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Enfim, um remake que valeu a pena

Enfim, um remake que valeu a pena

Quem acompanha a coluna sabe que sou a inimiga n° 01 de remakes. Me incomoda quando refilmam grandes clássicos, muitos deles exemplos de perfeição cinematográfica. A intenção é financeira, escalam astros atuais para atrair bilheteria. Produções novas de outras nacionalidades também estão sujeitas a refilmagens porque o público americano não gosta de ler legendas. Seja como for, é raríssimo que um remake seja tão bom quanto o original.

Toda esta introdução é para falar que assisti à nova adaptação de “Duna”, dirigida por Denis Villeneuve, e gostei bastante. Claro, que ela já saiu com vantagem sobre a anterior , de 1984, dirigida por David Lynch. Para quem leu os livros de Frank Herbert, aquela foi uma decepção. Bem, parte da crítica que adora Lynch, discorda. E é preciso mesmo dar o desconto de que o diretor foi podado pelos produtores por causa dos gastos e da longa duração que ele pretendia, inaceitável para a época. Mesmo assim, ficou com 2h17min. A de Villeneuve tem 2h36min. Aliás, há uma onda de metragens mais longas atualmente, como o ótimo ” A filha perdida”, de Maggie Gyllenhaal, que também ultrapassa duas horas.

Algo injusto de se comparar  entre as duas adaptações de “Duna” são os efeitos especiais. Em trinta e sete anos houve uma revolução tecnológica na indústria do cinema. Aliás, a primeira custou 45 milhões de dólares e recolheu 35 milhões ao todo, a segunda teve orçamento de 165 milhões de dólares e arrecadou 100 milhões de dólares na primeira semana, só nos EUA.

Quem quiser pode tirar suas próprias conclusões . “Duna” de 1984 está disponível em streaming e a nova versão na HBO/HBO Max. Para os amantes de ficção científica, uma maratona imperdível. ( Trailer da Warner Bros.Pictures Brasil).

Vídeo: Reprodução/YouTube

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Filmes

As fotos vazadas – direção: Wregas Banutheja- 2022- Netflix

Este filme está aqui mais pela nacionalidade do que por grandes méritos. Trata-se de uma produção da Indonésia, mas o tema é universal. Sur, uma estudante vai a uma festa e no dia seguinte surgem fotos dela bêbada na internet. Filha de um pai super conservador, numa sociedade também conservadora, ela acaba perdendo a bolsa de estudos. Como ela entende de informática, começa a investigar se foi algum colega do grupo de teatro que vazou as fotos, como se fossem selfies, que Sur não lembra de ter feito. Ela tenta se defender, mas esbarra no reitor omisso, no poder do dinheiro, sai de casa e não sossega até chegar ao fim do caso. O filme perde o ritmo lá pelas tantas. Uma edição mais ágil ajudaria muito. Seja como for, vale pelas informações sobre um país que só conhecemos pelo exotismo e as praias de Bali.

 

 

Pixinguinha, um homem carinhoso – direção: Denise Saraceni- 2021 – Telecine

Depois de encarnar o guerrilheiro Marighella, Seu Jorge chega na pele de Pixinguinha, gênio incompreendido da música brasileira e muito além de seu tempo, como diz a sinopse oficial, com a qual eu concordo. Inicialmente, o veterano Milton Gonçalves estava escalado para o papel, mas acabou substituído por Seu Jorge. Ao lado dele, Thais Araújo e outros dois atores que interpretam Pixinguim quando criança e jovem. Uma boa chance de conhecer um pouco da trajetória desse músico extraordinário.

 

 

No ritmo do coração – direção: Sian Heder – 2021 – Prime Vídeo

O filme chega super valorizado pelo Festival de Sundance. A história é simples, mas bem contada. O título original CODA (Children of deaf adults, filhos de adultos surdos), explica um pouco o tema. No caso é uma filha adolescente, a única a ouvir numa família de pai, mãe e irmão.Ela é a ponte entre eles e o mundo externo. Como explicar a eles seu amor pela música e seu desejo de seguir carreira? Os três atores são realmente surdos e a trama se desenvolve misturando drama e comédia. O filme recebeu prêmios em quatro festivais.

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Séries

Arquivo 81 – 1 temporada – 2021 – Netflix

Boa mistura de suspense e sobrenatural. Baseada no podcast de mesmo nome, a trama segue um homem contratado para recuperar uma coleção de fitas  VHS , salvas de um incêndio.  Através delas, o protagonista descobre a história de uma documentarista que investigava uma seita macabra no prédio que pegou fogo. Mamadou Athie está muito bem no papel do técnico que restaura as filmagens e carrega uma desgraça pessoal.

Ainda estou na metade da série. Às vezes, os roteiristas estragam na hora do desfecho. Por enquanto, tudo bem. A ver.

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The Great ( Starzplay)  e O dono de Kingstown (Paramount)

Por falar em estar no meio, sem saber o que vem pela frente, às vezes indico séries aqui na coluna logo nos primeiros episódios (maldita mudança dos streaming em postar um por semana agora!).  Aí, descubro mais adiante que elas são ainda melhores e que não dei a devida ênfase.

Destaquei duas, que já apareceram na coluna, para dar o veredito final: são ótimas.

A segunda temporada de ” The Great” começou devagar, mas agora com a postagem do quarto episódio, ela diz ao que veio. Há muito tempo eu não ria tanto. Não vou contar a cena do crocodilo versus Voltaire, mas é genial. Para quem não sabe do que trata a série: é uma sátira, humor acidíssimo, sobre Catarina, a grande em sua chegada à Rússia e casamento com o imperador Pedro. Os atores secundários são excelentes, além dos protagonistas. Dakota Fanning chegou a ser indicada ao Globo de Ouro deste ano pelo papel de Catarina.

Se “The Great” diverte, mesmo com cenas sanguinárias, “O Rei de Kingstown” não alivia em momento algum. Bem talvez só quando o protagonista se isola em sua cabana no meio do mato e interage com um urso. É pouco, muito pouco, perto das cenas de tensão e violência que envolvem a administração de uma grande penitenciária. Cabe ao personagem de Jeremy Renner, conhecido pelo oscarizado “Guerra ao Terror” e “O legado Bourne”, ajudar  a negociar com os líderes das gangues do lado de fora para que a paz reine no presídio. A família dele carrega essa ” missão”desde sempre. Acho uma das melhores séries do gênero que vi nos últimos tempos.

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BREAKING NEWS

Finalmente chega o anúncio da estreia , no Brasil, do filme mais esperado por esta colunista: Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar.  A surpresa é que será lançado na Netflix, no dia 18 de fevereiro, uma mudança e tanto em se tratando do diretor espanhol.

Mas como o filme precisa ser, obrigatoriamente, exibido em salas de cinema para concorrer a prêmios, talvez a gente tenha a chance de ver Madres na tela grande. Seja como for, estou a postos para uma ou duas formas de exibição.

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THE END

 

*Fotos: Divulgação/Reprodução

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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