Portal Making Of

O topo e o avanço da telemedicina com mulheres no comando

Começamos a semana falando sobra a empresa catarinense que é pioneira em telemedicina e saúde digital no país. A TopMed é a maior do setor na região Sul e figura entre os cinco principais players brasileiros do seu mercado. Além disso, detém o posto de ser a maior referência em telemedicina e telessaúde voltada à área pública do Brasil.

Esse feito também foi conquistado devido à criação da tecnologia utilizada pelo Alô Saúde Floripa, serviço implantado pela prefeitura a partir de 2020 como resposta aos bloqueios impostos pela crise do coronavírus.

À frente da marca, está a CEO Valda Stange. Natural de Urubici, a executiva mora atualmente em Florianópolis e se diz adepta da ideia de que “o melhor está sempre por vir” e que a “felicidade está no caminho”. De fato, se olharmos para os resultados da empresa, entendemos que essa visão positiva da gestora impacta significativamente no índice de assertividade.

Somente nos últimos três anos, foram realizados cerca de 5 milhões de atendimentos em suas soluções, com taxa de 95% de resolutividade. Por meio de plataformas digitais com tecnologia exclusiva, o paciente encontra profissionais de saúde de diferentes áreas e especialidades médicas prontos para prestar um atendimento rápido e eficaz. O suporte conta, por exemplo, com enfermeiros, médicos, psicólogos, nutricionistas, além de uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais, advogados e economistas.

Entre os destaques, além do “Entrelaços – Programa de Acompanhamento à Famílias” e “Saúde em Dia”, está a linha de soluções “Saúde24horas”, que conecta enfermeiros e médicos a colaboradores ou clientes de empresas, municípios e organizações de saúde, a qualquer hora do dia, sete dias por semana.  E o “Saúde Emocional”, que abrange diferentes dimensões de cuidado físico, espiritual e psicossocial, estimulando a aquisição e manutenção de hábitos saudáveis.

Com mais de 16 anos de atuação, a empresa mantém sua trajetória de sucesso com um time majoritariamente feminino. Dos mais de 250 colaboradores diretos, 88% são mulheres. “Para nós, a variedade de olhares é fundamental para a criação de soluções melhores e mais eficientes,” diz Valda.

Hoje são mais de 20 soluções em saúde digital, focadas nas seguintes verticais: B2G (Business to Governement), que dispõe de diferentes e adaptáveis soluções aos governos para ampliar o acesso e a assistência à saúde no SUS. B2B e B2B2C, respectivamente, soluções a organizações e negociações entre empresas visando o cliente. Nessas áreas, a TopMed opera com produtos moduláveis e personalizados para empresas em geral, operadoras e gestoras de saúde, clínicas, hospitais, fintechs, empresas de cartões e de benefícios, por exemplo.

A seguir, você confere entrevista com a CEO Valda Stange (foto de capa).

1 – A telemedicina está em pleno processo de expansão. Muitas pessoas (inclusive eu) já estão aderindo à prática. A que você atribui esse movimento?

Esse movimento tem muito a ver com a mudança nos padrões de hábitos, consumo, estilo e vida das pessoas em geral. A pandemia contribui demais para esse processo de expansão. Estamos vivendo o conceito chamado “Sociedade 5.0”, que promete reposicionar as tecnologias em benefício da existência humana, colocando a pessoa no centro da inovação e da transformação tecnológica.

Já vivemos isso em muitos aspectos de nossa vida: na hora de chamar um meio de transporte, fazer compras, interagir com pessoas que amamos e até com nossa casa, sem barreiras, quebrando paradigmas. Por que não vivenciar isso também na saúde? A telemedicina possibilita as pessoas terem acesso a atendimento de saúde de qualidade de qualquer lugar, a qualquer hora. Quebra barreiras, elimina tempo gasto em trânsito, deslocamentos, filas. Promove, de fato, o acesso, colocando o usuário no centro do processo, trazendo atendimento, educação, autocuidado e prevenção.

Estamos em um momento de falarmos cada vez mais de saúde, e não mais de doenças. Temos a oportunidade de usarmos a tecnologia e os avanços da área da saúde para nos mantermos bem, com qualidade de vida.

2 – Como você avalia a presença da telemedicina na saúde pública?

Aqui na TopMed, não temos dúvida de que estamos vivendo uma revolução na saúde pública provocada pela saúde digital. Não somente a telemedicina, mas outras soluções em telessaúde são comprovadamente capazes de reduzir em até 80% a necessidade de atendimento presencial em saúde, por exemplo, proporcionando economia em atendimento, resolutividade e, principalmente, promovendo dignidade no atendimento e acesso do usuário aos serviços.

Em um país com cerca de 200 milhões de habitantes e uma imensa extensão territorial, com diferentes culturas, inúmeras realidades, desigualdades sociais, desequilíbrios em infraestrutura, distribuição populacional e mão de obra, a importância de soluções tecnológicas na área da saúde que ampliem, promovem e democratizem o acesso é urgente.

É nesse contexto que se inserem muito bem a telessaúde e telemedicina, apoiadas no uso de tecnologia para promoção de diferentes serviços na área da saúde, educação, prevenção, diagnósticos e outros, com capacidade de escalonamento da oferta.

Somos referência em atendimento na saúde pública no Brasil, com cases de sucesso muito interessantes que comprovam isso. O Alô Saúde Floripa, em parceria com a prefeitura de Florianópolis, por exemplo, concedeu ao município o título de cidade que lidou melhor com a pandemia de Covid-19. Florianópolis foi um município pioneiro no uso de nossas soluções em saúde digital e que teve uma das menores taxas de mortalidade do país.

3 – Como a inteligência artificial, machine learning e big data podem ser usadas para modernizar ainda mais o campo da saúde digital?

Resumidamente, eu diria que essas são tecnologias com potencial transformador e revolucionário para a saúde digital.

A cultura digital representou uma transformação em todas as áreas do conhecimento e da vida do ser humano, pois queira ou não, o indivíduo teve sua vida alterada pelas mudanças tecnológicas das últimas décadas. Na área de saúde, isso não foi diferente. Conceitos como big data, machine learning, inteligência artificial e dispositivos vestíveis estão sendo incorporados ao dia a dia de forma natural, buscando, entre outras coisas, alcançar diagnósticos mais precisos, aumentar nossa produtividade com a automatização de processos repetitivos, desenvolver tratamentos personalizados com base no perfil genético do paciente e um número enorme de novas soluções que deverão surgir.

Com o grande volume de dados gerados atualmente, adicionados à capacidade de processamento e aprendizado dos novos algoritmos, que definem padrões, gerenciam enormes quantidades de informações clínicas simultaneamente, poderemos criar novas formas de monitorar pacientes crônicos, gerar alertas para desvios de comportamento e de dados sensíveis e, principalmente, aumentar o acesso à saúde de qualidade para um maior número de pessoas.

4 – E o metaverso? Como ele pode contribuir com o futuro das consultas a distância?

O metaverso é um dos projetos em andamento na TopMed e pode tornar uma consulta a distância muito mais realista e humanizada. Hoje já contamos com uma plataforma tecnológica própria que permite que o usuário/paciente olhe nos olhos do médico ou profissional de saúde, numa experiência totalmente humanizada e próxima.

O metaverso, no entanto, possibilita recriar um ambiente de consultório, clínica, hospital muito realista, aproximando ainda mais o profissional do usuário e tornando a experiência ainda mais real e palpável, embora ela se mantenha o tempo todo online.

Também é possível integrar nessa experiência outros fornecedores e serviços de saúde. Estamos trabalhando para isso na TopMed.

5 – Vocês estabeleceram parceria com a Unisul para contribuir com a formação de futuros médicos na área da telemedicina. Como você avalia a preparação de profissionais de saúde, clínicas e hospitais nacionais e catarinenses para todas essas mudanças?

Um fato é que o mercado de trabalho se altera, modifica e evolui muito mais rápido que o conteúdo programático das academias. Menos de 2% das universidades possuem a disciplina de telemedicina dentro de seu currículo de formação e isso acarreta em déficit de profissionais prontos para atuar em um mercado que está em grande crescimento.

Usar nosso conhecimento e experiência desses mais de 16 anos para ajudar nesse cenário foi um dos grandes motivadores para essa parceria de estágio em telemedicina. Tenho certeza de que, em breve, a telemedicina/saúde digital farão parte da grade curricular de todos os cursos da área da saúde.

Além disso, os espaços de saúde como clínicas e hospitais serão cada vez mais impactados com a saúde digital e as novas tecnologias. O conceito de saúde e as formas de se buscar isso estão mudando. As jornadas de um usuário/paciente/cliente estão ficando diferentes e, cada vez mais, os hospitais se tornarão hubs de saúde ao invés de espaços para lidar com processos de doença somente.

A saúde preventiva tem ganhado muito espaço com a digitalização e isso precisará ser incorporado em todos os ambientes de saúde.

6 – Como você enxerga o fortalecimento da presença feminina em grandes cargos de liderança?

Isso me deixa muito orgulhosa e feliz, torcendo para que esta seja, em curto espaço de tempo, uma realidade no universo corporativo. Pois, a presença feminina nas empresas, infelizmente, é algo que ainda precisa percorrer um longo caminho para chegar ao ideal.

Porém, aqui na TopMed isso é bem diferente. Nosso time é composto por 88% de mulheres preparadas e eficientes que ocupam diversas posições, incluindo cargos de gestão. Valorizamos a diversidade. Para nós, a variedade de olhares é fundamental para a criação de soluções melhores e mais eficientes.

Na minha opinião, as mulheres estão preparadas para isso, pois, além de conhecimento, possuem as chamadas “power skills”, habilidades que potencializam o técnico, o relacionamento interpessoal e priorizam o sucesso dos projetos em que estão inseridas. Empatia, flexibilidade, resiliência, cooperação, atenção e comprometimento aos detalhes, com capacidade de engajamento de todo o time envolvido.

Como CEO mulher, além de promover, é um orgulho inspirar e incentivar outras mulheres a buscarem seu desenvolvimento, potencial e crescimento com coragem e segurança, cientes de que podem e devem ocupar o espaço que quiserem na sociedade.

7 – Como é atuar à frente de uma das principais empresas do setor, levando em conta o fato de que suas decisões impactam a vida de milhares de pessoas?

Os desafios são muitos. Acredito que o primeiro não só na TopMed, mas para qualquer CEO, é ter em mente o tamanho da responsabilidade e o quanto isso impacta no negócio, nas pessoas que estão à minha volta (colaboradores), nos nossos parceiros, clientes e usuários de nossas soluções.

Além disso, lidar com os desafios atuais e, ao mesmo tempo, olhar para o futuro, impulsionando a transformação e o vínculo com ecossistemas que criem valor a fim de viabilizar a sustentabilidade do negócio é muito importante. Manter a empresa saudável, lucrativa e em crescimento constante é o meu maior desafio. Entender que tudo que eu faço tem o objetivo de gerar valor para as pessoas através das entregas de nossas soluções.

Apesar de a TopMed ter seus quase 17 anos de existência nesse segmento, a saúde digital ainda é algo bastante novo no nosso país, então, unir tecnologia e saúde nos permite quebrar barreiras e tabus, nos traz um oceano de possibilidades, mas exige muito cuidado, dedicação e estudo para que possamos nos conectar com as pessoas e entregar o que elas precisam, no momento e onde precisam.

Bate-bola:

O que mais admira: inteligência.

O que não suporta: falsidade.

Um lugar: sempre será com quem, nunca onde.

Uma palavra:  resiliência.

Saudade: ainda não tenho, vivo sempre o presente ciente de que passará, mas com os mantras: “o melhor está sempre por vir” e a “felicidade está no caminho”.

Uma viagem: Califórnia.

Uma bebida: espumante.

Um ídolo: admiro pessoas de diferentes áreas e pensamentos, mas uma mulher seria Margaret Thatcher.

Hobby: cavalgar.

Um sonho: nunca parar de acreditar nos meus próprios.

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais:

Manualidades no Floripa Quilt

Afonso Franco, que já fez de tudo e acumula técnicas para inspirar trabalhos criativos, confirma sua presença como expositor de tecidos no Floripa Quilt e

Manualidades no Floripa Quilt

Afonso Franco, que já fez de tudo e acumula técnicas para inspirar trabalhos criativos, confirma sua presença como expositor de tecidos no Floripa Quilt e