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A eleição que Santa Catarina deu a Lula a maior votação proporcional do país

Em tempos de polarização, Santa Catarina é visto como Estado mais Bolsonarista do Brasil, tamanha veneração que muitos moradores daqui têm pelo ex-presidente da República.

Tudo começou com a eleição de 2018, quando o catarinense elegeu o ex-governador Carlos Moisés da Silva, que estava no PSL, mesmo partido comandado pelo “Capitão do Povo”.

Em 2022 essa tendência se intensificou, com a eleição de Jorginho Mello e Jorge Seif, e até este momento Jair Bolsonaro é o principal cabo eleitoral de uma classe política oportunista que, por conta do bolsonarismo, escolheu o PL para a disputa das eleições de 2024.

Mas houve um ano de eleição nacional em que as coisas foram muito diferentes, onde o Lulismo imperou em Santa Catarina e chegou a ter, proporcionalmente, a maior votação do Brasil.

Assim como em 2022, o Lulismo também aguçou o oportunismo em 2002 com a onda de esquerda e fez com que políticos e partidos, que geralmente trafegavam pela direita, migrassem para uma aliança com o PT sem qualquer constrangimento de rasgarem a cartilha ideológica do passado.

O próprio governador Jorginho Mello (PL) e o senador Esperidião Amin (PP) já subiram em palanques de Dilma e Lula em outras eleições.

Mas voltando para 2002, Lula recebeu no primeiro turno daquela eleição em Santa Catarina 56,6% dos votos válidos dos catarinenses, sendo a maior vitória proporcional petista em todo o país.

No segundo turno, Lula confirmou a sua primeira vitória na disputa pela Presidência da República recebendo no nosso Estado 64,1%, sendo a segunda maior votação proporcional do Brasil daquele momento.

Mas segundo o cientista político Jean Castro, professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para a BBC Brasil em 2022, “mesmo com a vitória expressiva de Lula em 2002, não é possível dizer que o eleitorado de Santa Catarina era de esquerda”.

Ele continuou dizendo que “é possível que o eleitorado catarinense em 2002 já fosse, de forma majoritária, culturalmente conservador e favorável ao discurso liberal ancorado no valor do trabalho e do mérito pessoal”.

“Mesmo assim votaram no Lula em 2002 porque queriam mudança, pois o segundo governo FHC terminou com uma situação econômica difícil”. De acordo com Castro, o chamado voto econômico pesou mais naquele pleito, já que não havia uma polarização ideológica tão clara entre o então presidente FHC, que apoiou José Serra (PSDB), e o candidato Lula.

“Naquele contexto, com baixa polarização, a maioria do eleitorado não votou motivado por coerência ideológica, e o eleitorado catarinense deu seu voto de confiança para Lula”, finalizou o professor da UFSC.

Depois desse voto de confiança, o PT em Santa Catarina só voltou a ter um bom desempenho em 2022, quando Décio Lima foi para o segundo turno com o governador Jorginho Mello, hoje no PL.

 

 

 

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