foi elogiada em coluna anterior, entrou em passo de tartaruga, tipo um adiante, dois passos para trás. Os temas são amenos – privilegiando quermesses e festinhas temáticas. Não há conteúdo relevante e, quando raramente há, não se comprova o trabalho da equipe de externa. As fontes são ouvidas pela internet, com a clássica frase “acompanhe o que diz….” Não existe ponto e contraponto.
Isso sem falar nas matérias pagas, disfarçadas de conteúdo editorial.
E nas deficiências de repórteres escolhidos por critérios que não a qualidade. Um ou outro nem consegue pronunciar “Florianópolis.”
Transplante
A operação bem sucedida de Fausto Silva dominou boa parte do noticiário da semana passada. O milionário apresentador acabou salvo pelo SUS.
E para retribuir a graça que recebeu, Faustão se transformou num porta-voz pela doação de órgãos, o que aumentou o número de doadores em todo o Brasil.
Uma grande e justa retribuição.
Futebol em baixa
O que explica o mau futebol praticado pelos times da capital?
Está na hora da mídia deixar de lado os aspectos festivos dos clubes centenários e colocar o dedo na ferida.
Do contrário, o futebol local não irá adiante e continuará vivendo das glórias do passado.
Vigilância
As câmeras de vigilância e de trânsito gravam quase tudo. Acidentes, tiroteios, roubos.
Nos últimos dias vimos o grave acidente do ator Kayky Brito, a imagem do maranhense que fugiu da cadeia nos Estados Unidos e inúmeros incidentes com arma de fogo Brasil à fora.
Câmeras são aliadas das autoridades na punição dos infratores.
Na real
Metade do ano, as emissoras de TV fazem o que podem para ajudar suas contas para não terminarem mais um ano no prejuízo. No ano passado, Globo e SBT só ficaram no azul por conta de investimentos financeiros. A Globo acaba de abrir mão da negociação da Copa do Mundo de 2030 para não ter desencaixe no momento. Vai deixar para negociar mais adiante.
A Record depende fundamentalmente da Igreja Universal. No passado, ela recebeu quase 1 milhão de reais pelo espaço de 4 horas que aluga na madrugada para as pregações. Recentemente completou a demissão de 200 profissionais, cortando os maiores salários, em especial na área esportiva.
Não está fácil para ninguém.