Sou bem ligada nas premiações aos melhores do cinema e televisão, gosto do tapete vermelho, dos discursos, faço lista e torço durante a transmissão.
Na semana passada houve a divulgação dos vencedores do Globo de Ouro. Este ano foi só a divulgação mesmo, sem festa, sem transmissão pela TV. O tradicional prêmio da Associação dos Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, que sempre foi considerado uma prévia do Oscar, caiu em desgraça depois de denúncias de racismo e suborno. Mesmo assim, eu quis saber quem eram os ganhadores. Tive algumas alegrias e várias decepções. Como assim Melhor Ator em Drama para Will Smith, quando Benedict Cumberbatch teve o papel e a interpretação da vida dele em “O ataque dos cães”?
Deixando as lamentações de lado, o tema aqui é outro. Atores, diretores e produtores fazem de tudo para serem laureados, mas até que ponto troféus mudam a carreira de alguém? Depende. Alguns souberam gerenciar o que veio depois do sucesso e da paparicação inicial. Um caso recente é o de Olivia Colman, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz, em 2019, por “A Favorita”. Olivia soube escolher os papéis seguintes, inclusive na TV ao interpretar a rainha Elizabeth II em “The Crown”, e continua brilhando. Provavelmente ela será nominada ao próximo Oscar por “A filha perdida”.
Mas existe também a chamada “maldição do Oscar”. Halley Barry, a primeira mulher negra a ganhar o troféu de Melhor Atriz; Adrian Brody, vencedor em “O Pianista”, de 2003; Cuba Gooding Jr. por “Jerry Maguire”, em 1997, e outros oscarizados, caíram no ostracismo ou amargaram um fracasso atrás do outro depois da vitória.
Como se não bastasse, há outra categoria na “maldição do Oscar”: o término do casamento das premiadas. Foi assim com Sandra Bulock, Jennifer Hudson, Hilary Swanke, Geena Davis, Barbra Streisand, entre muitas outras estrelas que se divorciaram pouco depois vitória. A explicação mais comum é a dificuldade dos homens de lidarem com mulheres bem-sucedidas, principalmente tendo a mesma profissão.
Seja como for, no dia 08 de fevereiro, artistas, agentes e produtores estarão ansiosos em frente à TV para ouvir a lista dos nominados ao Oscar. E estarão roendo as unhas em 27 de março, dia da cerimônia de entrega da ambicionada estatueta dourada. E eu também, claro!
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Filmes
Filmando Casablanca – direção: Tamás Yvan Topolánszky – 2019- Netflix
A dica do escritor Robertson Frizero para a coluna é perfeita para quem ama o clássico de Michael Curtiz. Nessa cinebiografia do diretor húngaro ficamos conhecendo seu temperamento difícil no set, o drama pessoal que ele vivia durante a produção de “Casablanca”, o início das filmagens com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, quando ainda não havia um desfecho para a história mais romântica do cinema. Vemos algumas situações inusitadas dos bastidores do filme, como a contratação de um grupo de anões para a cena final. A ideia era equilibrar a imagem geral. Acontece que o orçamento do filme era pequeno e a produção só pode fazer um avião de madeira e papel, bem menor que uma aeronave de verdade. Uma delícia para cinéfilos, em preto e branco, claro.(trailer TP)
Vídeo: Reprodução/Youtube
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O Comitê da vida – direção: Austin Stark – 2021 – Telecine
O filme chegou no streaming bem no momento em que os médicos conseguiram transplantar, na vida real, um coração de porco em um homem. É um pouco disso que se trata o “Comitê de Deus”, no original. O conselho de um grande hospital precisa decidir rapidamente quem vai receber o coração disponível de um jovem morto por atropelamento. Arma-se uma celeuma ética entre o Dr. Boxer, cirurgião veterano, a jovem Dra. Jordan e a administradora do hospital que precisa de verbas. A história se dá em dois tempos. No futuro, veremos Boxer pesquisando a possibilidade de transplantar coração de porcos, o mais semelhante ao humano. O médico é interpretado por Kelsey Grammer, famoso pela série de humor ” Fraser”, mas já testado com sucesso como ator dramático.
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A casa sombria – direção: David Bruckner – 2021 – Telecine
Para quem gosta de filmes de terror psicológico e suspense em ritmo lento. Uma viúva, abalada pelo suicídio sem explicação do marido, fica sozinha na casa à beira do lago, onde ele morreu. Ela quer saber os motivos e acaba se deparando com uma entidade maligna, além de descobrir o mistério que cercava o ex-marido. A protagonista é Rebecca Hall.
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Séries
A garota de Oslo – 1 temporada – Noruega/Israel – 2021 – Netflix
Muita expectativa e alta decepção, mas vamos lá. As TVs norueguesa e israelense produzem ótimas séries. A sinopse era promissora: uma jovem da Noruega é sequestrada pelo Estado Islâmico com dois amigos de Israel. Os terroristas querem trocá-los por prisioneiros árabes. A mãe da garota – que havia participado da Conferência da Paz de Oslo – embarca para o local e pede ajuda a um ex-amante, agora ministro. Aí, começa um dramalhão sem fim, onde a mulher faz uma trapalhada, atrás da outra, provocando a morte de outras pessoas. Vai dando uma irritação de ver uma mulher supostamente inteligente, complicando a situação, que desisti antes do fim… Mas, se você quiser acompanhar a série, depois me conte. Ah, também não consegui tirar os olhos da peruca do ministro, um ator bonitão e canastrão na mesma medida.
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Emily em Paris – 2ª temporada – 2022 – Netflix
A série que virou a queridinha dos assinantes da Netflix no ano passado, volta dividindo opiniões. Emily está menos sem noção do que na primeira temporada. Agora, a jovem americana leva as coisas um pouco mais a sério e tenta se desculpar pelas trapalhadas, descobre que é melhor aprender francês quando se mora na França etc…Mesmo assim, os ucranianos, por exemplos, ficaram ofendidos com a forma como o país é retratado na série. Mesmo uma série despretensiosa, ancorada no carisma da atriz/personagem, tropeça na exigência do politicamente correto. Ainda assim é um bom passatempo e a audiência já garantiu mais duas temporadas.
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BREAKING NEWS!
· Pedro Almodóvar escolheu a superstar Cate Blanchet como protagonista de seu primeiro longa em inglês. Vai se chamar A Manual For Cleaning Women, adaptação da coletânea de contos de Lucia Berlin, que inclui quarenta e três histórias sobre mulheres em diversos tipos de empregos difíceis. Almodóvar sempre relutou em filmar em inglês, mas acho que o bem sucedido curta “A voz humana”, com a escocesa Tilda Swinton, filmado durante a pandemia, venceu a insegurança do espanhol.
· Por falar em Tilda Swinton, há apostas de sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz pelo trabalho em “Memória”, o primeiro filme do diretor Apichatpong “Joe” Weerasethakul rodado fora da Tailândia. Ela interpreta Jessica, uma britânica que vive na Colômbia, e passa a ouvir sons estridentes e pancadas que mais ninguém ouve. Jessica começa uma investigação para descobrir o que está se passando.
· O ano de 2021 foi péssimo para o cinema brasileiro que perdeu 90% de renda e público em relação a 2020, segundo a Ancine. Pandemia, falta de incentivo oficial e a concorrência feroz do cinema estrangeiro, ocupando a maior parte das salas de exibição, selaram os resultados desalentadores da produção nacional. Nosso único filme lançado diretamente no cinema , com grande repercussão, foi “Marighella”, de Wagner Moura. Depois do boicote de dois anos pelos órgãos oficiais, ele acabou sendo a maior bilheteria do 2021 entre os nacionais. Mesmo assim, muitíssimo aquém de “Homem Aranha”, o campeão de renda no Brasil.
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The end
Fotos: Divulgação/Reprodução