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Imaginário feminino no cotidiano doméstico é tema de exposição em Florianópolis

Adriane Hernandez (Foto: Luís Castilhos)

A artista gaúcha Adriane Hernandez, que foi selecionada no Edital 2023 da Fundação Cultural BADESC, abre na quinta-feira, 22, a exposição “Domesticar”, em Florianópolis. O evento, com entrada gratuita, começa a partir das 19h.

Inédita, a mostra apresenta 10 pinturas sobre telas e papéis e objetos produzidos entre os anos de 2021 e 2023. No entanto, há mais de duas décadas a artista desenvolve trabalhos no qual utiliza sistematicamente a mesma padronagem como elemento de um jogo poético que faz alusão ao cotidiano doméstico familiar, no qual, segundo Adriane, a responsabilidade continua a ser majoritariamente de mulheres.

“A exposição discute o imaginário feminino no cotidiano doméstico através de pinturas que trazem o padrão de uma toalha de mesa xadrez azul e branco. Trago uma toalha de mesa como objeto sensível, poético e estético, que busca representar infância e idade adulta, aquele espaço da casa, que nós mulheres vivenciamos em nossa infância e que habita nossa imaginação com nostalgia”, compartilha a artista.

Nos trabalhos de Adriane, a toalha adquire inúmeras facetas numa espécie de jogo de imaginação dessa ‘mulher-casa’, que atua nesse lugar formador de memórias. E paradoxalmente, essa invisibilidade que desconsidera o trabalho doméstico, inferiorizando-o, implica também em uma liberdade da condição criativa relacionada ao espaço poético da casa.

“Plantar, cultivar, cuidar, bordar, pintar, festejar, cozinhar, tecer, até mesmo a simplicidade do gesto de estender uma toalha na mesa, são, ao mesmo tempo, atividades cotidianas, inventivas e integradoras, que frutificam no imaginário fazendo eco nas memórias das infâncias”, ressalta.

“Domesticar” tem curadoria da própria artista e o texto de apresentação é assinado pela artista e professora Letícia Cardoso.

 

Toalha de mesa xadrez azul e branco

Adriane, que apresenta a segunda exposição individual da carreira na Fundação Cultural BADESC, a primeira foi “Onde existe azul…” em 2011, explica que o artesanal ligado ao doméstico e relacionado às mulheres é visto por classes dominantes como sendo de gosto duvidoso e isso se estende a certas estampas populares utilizadas em ambientes domésticos.

“Trazer a toalha de mesa para um contexto expositivo é também abordar a casa, e o gosto popular, fora dela, atribuindo uma função política e feminista ao domesticar. Uma imaginação poética associada à casa, através de jogos de repetição com a pintura em camadas e o com objetos revestidos com o xadrez, apresentando movimento e tempo transcorrido em trabalhos estáticos”, enfatiza a artista.

A Fundação Cultural BADESC fica na Rua Visconde de Ouro Preto, 216, bem no Centro de Florianópolis. A exposição “Domesticar” poderá ser visitada até 10 de outubro, de segunda a sexta, das 13h às 19h. A entrada é gratuita.

“Gosto muito do espaço e da localização da Fundação, tanto que resolvi participar do edital com o intuito de expor novamente. A dimensão das salas é ótima para um trabalho mais instalativo. E pelas redes sociais da instituição consigo ver a diversidade de propostas culturais apresentadas e as ações educativas que estimulam a prática de visitar instituições culturais e criar relações com projetos artísticos para atividades de ensino”, completa Adriane.

 

Sobre a artista

Adriane Hernandez é natural de Porto Alegre/RS, artista plástica e professora do Instituto de Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde 2013 e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (UFRGS), representada pela Ocre Galeria, em Porto Alegre. Possui graduação em Artes Plásticas, habilitação em Pintura, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1994), mestrado e doutorado em Poéticas Visuais. Como artista e pesquisadora, a sua área de interesse é no campo da pintura, da fotografia, do objeto, da metodologia de pesquisa em poéticas visuais, mais especificamente, e da arte contemporânea, em geral. Coordena atualmente a pesquisa: Sobre a mesa: possibilidades operativas e outros jogos com o plano pictórico e o Programa de Extensão Incubadora de Projetos Artísticos.

Desde sua pesquisa “Do pão a toalha de mesa: uma abordagem poética por prolongamentos”, defendida em 2007, a artista vem desenvolvendo trabalhos em que o padrão de uma toalha de mesa xadrez, azul e branco, está sempre presente, em fotografias, objetos e pinturas, fazendo alusão a uma memória de infância ligada ao ambiente doméstico.

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