Quem o vê nas recentes entrevistas, com seu ar blasé e seus olhos azuis faiscantes, pode não saber que o irlandês Cillian Murphy iniciou na vida artista como músico e passou muitos anos fazendo apenas o antagonista em filmes importantes. Deixando a imagem de coadjuvante de luxo, Cillian chega aos 47 anos como um dos mais prestigiados atores da atualidade. Duas coisas contribuíram para isso: sua interpretação como Thomas Shelby na série britânica de grande sucesso, “Peaky Blinders” ( BBC-Netflix – 06 temporadas), e ter se tornado o intérprete favorito de Christopher Nolan, um diretor e roteirista britânico de respeito em Hollywood.
Com base no teatro, Murphy conseguiu emprestar ao líder da terrível família Shelby nuances que nos causam repulsa, compaixão e fascínio pelo personagem que sai da miséria absoluta e ascende socialmente, arrastando atrás de si mortes e desgraça.
Depois de atuar sob direção de Nolan em “ Batman Begins” (2005), “Batman, o Cavaleiro das Trevas”(2008) e “Batman, o cavaleiro das trevas ressurge” (2012), como o Espantalho, além de “A Origem”( 2010), ao lado de Leonardo Di Caprio; e no drama de guerra indicado ao Oscar, “Dunkirk” (2017), chegou a hora do grande papel da vida Cillian. Foi pelas mãos do mesmo Christopher Nolan que o ator irlandês viveu nas telas, em 2023, o cientista J.Robert Oppenheimer, conhecido como “pai da bomba atômica”.
O diretor contou que assim que “ Oppenheimer” começou a tomar forma, ligou imediatamente para Murphy, oferecendo-lhe o papel de protagonista. Segundo Nolan “ vinte anos atrás, quando comecei a trabalhar com Cillian, já ficou aparente para mim que ele era um dos grandes atores… da sua geração ou de qualquer outra”.
Desde o lançamento do filme, Cillian venceu todos os prêmios de Melhor Ator do ano , exceto o Critics’ Choice Award, conquistado por Paul Giamatti por “Os rejeitados”.
Cillian “ Oppenheimer” Murphy vai repetir o sucesso na noite do Oscar no próximo dia 10 de março? Eu apostaria todas minhas fichas que sim.
A série que catapultou a carreira de Cillian
Quando aceitou o papel de Thomas Shelby, o irmão que lidera uma conhecida família de gangsters nos idos de 1919, Cillian Murphy pensava que o personagem morreria na primeira temporada. Grande engano, a série da BBC Two durou seis temporadas com Thommy à frente da quadrilha composta por seus irmãos, tia e agregados. Chamados de “Peaky Blinders”, provavelmente em referência à lâmina que eles escondiam nos bonés com as quais cegavam seus inimigos, os Shelby da ficção são baseado nos Mooney, uma gangue real que ocupou a cidade em 1890. O líder era Kevin Mooney que usava o pseudônimo Thomas Gilbert, para despistar a polícia. Ele é a inspiração para o personagem que deu a Cillian Murphy imensa visibilidade.
Sou muito fã de “Peaky Blinders” e, se você ainda não viu, sugiro que não desista nos primeiros episódios. A série custa um pouquinho a engrenar, mas depois é difícil largar. Há cenas de violência, claro, mas nunca gratuitas. Faz sentido pelo tema e no desenrolar da trama. A reprodução de época e o figurino são espetaculares. Cillian Murphy está cercado de um elenco fantástico, como Paul Anderson, que interpreta Arthur, o irmão Shelby mais velho e violento. Na vida real, Paul se envolveu em recente caso de polícia por posse de drogas, mas isso já é outra história. Outro destaque foi Helen McCrory, falecida em 2021, que brilhou como a Tia Polly.
As seis temporadas estão disponíveis na Netflix. ( Veja o trailer – 6)
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Clássicos
Os 25 anos do meu Almodóvar favorito
Na recente entrega do Goya, o mais importante prêmio do cinema espanhol, Pedro Almodóvar subiu ao palco com as atrizes de “Tudo sobre minha mãe”, Cecília Roth, Antonia San Juan, Marisa Paredes e Penélope Cruz. O elenco comemorava os 25 anos desse que é um dos trabalhos mais importantes do diretor espanhol. Desculpem o clichê, mas parece que foi ontem que assisti “ Todo sobre mi madre” e saí do cinema impactada pela película e apaixonada por Pedro Almodóvar para sempre. Quando se gosta muito de algum cineasta, músico ou escritor, é bem difícil escolher uma única obra. Mas, no caso de Almodóvar, me arrisco a admitir que esse é o meu filme favorito dele, entre outros dos quais gosto muitíssimo: Dolor y Gloria, Volver, Fale com ela… Não por acaso, é o cartaz de “ Tudo sobre minha mãe” que me olha aqui da parede, enquanto escrevo esse texto!
A argentina Cecilia Roth me fez chorar rios no papel da mãe que perde o filho adolescente, Esteban, atropelado quando saía de uma apresentação de “Um bonde chamado desejo”. A partir daí, ela sai em busca do pai do garoto, um travesti de quem ele desconhecia a existência.
O título “Todo sobre mi madre” é uma referência a “ All about Eve” ( Tudo sobre Eve ; “A Malvada”, no Brasil), do qual Esteban é grande fã. Ao final do filme, Almodóvar agradece a Bette Davis, intérprete do clássico de 1950, a Gena Rowlands, Romy Schneider e a todas atrizes que interpretaram mães no cinema, terminando por dedicar a sua própria mãe que morreria logos após o fim das filmagens.
“Tudo sobre minha mãe” venceu a categoria de melhor filme em língua estrangeira no Oscar de 2000.
O filme de Pedro Almodóvar está disponível no Prime Vídeo e no Telecine/Now.
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DESTAQUES NAS PLATAFORMAS
Filmes
American Fiction – direção: Cord Jefferson – 2023 – Prime Vídeo
Chegou ao Prime, sem alarde, mais um concorrente ao Oscar. “American Fiction”, o menos badalado da lista, está indicado em cinco categorias : Melhor Filme, Ator (Jeffrey Wright), Ator Coadjuvante (Sterling K. Brown), Roteiro Adaptado e Trilha Sonora Original. Segundo a sinopse do streaming, “ Ficção Americana” acompanha o romancista Thelonious “Monk” Ellison farto de ver a sociedade lucrar com o entretenimento “negro” que se baseia em estereótipos ofensivos, decide escrever um livro “negro”, o que o leva ao cerne da hipocrisia que ele despreza.
Baseado no romance ‘Erasure’ de Percival Everett, de 2001, essa comédia dramática marca a estreia de Cord Jefferson na direção de longas-metragens.
Ammonite – direção: Francis Lee – 2020 – Netflix
Essa produção britânica, ambientada em 1840, conta a história da caçadora de fósseis Mary Anning , que trabalha sozinha para uma companhia. Com seus dias de fama ficados para trás, ela agora procura por fósseis comuns para vender para turistas, com intuito de sustentar a si mesma e a sua mãe doente. Quando um homem rico lhe oferece um trabalho, Mary passa a criar laços com a esposa dele, obrigando as duas mulheres a determinarem a verdadeira natureza de seu relacionamento. No elenco estão duas atrizes de grande prestígio: Kate Winslet e Saoirse Ronan.
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Séries
O Regime – 06 episódios – 2024 – Max (antigo HBO Max)
E Kate Winslet é também a protagonista dessa minissérie de sátira política, produzida pela HBO, que estreia domingo (3). Ela interpreta a chanceler de uma nação européia fictícia, cujo poder começa a desmoronar em meio às questões da vida pessoal. Entre os diretores dos episódios, estão nomes conhecidos como o de Stephen Frears ( Ligações Perigosas). No elenco, também estão Hugh Grant e Matthias Schoenaerts. Com essa equipe, tudo indica um resultado e tanto. A conferir.
Magnatas do crime – 08 episódios – 2024 – Netflix
O cultuado diretor de cinema inglês, Guy Ritchie, volta às séries depois de vinte anos, adaptando a história do seu filme homônimo de 2019. A trama: Eddie Horniman, um jovem aristocrata inglês, descobre que seu pai lhe deixou uma considerável herança: uma enorme propriedade rural da família. Para sua surpresa, os hectares disponíveis fazem parte de um império da maconha. Para completar, Horniman recebe grandes nomes do submundo do crime em sua nova propriedade, querendo participar da operação. Para proteger sua família e o legado deixado pelo pai das garras dos criminosos, ele acaba entrando no jogo com tudo. O principal nome do elenco é Theo James ( foto).
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*Fotos: Divulgação/Reprodução
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