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Risco climático e ambiental! Na contramão, mais uma vez…

Risco climático e ambiental! Na contramão, mais uma vez...
Imagem by Pixabay

Entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro, representantes de quase 200 países se reúnem em Glasgow, na Escócia, para a COP26, a 26ª conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. O objetivo do encontro é discutir novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.

 

O Brasil anunciou meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028 e se comprometeu a reduzir 50% das emissões poluentes até 2030, acima dos 43% prometidos anteriormente, atingindo a neutralidade até 2050. O anúncio foi realizado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, por videoconferência.  Numa outra videoconferência, Roberto Campos Neto falou sobre o papel do Banco Central na transição para uma agenda verde. Campos Neto foi mais didático e mostrou como a degradação do meio ambiente e os riscos climáticos afetam a política monetária e a estabilidade financeira do país, mostrando como os choques ambientais, como as geadas e outros eventos climatológicos, geram impactos nos preços e, consequentemente, a inflação.  

 

Para quem prestou atenção no discurso do Presidente do Banco Central fica claro a relação dos riscos climáticos e ambientais com as condições de produção. O desmatamento recorde e o aumento das queimadas na Amazônia, por exemplo, afetam o clima e reduzem a quantidade de chuvas no país, reduzem o volume dos reservatórios de água e atingem a produção de energia elétrica, aumentando os custos de produção e o preço dos produtos e, consequentemente, levando ao aumento da inflação. Porém há um fosso entre os discursos politicamente corretos proferidos pelo Ministro do Meio Ambiente e pelo Presidente do Banco Central e a realidade no Brasil, pois os dados sobre destruição de florestas, queimadas e emissões de gás carbônico apontam que o país está na contramão desses compromissos. Então, além da notada falta do Presidente Jair Bolsonaro na COP26, fica a dúvida se o discurso dos representantes do Brasil foi apenas para “inglês ver” e o mundo inteiro duvidar, como mostram os indicadores a seguir:

 

Desmatamento recorde. Em 2019 e 2020, dois primeiros do atual governo, o desmatamento na Amazônia alcançou o maior patamar desde 2008. A taxa anual de desmatamento chegou a 10.851km2 em 2020, sendo que a taxa média nos dez anos anteriores era de 6.493,8 km2. Isso significa um aumento de 67% na área de floresta destruída. Lembrando que a floresta Amazônica ajuda a equilibrar o clima do planeta, ao capturar e estocar quantidades enormes de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa. Quando árvores são derrubadas, parte desses gases são liberados para a atmosfera e novas absorções deixam de ocorrer. Também é da Amazônia que vêm 70% das chuvas que irrigam as áreas agricultáveis do Centro Oeste, Sul e Sudeste do Brasil como destacado outras vezes nessa coluna.

 

Aumento das emissões de gases poluentes. o Brasil registra o maior volume de emissões em 14 anos, desde 2006. Na contramão do mundo, o país aumentou sua liberação de gás carbônico na atmosfera em 2020, em plena pandemia do coronavírus. Enquanto a média global de emissões caiu cerca de 7% em 2020, no Brasil houve uma alta de 9,5% em relação a 2019, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. A categoria “mudanças no uso da terra”, que abrange o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, teve um aumento de 24% nas emissões em relação a 2019, com a liberação de 998 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

 

Focos de incêndio. Em 2020, houve mais incêndios que nos últimos dez anos- a pior taxa desde 2010, segundo dados oficiais do Inpe. No ano passado, o país registrou 222.798 focos, contra 197.632 em 2019, um aumento de 12,7%.

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