Portal Making Of

A minissérie ‘Eric’ e ‘ Duna-II’ são os melhores lançamentos da semana

Benedict Cumberbacht na minissérie ' Eric' (Foto: Divulgação/Netflix)

Eric e seus demônios em seis episódios 

O grande trunfo da minissérie que acaba de estrear na Netflix é ter Benedict Cumberbacht como protagonista. O britânico já provou ser um dos melhores atores em atividade e nunca me conformei dele ter perdido o Oscar por seu trabalho em ‘Ataque dos cães’, de Jane Campion, para Will Smith  em ‘King Richard-Criando campeãs’. Mas, o Oscar de 2022 foi mesmo bem  estranho porque o filme de Campion perdeu para o remake ‘ Coda – No ritmo do coração’. Sem falar no tapa que o vencedor da noite deu na cara do apresentador, Chris Rock, depois de uma piada de mau gosto sobre a esposa do ator, Jada Smith.  Sim, as bruxas estavam soltas!

Mas, voltando à minissérie de seis episódios: “Eric” acompanha a busca desesperada do pai de um garoto de nove anos que desapareceu a caminho da escola. Interpretado por Cumberbacht , Vincent é um criador de programas infantis  para televisão e apega-se aos desenhos de um monstro azul, chamado Eric, feitos pelo menino para tentar encontrá-lo. Obcecado pela ideia de que se colocar uma marionete de Eric na TV, isso trará o garoto de volta, Vincent afasta familiares, colegas de trabalho e os detetives que tentam ajudá-lo nas buscas. O monstro azul, um delírio criado por necessidade, acaba tornando-se seu único aliado nessa jornada. A história se passa na Nova York dos anos 80, despojando Benedict de seu sotaque britânico e sua postura  elegante. ‘Eric’ vasculha os bastidores conturbados da televisão e aborda também racismo, vícios, abuso infantil e saúde mental. (Confira o trailer)

 

Duna – Parte II – direção: Denis Villeneuve  – 2024 – Max

Quem acompanha a coluna sabe que tenho toda a má vontade do mundo com remakes, principalmente os de filmes muito bons no original. Mas, como a primeira versão de ‘ Duna’, dirigida por David Lynch, em 1984,  é muito ruim, resolvi dar uma chance para a versão de Villeneuve em  2021. Gostei muito. O mesmo diretor é responsável pela segunda parte que acaba de ser disponibilizada no Max e, surpreendentemente, é ainda melhor que a primeira. Na versão original, parecia que o livro de Frank Herbert, considerado um dos melhores romances de ficção científica já escritos, seria mesmo inadaptável para as telas. Mas, Villeneuve provou que era possível fazer melhor.

Para quem ainda não viu, ‘ Duna 1’ , com Timothée Chalamet e Zendaya, dois dos jovens atores mais queridos de Hollywood, também está disponível em streaming. Juntam-se ao super elenco na segunda parte, o espanhol Javier Bardem, Josh Brolin, Austin Butler, Christopher Walken e Florence Pug.  Embora sejam filmes mais interessantes de se ver na tela grande, vale a pena conferir, principalmente se você é fã de ficção científica.

 

Biônicos – direção: Afonso Boyart – 2024  – Netflix

O cinema brasileiro não investe muito no gênero ficção científica, mas que tal dar uma chance para ‘ Biônicos’ ? O que diz a sinopse: a trama se passa no ano de 2035, onde um mundo dominado pela tecnologia é o pano de fundo para um thriller distópico. Duas irmãs se encontram envolvidas em uma disputa intensa no salto em distância. Em uma realidade onde próteses biônicas dominam o cenário esportivo, a rivalidade entre elas as leva por um caminho sombrio. À medida que o filme se desenrola, questões de ambição, dilemas morais e conflitos familiares surgem em um cenário cyberpunk, repleto de cenas de ação carregadas de adrenalina. É uma premissa interessante, com um ar visual de ‘ Blade Runner’,vamos ver como é o desenvolvimento da história que traz Bruno Gagliasso, que já provou ser mais que apenas um ‘ rostinho bonito’. O elenco traz também Gabz e Miguel Falabella. (Veja o trailer)

 

Evidências do amor – direção: Pedro Antonio Paes – 2024 – Max

Outra produção brasileira que acaba de fazer sucesso no cinema e já chegou às plataformas. No Max, está disponível para assinantes, em outras plataformas ainda por alugar. Dois nomes conhecidos da TV e da música são um dos atrativos: Sandy e Fábio Porchat. Eles são a dupla que se conhece cantando em um karaokê a famosa canção ‘ Evidências’, de José Augusto e Paulo Sérgio Valle, famosa na interpretação de Chitãozinho e Xororó. Eles não ficam juntos, mas cada vez que ouvem a música voltam no tempo. Comédias românticas não têm primado pelo roteiro inspirado e profundo (apesar de ser possível), então não espere muito. Mas, ajuda o público a espairecer, enquanto come pipocas, a sair felizinho do cinema.

 

Dias perfeitos – direção: Wim Wenders – 2023 – MUBI

O mais recente filme do diretor alemão, em co-produção com o Japão, já está disponível para assinantes. A trama acompanha a história de Hirayama , um homem de meia idade reflexivo que vive sua vida de forma modesta como zelador e limpando banheiros em Tóquio. Sua vida é revelada ao espectador através da música que ele ouve, dos livros que lê e das fotos que tira das árvores, uma vez que são suas três paixões. À medida que a vida de Hirayama avança, encontros inesperados começam a surgir revelando coisas bem diferentes de seu passado. O longa explora temas como a solidão, fuga e busca de sentido na vida moderna e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional.

Uma dica: você pode assistir o MUBI gratuitamente por uma semana ou pagar para usufruir por apenas um mês, aproveitando para ver tudo o que interessa sem grandes custos.

_____________________________________________

Para não dizer que não falei de Cannes …

O vencedor da Palma de Ouro da 77ª edição do Festival de Cinema de Cannes dividiu opiniões, o que não chega a ser uma novidade. ‘ Anora’, uma comédia sobre profissionais do sexo – tema recorrente do cineasta do norte-americano Sean Baker – levou o Grande Prêmio, surpreendendo a quem apostava no favorito ‘ A semente do figo sagrado’, do iraniano Mohammad Rasoulof. A história de Rasoulof pesava a seu favor, já que o cineasta fugiu do Irã recentemente após ter sido condenado a oito anos de prisão por seus filmes considerados ‘ perigosos à segurança nacional’. Ele acabou levando apenas o Prix Spécial. Resta esperarmos a exibição no Brasil, para tirarmos nossa própria conclusão.

Outro destaque, para mim, foi a vitória de Jesse Plemmons como melhor intérprete masculino em ‘ Kinds of Kindness’ . Plemmons apareceu na série “Breaking Bad” e vem aos poucos ganhando espaço em Hollywood, tendo brilhado em ‘Ataque de Cães”, de Jane Campion, ao lado de sua mulher, Kirsten Dunst.

O Brasil compareceu a Cannes com seis produções em mostras diferentes, aumentando sua participação, mas levou apenas o prêmio de Melhor Ator Revelação para Ricardo Teodoro ( foto), em ‘ Baby’, de Marcelo Caetano. Seja como for, o país está de volta aos grandes festivais, mostrando a importância do incentivo à cultura, relegada a segundo plano no governo anterior. O ano que vem será ainda melhor, amém!

Ricardo Teodoro

_____________________________________________

Até a próxima semana!

 

 

*Fotos: Divulgação/Reprodução 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais: