Eliane Cantanhêde tem 71 anos e uma longa carreira nos principais jornais brasileiros, entre eles o Estadão, para quem escreve atualmente. Também participa todas as noites do programa Em Pauta, da GloboNews.
Foi ali, usando o poder do áudio e vídeo, que Eliane fez uma grande bobagem semana passada, ao comentar o sofrimento do povo gaúcho e se usar como espelho. Ela disse: “Você se põe na posição dessas pessoas que perderam tudo. Roubaram as minhas joias no Natal de 2023, foi doloridíssimo”.
Virou meme instantaneamente, inclusive com esta montagem muito engraçada da revista Piauí. Diz a legenda: “Mauro Cid muda versão sobre joias. Eram presente para Eliane Cantanhêde”.
A jornalista, que fala e escreve muitas horas por dia, cometeu um erro que de vez em quando assombra quem está no vídeo: a confusão do pessoal com profissional. Quem está em casa se interessa pelo que o profissional tem a dizer sobre os fatos, e não sua visão pessoal.
Os assuntos privados dos comunicadores devem ser tratados em blogs exclusivos para isso. Ali, sim, o leitor vai dizer se interessa o que o eles têm a dizer sobre sua casa ou uma viagem. O resultado pode ser decepcionante para quem se acha personalidade.
Exemplo
Se esse vacilo acontece com uma profissional experiente, formada em Jornalismo pela UnB, que em algum momento teve aula sobre Ética, imaginem o que acontece com os milhares de “repórteres” postando em uma infindável lista de blogs Brasil afora.
Há muitas postagens equivocadas e muitos pedidos de desculpas depois de constatados os vacilos e o patrulhamento nas mídias sociais. Ocorreu com a atriz Juliana Didone, após ter publicado um vídeo tomando banho e comentando as cheias no Sul em forma de poesia. “No Rio Grande do Sul o povo todo chora e não é porque Madonna foi embora.”, disse ela.
Ou com a “influenciadora” mineira Michele Abreu que relacionou as enchentes do Sul como “ira de Deus” pelo grande número de “terreiros de macumba que existem lá”.
Essa sumiu das redes sociais e está sendo objeto de inquérito do Ministério Público.
Não são casos isolados e não há qualquer perspectiva que esse tipo de situação não volte a ocorrer. As redes sociais são totalmente abertas, inclusive aos idiotas.
Princípios
Ainda não revogaram os princípios do bom repórter de Tv. As condições mínimas continuam sendo:
– voz inteligível e sem vacilos
– postura e vestimenta adequada
– bom texto
SBT
O site “Notícias da TV” fez um levantamento exclusivo sobre a audiência do SBT nacional, depois das mexidas na programação de 11 de março, promovidas pela filha de Sílvio Santos, Daniela Beyrute. O canal perdeu parte do seu público fiel para a Record, tanto em São Paulo como no resto do País.
Segundo os cálculos, o público do SBT fica apenas 2h01min no ar, seis minutos a menos que o levantamento anterior. Já a Globo aumentou seu público e em abril reteve o telespectador por 3h56min.
Atlântida
A emissora jovem criada pela RBS e em SC gerida pela NSC está em uma campanha forte na TV para atentar alavancar sua audiência. Ela perde sistematicamente para a Jovem Pan.
Apesar dos comunicadores baseados nas sedes catarinenses, aqui em Floripa a emissora continua sem falar a linguagem do jovem local e a colocar sons mais ligados ao público gaúcho, como o reggae.
Olho no lance!
Entre todas as perdas da semana passada, se destacou a de Sílvio Luiz, aos 89 anos, hospitalizado depois de passar mal narrando futebol para o YouTube.
Sílvio durante muitos anos manteve-se fiel ao seu estilo que não teve comparação entre seus colegas. A homenagem da coluna vai nesse vídeo de 27 anos atrás, em que ele narrou o gol do Grêmio no tricampeonato brasileiro da Copa do Brasil.
Semana que vem, completa 27 anos que Silvio Luiz narrou o Tricampeonato invicto do nosso @Gremio no Maracanã.
Monstro da narração, fique em paz 🙏 pic.twitter.com/tLzlBwgKw2
— Rafael 🇪🇪 (@Medellin95_) May 16, 2024
Tragédia
Vai levar um longo tempo para o Rio Grande do Sul se recuperar da tragédia. Mas, com a ajuda imensa que está recebendo, será menos doloroso.
As coisas mostram sinal de melhora, como mostra esta foto do jornalista Nilson Souza: as estátuas de Carlos Drummond e Mário Quintana já podem ser novamente apreciadas, mesmo rodeadas de barro.
Sobre isso, Nilson – cronista de Zero Hora – escreveu um texto especial que pode ser lido no tópico “Artigos” em nossa home.
