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IA e IH: as 5 habilidades para desenvolvermos nossa inteligência

Foto; Reprodução/Freepik

Por Taise Kodama*

Pensar sobre as IAs é também pensar sobre as IHs (inteligências humanas). Pensar nosso papel ativo como criadores e entender que essa evolução tecnológica tem um impacto bombástico para além das funções e das atividades corporativas. Também nos convida a repensar, inclusive, nossa ideia de trabalho, de profissão e do próprio valor e essência do que nos torna seres inteligentes, humanos e de como nossas sociedades, culturas e economias estão estruturadas.

Essa discussão tem se popularizado, já que as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) deixam de ser restritas a profissões tecnológicas e inundam nosso dia a dia nos algoritmos de redes sociais, no reconhecimento facial do app do banco, nos chatbots e com o boom de ferramentas como o DALL-E e ChatGPT.

As IAs não estão imaginando sozinhas (ainda não?). Assim como um assistente (humano), precisam ser bem orientadas e alimentadas, com o direcionamento certo para realizar tarefas. Para desenvolver esse potencial cabe a quem delega e demanda ser cuidadoso e, claro, saber o que deseja.

Boa parte dos problemas no trabalho vem de um direcionamento que já começa confuso ou equivocado, e todos sabemos que um micro erro de demanda vira um desvio grande na entrega final. Isso nos pede ainda mais responsabilidade no início, durante e na revisão de todo processo.

Nessa lógica de podermos usar as IAs como assistentes, que nos economizam tempo e colaboram em atividades associativas, de organização e de visualização – assim eu espero -, ao invés de matar a criatividade, pode ser uma ferramenta de estímulo, de desenvolvimento e de atenção muito maior ao O QUÊ precisa ser executado e não o COMO fazer.

A partir dessas considerações, colocando a dimensão humana como o alimento deste processo, quais habilidades de IH se tornam cada vez mais necessárias e urgentes?

  1. Clareza na expressão do desafio

Parece simples, mas este é o legítimo caso de que a simplicidade é a complexidade resolvida. Discernir as dores e as necessidades, planejando as etapas de execução de um projeto ou tarefa, é tão importante quanto saber o que se quer. É preciso saber como pedir, ter atenção à expressão e à formulação do pedido (prompt) antes de sair delegando.

2. Entender e classificar seu repertório

Estar atento, pois tudo o que experienciamos é repertório. E mais do que abarrotar gavetas mentais ou sofrer na hora de nomear as pastas dos “salvos”, é ter uma boa ideia de taxonomia, ou seja, juntar as referências em categorias que possam ser buscadas futuramente com mais facilidade. As IAs podem nos auxiliar nesta fast fashion de repertório, mas não se engane: ter repertório, saber quem são os especialistas no que você sabe menos, vai ajudar a fazer aquele check-in correto e não passar adiante informações equivocadas.

3. Capacidade analítica

É a habilidade de, no tsunami de informações e dados em que estamos submersos, conseguir identificar, classificar e utilizar o que é, de fato, relevante para nossa tomada de decisão. Seja para identificar o ponto fora da curva que nos leva a novas ideias, a territórios diferenciados (o delírio dos criativos), ou para nos apontar caminhos seguros comprovados – casos que possuem um padrão de eficiência e sucesso que podem nos trazer grandes aprendizados.

4. Estar aberto a aprender de forma constante

A ideia de estar sempre aprendendo é música aos ouvidos dos naturalmente curiosos e inquietos, mas pode ser também extremamente angustiante quando parece que tudo o que aprendemos – e “apreendemos” de forma sistemática – vem sofrendo imensas transformações. Talvez o melhor caminho seja, justamente, nos desapegarmos da ideia de que esse aprendizado tenha alguma conclusão de fato. Olhar para o ato de aprender como forma constante de viver tira o peso do estar formado, e desloca o foco lá do fim para nos concentrarmos na beleza do processo, da descoberta que o aprendizado diário nos leva. É o aprendizado como uma prática e não como uma meta.

5. Conduta ética e transparente

Para que as novas tecnologias – e as velhas também, como as relações humanas – sejam usadas de maneira responsável e transparente, as IAs chegam com um poder gigante de facilitar o trabalho do ser humano. E a forma como produzimos e consumimos conteúdo, produtos, serviços e informações. A era da pós-verdade não começou agora, mas tem seu ápice agudo na velocidade da geração de conteúdo em que vivemos, na qual ter uma foto, um áudio ou um vídeo já não garantem a veracidade de um fato. Ou pior, já nem verificamos ou nos importamos mais se é ou não verdade, desde que seja trend. Tenso. Pois é. Imagina, então, esse tema na produção do meio acadêmico, no jornalismo, na política, na saúde, no seu grupo da família no “zapzap”.

É fundamental refletirmos sobre os caminhos que o desenvolvimento e os usos da IA podem nos levar. Retomar a discussão sobre ética e transparência além dos ambientes corporativos e científicos pode ser encarado como um efeito colateral positivo para quem acredita que podemos evoluir também nos nossos desafios como humanos, encontrando razão, utilidade e significado para nossa inteligência.

Mais do que nos preocuparmos somente em acompanhar as inteligências artificiais, o grande tema é desenvolver nossas inteligências humanas. Afinal, tudo que desejamos é construir experiências consistentes, verdadeiras que reforcem e criem valor para marcas, negócios e, principalmente, para as pessoas e a sociedade.

*Taise Kodama é Partner e Head de Design & Digital no Gad, consultoria de marca e experiência.

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