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Empresário da indústria catarinense mantém confiança moderada

Foto: FIESC / Crédito: divulgação.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de Santa Catarina registrou 50,2 pontos em junho, segundo análise do Observatório da FIESC. Este resultado representa uma confiança moderada, ligeiramente acima do ponto de estabilidade de 50 pontos. Em comparação, o índice nacional alcançou 51,4 pontos.

O ICEI é composto por dois indicadores principais: Condições Atuais da Economia nos últimos seis meses, que atingiu 45,8 pontos, e Expectativas para os próximos seis meses, que alcançou 52,4 pontos. Enquanto o primeiro indicador refletiu uma piora em relação ao mês anterior, o segundo manteve um sentimento otimista, apesar de uma tendência de moderação.

Foto: Mario Cezar de Aguiar, Presidente da FIESC / Crédito: reprodução.

Segundo Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC, a confiança moderada dos empresários industriais catarinenses está influenciada por preocupações com o cenário econômico e o posicionamento do governo, especialmente em relação ao gasto público. “Esse ambiente apresenta uma restrição na continuidade do ciclo de redução da taxa de juros por parte do Banco Central, o que pode limitar o crescimento industrial”, afirmou Aguiar.

Já o economista João Pitta, do Observatório da FIESC, forneceu uma análise detalhada sobre os dados de confiança do empresário industrial catarinense. Segundo Pitta, o índice de condições atuais revela uma manutenção do “sentimento de piora” nas condições econômicas dos últimos seis meses, enquanto o indicador de expectativas demonstra uma continuidade do sentimento otimista para os próximos seis meses.

Pitta destacou que o otimismo está se tornando menos difundido entre os respondentes da pesquisa, em grande parte devido às sucessivas elevações nas expectativas da taxa de juros pelo mercado. “No início do ano, esperava-se que a Selic terminaria 2024 em 9% ao ano, ao passo que hoje a expectativa é de 10,5%”, explicou.

As tensões geopolíticas e os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul também contribuem para a sensação de incerteza em relação ao futuro. Além disso, a moeda brasileira tem perdido valor diante do dólar, como afirma a economista do Observatório FIESC, Camila Morais.

Em janeiro, a taxa de câmbio média foi de R$ 4,91 por dólar, contra uma média em junho de R$ 5,34 por dólar (PTAX). “Essa desvalorização do real, acompanhada de um aumento na volatilidade, eleva a insegurança com relação aos preços dos insumos importados pelo estado”, explicou a economista.  De acordo com Camila, essa instabilidade cambial gera incertezas adicionais que afetam as decisões de investimento e planejamento das indústrias, agravando um cenário já complexo devido a fatores externos e internos.

 

Contexto Econômico

O mercado tem sido mais exigente com o governo Lula do que foi com o governo anterior. Em 2024, a economia brasileira exibiu sinais de recuperação, com um crescimento robusto de 3,8% do PIB no primeiro trimestre, impulsionado pelo consumo das famílias e investimentos em infraestrutura. A inflação controlada, abaixo das metas estabelecidas, e a taxa de desemprego de 8,1%, a menor desde 2014, também foram destaques positivos.

No entanto, críticas surgem quanto ao elevado endividamento público, que atingiu 97,9% do PIB, as incertezas políticas geradas pelas eleições presidenciais, a lentidão na implementação de reformas fiscais e estruturais. Para sustentar o crescimento e restaurar a confiança dos investidores, o governo deve priorizar a redução da dívida pública, mitigar incertezas políticas, acelerar reformas fiscais e apresentar uma agenda robusta de reformas estruturais. A Reforma Tributária vem neste sentido, demorou mais de 30 anos para ser promulgada e agora segue rumo a implementação.

 

Peso da Dívida Pública

A dívida pública brasileira, embora alta, é menor do que a de muitos outros países. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os 10 países mais endividados pelo nível de dívida pública em relação ao PIB incluem o Japão em primeiro lugar com 262,3%, seguido por Grécia (181,2%) e Líbano (168,4%). O Brasil figura em 11º lugar, com uma dívida pública equivalente a 96,2% do PIB. Em termos absolutos, os Estados Unidos lideram com uma dívida pública que ultrapassa os US$ 30 trilhões. Já considerando o endividamento total (público e privado) em relação ao PIB, o Japão encabeça novamente a lista com, 458%, seguido por Suíça (441%) e Estados Unidos (372%). O Brasil ocupa o 18º lugar nesse ranking, com, 274%. Esses números destacam a complexidade e a diversidade dos desafios econômicos globais, refletindo tanto a capacidade de pagamento quanto a dinâmica econômica de cada país.

 

Perspectivas

A análise sugere que, embora a confiança dos empresários industriais em Santa Catarina permaneça estável, existem várias preocupações que podem impactar negativamente essa confiança nos próximos meses. A trajetória futura da taxa de juros, a capacidade do governo de implementar ajustes fiscais e as condições econômicas globais e locais serão fatores críticos a serem observados. A confiança moderada dos empresários catarinenses reflete uma economia que, embora estável, ainda enfrenta desafios e incertezas que podem moldar o cenário industrial nos próximos meses.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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