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O Brasil tá vendo BBB + as novidades na telinha e no cinema

No Brasil, janeiro é o aguardado mês das férias de verão, da praia, das baladas e …do BBB!  Assim como a uva-passa no arroz natalino, o reality show de maior audiência no mundo divide opiniões. Despertando amor e ódio, o formato lançado pela produtora holandesa Endemol, no final dos anos 90, foi comprado por 70 países. Vinte e dois anos depois, o programa continua vivo e forte em alguns, como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Dinamarca, Itália, Alemanha e Argentina. Nada se compara, porém, ao sucesso que continua fazendo no Brasil. Em número de edições, só perdemos para os Estados Unidos. Em audiência, ninguém nos ultrapassa.

Se você estava em Marte nas últimas décadas e não sabe do que se trata o BBB, eu explico. Big Brother é um jogo de convivência, uma competição,  onde pessoas ficam confinadas em uma casa confortável – até certo ponto – e  vão sendo escolhidas pelos outros participantes para serem eliminados através de votação popular até restar um. Esse UM sortudo levará , em 2024, a bolada de três milhões de reais.O valor nem é tão alto se considerarmos que a Globo vendeu vinte cotas de patrocínios do BBB 24 e vai faturar algo em torno de R$ 1,2 bilhão !

Gostando ou não do formato, é impossível ignorar uma produção dessa abrangência. Nem a concorrência mais feroz se priva de cobrir as aventuras e desventuras dos “ratinhos de laboratório” da TV Globo. Durante três meses, o BBB alimenta sites, revistas, programas de variedades e redes sociais de outros grupos de comunicação.  Nas redes, multiplicam-se memes e bordões como “ o Brasil tá vendo”, “ olha elaaa”, “ o Brasil tá lascado”…

 

Eu ia passando e a TV estava ligada…

Dois perfis costumam torcer o nariz para o programa: os intelectuais e os defensores de certos preceitos morais. Na maioria das vezes nem assistem, mas quando o fazem usam aquela velha desculpa dos tempos em que ver novela não era coisa de gente ‘sofisticada’: ah, eu ia passando e a TV da empregada estava ligada… (juro!).

Quem não assiste desconhece o quanto o perfil dos participantes mudou em duas décadas. Tentando acompanhar as mudanças na sociedade, a emissora começou a escalar também pessoas articuladas e com discursos sobre liberdades individuais e causas que estão em debate no país. Claro, não é uma discussão aprofundada, afinal estamos falando de um reality de entretenimento e não de um programa educativo. Mesmo assim, ele acaba pautando jornalistas que usam o “gancho” e ampliam o tema em suas reportagens. Nos últimos anos, o BBB trouxe à tona na TV aberta temas como racismo, homofobia e misogenia. Na edição atual, a entrada de um atleta PCD (Pessoa com Deficiência) no programa acabou divulgando uma expressão que poucos conhecem: capacitismo [discriminação de pessoas com deficiência ; subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências]. Ouve-se muita bobagem da boca de participantes também, como uma jovem influencer declarar  há poucos dias que o livro ” 1984″, de George Orwell, foi inspirado  no programa e não o contrário. Orwell, morto em 1950, revirou-se no túmulo. Uma das declarações mais perigosas foi a de um participante da edição de 2010: ” homem hétero não pega AIDS”. A produção apressou-se em retificar o erro, mas isso não evitou a gritaria nas redes e na concorrência.

 

Gosto é gosto

Aqui entre nós, o BBB não merece ganhar o Prêmio Pulitzer, nem ser demonizado como uma afronta à moral e aos bons costumes. No fim, tudo se resume às preferências de cada um. Há público para todos os gostos, até para o bizarro programa de tratamento de cistos, calos e unhas encravadas. Tem também os que exibem as violentas lutas de MMA, cirurgias plásticas que deram errado, gente pelada tentando sobreviver na selva  ou mulheres que  deram à luz sem saber que estavam grávidas…

E olhem que nem mencionei certas produções brasileiras! Uma delas, com formato também comprado de uma emissora estrangeira, estreou sua 2ª temporada no último domingo com grande investimento e muito marketing. É bastante popular, mas não curto. Como diz o ditado da velhinha que comia sabão: gosto é gosto.

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Novidades da semana nas plataformas

 

Expatriadas – 06 episódios –  drama – Prime Vídeo

Baseada no livro ‘ The Expatriates’, da escritora  Janice YK Lee, a minissérie não só traz Nicole Kidman no elenco, mas tem a atriz à frente do projeto. Foi a produtora de Nicole que comprou os direitos do livro e, junto com a Amazon, viabilizou a série. A trama de Expatriadas se passa em Hong Kong, na China, durante a chamada Revolução dos Guarda-chuvas ,protestos pró-democracia que aconteceram na região, em 2014. A história segue os passos de três mulheres americanas expatriadas na cidade, ou seja, que passaram a morar temporariamente em Hong Kong por transferências profissionais. Uma delas, Margaret (Nicole Kidman), leva uma vida de luxo e conforto na China, para onde se mudou trabalho por causa do trabalho do marido. Mãe de três crianças, ela vive uma situação catastrófica logo no começo da minissérie, passando a questionar sua própria identidade após o ocorrido. (Veja o trailer)

 

 

Griselda –  06  episódios – Netflix

O sucesso de ‘ Narcos’-  eas várias adaptações da trajetória de Pablo Escobar – parece ter inspirado a nova série da Netflix. Dessa vez trata-se de uma chefona, a colombiana Griselda Blanco, apelidada de ‘ Madrinha’.  Usando de métodos brutais, ela criou um dos cartéis mais lucrativos da história, impondo-se em um universo totalmente masculino. Nos anos 70 e 80, em Miami para onde fugiu com os filhos, Griselda usou criminalidade e charme pessoal para gerenciar o narcotráfico e a própria família. Sua intérprete é a sensual Sofía Vergara, conhecida por ‘ Modern Family’, e também uma das produtoras da série. Uma boa pedida para quem ainda não se cansou do quase subgênero ‘narcotraficantes’.

 

Nos cinemas

Nas salas de cinema já estão em exibição alguns dos filmes mais esperados do semestre, incluindo  candidatos ao Oscar.

 

Segredos de um escândalo, com direção Todd Haynes , é baseado na história real e polêmica de uma professora que manteve relacionamento com um aluno ainda adolescente. Duas estrelas estão no elenco: Juliane Moore e Natalie Portman.

 

Anatomia de uma queda, filme francês ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2023, andou recebendo estatuetas nas recentes premiações. A produção francesa conta a história de um homem morto após uma queda. Suicídio ou homicídio ? A direção é de Justine Triet.

 

Vidas passadas, produção inglesa-coreana, tem direção da estreante Celine Song e conta a história dolorosa de um amor não concretizado. Ficam as perguntas: minha alma gêmea passou por mim e não vi? E ‘se’ ?

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O cinema argentino ameaçado

O cinema brasileiro enfrentou algo parecido no governo passado com o que está acontecendo na Argentina agora. O presidente recém eleito anunciou cortes nos investimentos destinados à produção audiovisual na Argentina. Javier Milei propôs o desmantelamento do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA) e a Escola Nacional de Experimentação e Realização Cinematográfica (ENERC).

Mais de trezentos diretores, produtores, atores e membros da indústria cinematográfica de diversos países assinaram uma petição contra essas medidas. Entre os cineastas que manifestaram apoio à recém-formada coligação Cine Argentino Unido estão o espanhol Pedro Almodóvar, o mexicano Alejandro González Iñárritu e os brasileiros Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura.

E.t.: Diante da repercussão mundial e às vésperar de uma greve geral na Argentina, Javier Milei sinalizou que pode voltar atrás. Aliás, seria pouco inteligente desmantelar algo que coloca o país entre os melhores do mundo: el cine!

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O adeus a Norman Jewison

Talvez muita gente não ligue o nome aos filmes, mas já deve ter visto algum dirigido por Norman Jewison, que partiu esta semana, aos 97 anos.

Entre seus filmes estão ‘Feitiço da lua’( 1987), com Nicolas Cage e Cher;  a versão para o cinema da ópera rock ‘ Jesus Cristo Superstar’( 1973) , o clássico ‘ Um violinista no telhado’ (1971) e ‘ Agnes de Deus’ (1985).

Nascido em Toronto, no Canadá, Jewison começou sua carreira em séries infantis da BBC, no Reino Unido. Nos Estados Unidos seus primeiros trabalhos também foram para a televisão. Depois, no cinema ele já tinha dirigido astros como Tony Curtis, Doris Day e Rock Hudson, quando chamou a atenção da Academia pelo excelente ‘ No calor da noite’ (1967), com Sidney Poitier, levando cinco Oscars, inclusive o de Melhor Filme.

Entre os outros títulos de destaque na filmografia do canadense estão Crown, o Magnífico (1968), Rollerball: Os Gladiadores do Futuro (1975), Justiça Para Todos (1979), Hurricane e  O Furacão (1999) . A Confissão (2003), com Michael Caine e Tilda Swinton, foi seu último longa-metragem.

Jewison deixa a esposa, Lynne St. David, três filhos e cinco netos.

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*Fotos: Divulgação/Reprodução

 

THE END

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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