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A política também é para empresários?

A política também é para empresários?
Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

O depoimento de Luciano Hang, empresário catarinense, na CPI da Covid-19 traz à tona o tema que é o calcanhar de Aquiles para o setor empresarial: os empresários devem participar da política ou não?

 

Toda pessoa bem intencionada e ética deveria participar ativamente da política, principalmente os empresários, pois sabem da importância da geração de emprego e renda para a economia e para os seus próprios negócios. Sabem que quanto mais eficiente for a prestação de serviços pelo Governo, mais a economia flui.  No entanto, essa participação está desvirtuada pelo “vale tudo para chegar e para permanecer no poder”. Parece torcida de futebol, mas o torcedor de futebol se comporta de forma mais lúcida, porque não critica apenas o juiz, mas também ergue a voz contra o técnico ou os dirigentes dos clubes.

 

No caso do apoio ao atual Governo, o Empresário Hang partiu para a ação ativa, financiando inclusive a defesa do que “eles julgavam ser o melhor caminho”. Ele acredita que está acima do bem e do mal, inclusive para receitar medicamentos sem eficácia comprovada para a Covid-19 pelas redes sociais, iludindo os seus seguidores e funcionários com um falso kit para aumentar a imunidade contra a doença.

 

Contra esse tipo de despautério está tramitando no Congresso o Projeto de Lei –  PL 1.912/2021 que estabelece pena de seis meses a dois anos de detenção e multa para quem prescrever, ministrar ou aplicar produto para fins terapêuticos ou medicinais sem evidências concretas de sua eficácia no tratamento da doença apresentada pelo paciente. O PL é de autoria do senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da Pandemia.

 

O Governo Federal atrelou a política de combate a pandemia ao Ministério da Economia levando o país ao caos na saúde e na própria economia: 14,8 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, real desvalorizado, preço dos combustíveis em alta, inflação disparando. Hang entrou nesse jogo político para ganhar, mas até agora é difícil de dizer exatamente qual o prêmio que aguarda, pois se deixou levar pela onda de propagação de notícias falsas que aprofundou a crise provocada pela pandemia e está levando com ele a credibilidade da linha de frente, formada pelos senadores negacionistas que o defenderam diante da CPI da Covid-19.

 

Manter a narrativa baseada em informações falsas tende a tirar a credibilidade a médio prazo dos envolvidos, já que no curto prazo cada um vê aquilo que quer ver e não exatamente o que está acontecendo. Isso definitivamente não é política, mas um jogo sujo que qualquer cidadão deveria se opor, pois colocaram descaradamente as convicções pessoais acima da ciência, os cifrões acima das vidas e da pandemia e o Ministério da Economia acima do Ministério da Saúde. Essa sobreposição de interesses está gerando uma crise ética sem precedentes no país, mas muito transparente porque é possível identificar todos os interlocutores e a partir disso só cai no conto do vigário quem acreditar em fake news ou também estiver mal intencionado.

 

A Agência Lupa, especializada em checagem de informações, analisou o depoimento do de Luciano Hang na CPI e mostra o que é falso e o que é verdadeiro. Veja no link a seguir: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/09/na-cpi-luciano-hang-cita-informacoes-falsas-sobre-doacao-de-vacinas-bndes-e-atestado-de-obito-da-mae.shtml

 

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