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O aniversariante Chico Buarque no cinema e as novidades da semana

Nara Leão, Chico Buarque e Maria Bethania em "Quando o carnaval chegar" (Foto: Divulgação)

Sempre advoguei a tese que o Brasil é ainda melhor de música do que de futebol.  O país gerou compositores extraordinários, mas com perdão de Tom, Milton, Caetano, Edu, Marina, Dolores, Fátima, Sueli, Gonzaguinha, Belchior, Vinicius, Noel, Pixinguinha, Paulinho, Baleiro, Ivan, Francis, Gil e tantos outros nomes incríveis, tenho o meu favorito. Ele fez 80 anos na última quarta-feira, 19, e se chama Francisco Buarque de Holanda, ou apenas Chico para os íntimos, que todos somos dele por ter feito a trilha sonora da nossa vida.

“Ô, colunista, tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas esta não é uma coluna de cinema ? Vai falar de música agora” ? Calma, leitores, Chico também marcou presença no cinema, com trilhas sonoras, filmes baseados em suas músicas, peças de teatro ou livros. Sem falar que o moço dos olhos verdes já trabalhou também como ator.

Alguém duvida ? Leia aqui.

Ah, feliz aniversário Chico, muitos anos de vida e que venham ainda muitas canções para nos embevecer! Obrigada por tudo.

 

Chico ator

Separei apenas os filmes em que ele é um personagem e não ele mesmo.

1972 – Quando o carnaval chegar – Paulo ( veja o vídeo)

1991 – Vai trabalhar, vagabundo II – Julinho da Adelaide

1995 – O Mandarim – Noel Rosa

1997 – Ed Mort – Silva disfarçado

 

Chico na trilha

A série “ Na trilha do som”, do canal Curta!, escolheu Chico para a estreia no dia 19, aproveitando o aniversário do compositor. Na entrevista, ele conta que  tinha 22 anos quando fez a primeira colaboração para o cinema e compôs sua única música instrumental para um filme, no caso  “O anjo assassino”, de Dionísio Azevedo.

Para  vários outros filmes, Chico fez canções, entre eles, “Joana Francesa” ( Cacá Diegues/1973), “O que será” ( “Dona Flor e seus dois maridos”, de 1976/Bruno Barreto) e “Bye bye Brasil” (parceria com Roberto Menescal, de 1979/ Cacá Diegues).

Compôs também para “Quando o carnaval chegar” (1972/Cacá Diegues), “Vai trabalhar, vagabundo!” (1973/Hugo Carvana), “Os saltimbancos trapalhões” (1981/J.B.Tanko), “Para viver um grande amor” (1983/Miguel Faria Junior), “Ópera do malandro” (1985/Ruy Guerra), entre muitos outros.

Chico tem alma de cinéfilo e conta no documentário que suas primeiras experiências no cinema foram com “Sansão e Dalila” (1949), operetas italianas e musicais de Hollywood.

 

Chico autor de livros que viraram filmes

A literatura de Chico Buarque não é de fácil adaptação para o cinema, principalmente pela fragmentação da narrativa. Mas, alguns diretores se arriscaram e foram, no geral, bem sucedidos.

 

Estorvo – direção: Ruy Guerra – 2000

Os críticos parecem gostar mais do filme que o público porque Ruy Guerra, conhecido por sua ‘radicalidade estética’, não facilitou a compreensão da distopia brasileira urbana criada por Chico no romance. A trama: um personagem sem nome acorda com a campainha de seu apartamento. Não fica claro se ele conhece o homem que enxerga pelo olho mágico, mas ele inicia uma fuga desesperada. Encontra com a ex-mulher, com a irmã por quem nutre sentimentos incestuosos, e com outros tipos bizarros. O diretor disse em entrevistas que fez um filme para fazer o espectador pensar e não para o publico de fim de semana. No Festival de Cinema de Gramado ‘Estorvo’ levou prêmios de trilha sonora e fotografia. Disponível no Canal Looke.

 

 

Benjamin – direção: Monique Gardenberg  – 2004

Já a diretora Monique Gardenberg foi por um caminho mais linear ao contar uma história de amor interrompida pela ditadura militar, que atravessa vários tempos. O protagonista é o ótimo Paulo José. Disponível na Globoplay e Canal Looke.

 

 

Budapeste – direção: Walter Carvalho – 2009

Meu livro favorito do Chico é “Budapeste” e confesso que fiquei preocupada quando li que seria levado às telas, prevendo as dificuldades de adaptação. Mas, acabou se tornando também a versão cinematográfica de um romance do Chico que mais gosto. A trama segue o ghost-writer José Costa , que desce em Budapeste por acaso ao voltar de um congresso, e acaba dividido entre Brasil e Hungria, entre dois idiomas (o português e o húngaro) e entre a esposa brasileira e a misteriosa Kriszta , que ele conhece em Budapeste. O protagonista é Leonardo Medeiros, perfeita escolha para o papel. Disponível no Telecine.

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LANÇAMENTOS DA SEMANA

Ferrari – direção: Michael Man – 2024 – Prime Vídeo e outros

Esta é a melhor estreia da semana em streaming, uma jóia rara em uma semana bem fraca de lançamentos. Não é exatamente uma cinebiografia, mas um recorte da história do poderoso empresário e construtor italiano, Enzo Ferrari. Apesar da polêmica sobre não terem escolhido um ator italiano para o papel, Adam Driver manda bem no papel de Enzo, ao lado de Penélope Cruz como Laura Ferrari, sua esposa. Ambientado em 1957, o filme retrata um conflito interno de Enzo Ferrari depois da morte de seu então único filho legítimo, além dos acidentes fatais com pilotos em seus carros, em um dos momentos fundamentais do mito Ferrari.

 

Madame Teia – direção: S.J.Clarkson  – 2024 – MAX

Recém saído do cinema, o filme não foi lá muito bem recebido. Mas, numa semana fraca, vale dar uma conferida nesse longa da Marvel. A trama: Dakota Johnson é Cassandra Webb, uma paramédica de Manhattan, com habilidades de clarividência. Forçada a confrontar revelações sobre seu passado, ela forja uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos.

 

Destaques em cartaz nas salas de exibição

Quarta-feira, 19, comemorou-se também o Dia do Cinema Brasileiro. Meus destaques são dois filmes nacionais que estrearam esta semana.

 

13 sentimentos – Direção : Daniel Ribeiro – 2024       

Sinopse: Como o final feliz de um filme perfeito – é assim que o cineasta João descreve o fim de seu relacionamento de 10 anos com Hugo. Apesar da separação, eles permaneceram melhores amigos. No entanto, voltar ao universo dos encontros românticos traz um turbilhão de emoções, mostrando que a vida real não pode ser controlada como um roteiro de filme.

 

A filha do palhaço – Direção: Pedro Diógenes – 2022

Sinopse: Joana, uma adolescente de 14 anos, aparece para passar uma semana com o pai, Renato, um humorista que apresenta seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza, interpretando a personagem Silvanelly. Apesar de mal se conhecerem, pai e filha terão que conviver, passando por novas experiências, que transformarão suas vidas profundamente. Com Lis Sutter, Demick Lopes, Jupyra Carvalho, Ana Luiza Rios e participação especial de Jesuíta Barbosa.

Onde ver: Os dois filmes estão em cartaz no Cine Paradigma- SC-401-Florianópolis

 

Cinema nosso no FALA São Chico!

Nesta semana, o norte de Santa Catarina está respirando cinema latino! O Festival Audiovisual Latino-Americano de São Francisco do Sul – FALA São Chico, irmão do nosso FAM de todos, está em sua terceira edição, repleto de atividades culturais, formativas, e exibindo 16 curtas documentais, cinco deles catarinenses! O FALA começou quarta-feira (19) e vai até sábado (22).

Competindo na mostra de curtas: de Joinville, Falando em Cifras, dirigido por Maria Clara Dinali; Grupo Escola Felipe Schmidt: um Lugar de Memórias de São Francisco do Sul, de Alcides Goularti Filho; e, filmado em Brusque e Nova Trento, Quando Cresce a Bela Polenta, de Joana Victorino Deschamps. E na noite de encerramento, uma exibição muito especial com os filmes convidados, O Primeiro Telefone da Cidade, de Marina Simioli, e  Trilhos Históricos: São Francisco a Mafra, dirigido por Antonio Celso dos Santos. Esta é a primeira grande homenagem a Celso, idealizador dos festivais FAM, FALA, Curta Jacarehy e tantos outros projetos da Panvision. Ele faleceu em novembro do ano passado, deixando um grande legado no cinema e audiovisual catarinense. Programação imperdível!

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L´Adieu  a Anouk Aimée

As novas gerações talvez não lembrem dela, mas quem foi jovem nos anos 60, 70 e viu o clássico “Um homem, um mulher”, de Claude Lelouch, não esquece o par amoroso que Anouk Aimée fez com Jean-Louis Trintignant. O ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1967.  Anouk recebeu o Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por esse papel.  A história do casal que se ama ardentemente, mas acaba se separando, ganhou duas continuações: uma, 20 anos depois e outra 50 anos após o original.

Anouk Aimée, cujo nome real era Françoise Dreyfus, nasceu em 27 de abril de 1932, em Paris. Considerada um dos grandes símbolos do cinema francês do século XX, ela trabalhou também sob direção de Federico Fellini no clássico ‘ A doce vida” ( disponível no Globoplay). Fez também “ Lola”, disponível na MUBI.

Anouk faleceu junto à família, em sua casa de Paris, como informou sua filha Manuela Papatakis.

C´est fini!

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 Adeus a Donald Sutherland

A coluna já estava pronta e entregue para edição, quando veio a notícia da morte do ator Donald Sutherland, em Miami, aos 88 anos, após uma longa doença, segundo o comunicado oficial. Eu não poderia deixar de escrever , ao menos, algumas linhas sobre ele. Mais recentemente, Sutherland era lembrado  por “ Jogos Vorazes”, mas fez carrega vários filmes importantes no currículo, como “ Inverno de sangue em Veneza”, “ 1900”, “Klute-O passado condena”, “M.A.S.H.” ,“ Invasores de Corpos”, “ Gente como a gente” e “Cowboys do Espaço”. Pessoalmente, gosto muito de “ Klute” que ele fez com Jane Fonda e o tristemente engraçado, “M.A.S.H.”.

Sutherland atuou bastante em séries também como “ Undoing”, com Nicole Kidman, “ Trust”, no papel do milionário J. Paul Getty  e o faroeste “Homens da Lei”.

Seu filho, o também ator Kiefer Sutherland, falou sobre a morte do pai no X (ex-Twitter). “Com pesar, conto a vocês que meu pai, Donald Sutherland, faleceu.  Pessoalmente, o considero um dos atores mais importantes da história do cinema. Nunca se intimidou com um papel, fosse bom, ruim ou feio. Ele amava o que fazia e fazia o que amava, e ninguém pode querer mais do que isso. Uma vida bem vivida”, escreveu Kiefer.

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THE END

 

*Fotos: Divulgação/Reprodução

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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