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Ataques contra mulheres jornalistas crescem 250% em setembro

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Setembro estabeleceu um novo recorde para ataques a mulheres jornalistas em 2022: foram registrados 28 alertas ao longo do mês, quase um por dia. O número representa um terço do total de casos contra comunicadoras registrados em todo o ano e um aumento de 47,7% em comparação com setembro de 2021.

Os dados resultam dos monitoramentos de ataques gerais e de violência de gênero contra jornalistas, ambos realizados pela Abraji. Segundo a entidade, a maioria dos ataques está relacionada à turbulência no cenário político brasileiro, que se acentuou durante o período eleitoral.

O levantamento aponta que entre agosto e setembro, a violência contra as profissionais de imprensa cresceu 250%. Não à toa, 64,3% dos casos estavam diretamente conectados à cobertura eleitoral e 50% das agressões tiveram a participação de agentes políticos e estatais.

Em setembro, por exemplo, Jair Bolsonaro (PL) teve um comportamento machista com Amanda Klein durante sabatina no Jornal da Manhã, da Jovem Pan. O presidente, que concorre à reeleição, mencionou a vida pessoal da jornalista ao ser questionado sobre os imóveis adquiridos por seus familiares com dinheiro vivo. Depois do episódio, Klein passou a sofrer ataques de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.

A violência verbal foi um recurso bastante utilizado para desmoralizar e descredibilizar comunicadoras ao longo do mês. Em 67,9% dos episódios identificados em setembro, as vítimas sofreram com discursos estigmatizantes e 64,3% do total de casos teve origem ou repercussão no ambiente on-line.

As agressões, no entanto, não se restringiram ao espaço virtual. 21,4% dos alertas que vitimaram mulheres em setembro de 2022 foram classificados como casos de ameaça, intimidação e/ou violência física.

Um exemplo que se encaixa nessa categoria envolve a repórter Lais Alegretti, da BBC Brasil, que foi uma das profissionais hostilizadas ao cobrir a visita do presidente Jair Bolsonaro a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II.

Em seus monitoramentos, a Abraji também registra a violência de gênero sofrida pelas jornalistas e por profissionais da imprensa de modo geral – considerando situações de transfobia, homofobia e comentários ou comportamentos explicitamente machistas. Dos casos que vitimaram mulheres em setembro, 39,3% foram classificados dessa forma.

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