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A vacina do abraço e os lançamentos da semana

Joaquín Furriel é o astro de "Descanse em paz" (Foto: Divulgação/Netflix)

Memórias da quarentena

Março é um mês que ficou marcado na memória de todos como aquele em que começou um dos nossos maiores pesadelos. Em março de 2020, o mundo foi informado do alastramento de um vírus letal, o coronavírus 19. Para tentar fugir do contágio nos isolamos em casa, evitamos contato com outros humanos e vimos o número de mortos pela Covid chegar a quinze milhões em dois anos. Naquele período, escrevi algumas crônicas sobre os sentimentos e angústias causados pela doença que não poupou país algum, rico ou pobre. Nossa esperança veio da ciência e, apesar do negacionismo de parte da população, foi graças à criação da vacina que a tragédia não foi maior.

Enquanto estávamos trancafiados em casa, reclamávamos de não poder ver os amigos e a família, de não termos vida social e ouvia-se muito sobre o desejo de “aglomerar”. Relendo agora um dos textos da série “ Crônicas em quarentena”, pergunto se fizemos todo o prometido, se aglomeramos mais para compensar o isolamento ou nos recolhemos à nossa individualidade? Cumprimos os desejos e promessas daquele período ou esquecemos deles assim que nossa rotina voltou ao normal? Você já abraçou alguém hoje? Sempre é bom lembrar do que sentimos …

 

A VACINA DO ABRAÇO – V

“Abraço é um laço dado por fora que desata o nó por dentro”                             

Li que um dos motivos para a peste ser tão avassaladora na Itália – a ponto de deixar mais de trinta mil mortos (*) – seria a estreita relação entre os membros da família, as nonas que cuidam dos netos, os grandes almoços de domingo e os abraços. Ah, os abraços…talvez pelo DNA italiano sou daquelas que mal enxerga um amigo do outro lado da rua já “corre pro abraço”.

Em outras culturas, o toque humano pode ser raro e até mesmo ofensivo. Um dia ouvi o crítico de cinema Rubens Ewald Filho ( Deus o tenha!) contar que ao preparar o espaço para a entrevista com um cineasta estrangeiro, cujo nome esqueço agora, o assistente terminou de ajustar a luz e tocou cordialmente no braço do diretor, dizendo “podemos ir, está tudo pronto”. Rubens disse que o homem armou um escândalo, achou o gesto invasivo, quis cancelar a entrevista, um horror.

Também li há pouco que a americana Megan Markle, casada com o príncipe Harry da Inglaterra, teria reclamado que sua cunhada, a princesa Kate Middelton, é uma mulher “tensa e fria”. Um dos motivos para Megan e Harry abandonarem o Reino Unido e as benesses que cercam a monarquia britânica foi o desejo de criar o filhinho deles num ambiente carinhoso. Cheio de beijos e abraços, I presume !

A moral da história é que durante a quarentena algumas pessoas estão sentindo falta de muitas coisas, outras sentem falta de muitas coisas+ dos abraços. A droga preventiva contra a Covid-19 poderia se chamar ” vacina do abraço” ou mantendo a tradição em latim ” vaccinum amplexus”.

Até os cientistas encontrarem a fórmula da vacina, guardem seus amplexos numa caixinha amarrada com um grande laço. Como escreveu o poeta Mário Quintana: Meu Deus! Como é engraçado! Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braços.

Quando acabar a necessidade do isolamento social, abra a caixinha e use-os para abraçar o seu amor, seus amigos, sua família, ou até o “delegado, o vizinho do lado e o português da padaria”, como canta o Zeca Baleiro.

[ Brígida De Poli – maio/2020]

(*) 169.601 mortes na Itália ( maio/2022)

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Destaque nas plataformas

Mas, afinal, a gente veio aqui para filosofar ou para falar de filmes e séries ?  Não é uma grande semana para lançamentos, mas destaquei alguns para o fim de semana de vocês, queridos leitores.

 

Netflix

Descanse em paz – direção: Sebastián Borensztein – 2024 – Netflix

 Esse suspense argentino vem antecedido de boas críticas. Ele conta a história – ambientada em 1990 – de Sérgio, um homem afogado em dívidas e problemas de saúde que desaparece, adotando uma identidade falsa para salvar a família da ruína. Depois de muitos anos, ele descobre algo que o faz voltar ao país para saber como estão aquelas pessoas que deixou para trás. O protagonista é interpretado por Joaquín Furriel,  um dos atores mais conhecidos da Argentina, por filmes como “ O farol das orcas”  e séries como “ O jardim de bronze”.

 

Max

Todos menos você – direção: Will Gluck – 2024

Foto: Divulgação/Reprodução

 

Esta comédia romântica, baseada na peça de William Shakespeare,“Muito barulho por nada”, fez enorme sucesso no cinema. Agora ela chega em várias plataformas ( Max-Prime – YouTube-Apple), mas ainda para alugar à parte. A trama: Bea e Ben são colegas de faculdade, cujo primeiro encontro amoroso não dá certo e acabam se tornando hostis um com o outro. Tempos depois de formados, se reencontram numa festa de casamentos e, pelas circunstâncias, se vêem obrigados a fingir que são um casal.

 

Mubi

Priscilla – direção: Sofia Coppola – 2023

Foto: Divulgação/Reprodução

O Mubi possui um acervo pequeno, mas bem selecionado, que pode ser contratado através do Prime Vídeo. É lá que está o mais recente trabalho de Sofia Coppola, talvez seu filme menos apreciado pela crítica que costuma ser generosa com a diretora. O roteiro é baseado no  livro Elvis e Eu, escrito, em 1985, por Priscilla Presley, contando sua relação com o rei do rock. Priscilla tinha 14 anos quando conheceu o cantor na Alemanha Ocidental.  Ele estava com 24 anos e já era uma superestrela da música. O filme segue as dificuldades durante todos os anos de relacionamento, quando Elvis revela uma faceta mais sombria e instável, até o divórcio em 1972, cinco anos antes de Elvis morrer, com apenas 42 anos.

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Destaque no cinema

 

A Matriarca – direção:   Matthew J. Saville – 2024

Charlotte Rampling é uma atriz britânica, dona de filmografia invejável e grandes interpretações, como “Os deuses malditos” (1969), de Lucchino Visconti, “ O Porteiro da noite” (1974), de Liliana Cavani, e “ Memórias”, de Woody Allen (1980).  Aos 78 anos, Rampling continua carismática e ótima intérprete. Em “ A Matriarca”, ela é  Ruth, uma ex-correspondente de guerra, entediada na aposentadoria com um problema com bebida e uma perna recentemente fraturada. Sam (George Ferrier) é seu neto rebelde, recentemente expulso do internato e sofrendo com a morte de sua mãe. Quando os dois são reunidos sob o mesmo teto, eles formam um vínculo inesperado.

  • Em Florianópolis, o filme está em cartaz no Cine Paradigma- SC 401, na sessão das 20h30.

 

Confira o trailer:

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