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Pacto pelo saneamento, antes tarde do que nunca?

Foto: Sistema Insular -Estação de Tratamento de Esgoto de Florianópolis / crédito acervo Casan.

Quem vive em Florianópolis e acompanha os meios de comunicação sabe que o descaso com o saneamento é um problema de longa data, sabe também que todos os anos o Rio Brás costuma chegar ao mar de Canasvieiras por ação das chuvas de verão e atrapalhar a temporada, mas em 2023 – a tragédia anunciada todos os anos e ano após ano – ganha a dimensão de um surto de diarreia com a chegada o Norovírus. O vírus, conhecido como o pesadelo dos cruzeiros, é um dos responsáveis pelos mais de 4.500 casos da doença registrados em Florianópolis neste verão. A catástrofe chegou aos noticiários nacionais, tornou-se assunto recorrente entre os turistas que voltam para as suas casas com mais esse problema de saúde para contar. Sim, definitivamente a mancha da poluição nas praias se espalha e vai muito além dos mares da Capital, da incompetência dos órgãos públicos ao longo da história e da colaboração dos moradores.

A poluição nos mares tem três causas básicas: os lixos materiais (plástico, ferro, vidro, papel), acidentes em oleodutos ou plataformas de petróleo e esgoto doméstico. O elo entre estas três causas é o ser humano, que deve agir por competência e de responsabilidade. Quando no local certo fazer o trabalho bem-feito e de prevenção, antecipando-se a crise, pois o que se apresenta agora é a remediação após o esgoto derramado. A preservação ambiental é uma ação coletiva. Também não adianta reclamar da poluição nas praias e jogar lixo no chão, pela janela do carro.

75,98% na área urbana possui infraestrutura de saneamento segundo dados da Casan. O percentual indica que quase 25% dos moradores não é atendido e contribui com colapso nas praias. A previsão é que até 2025,a cobertura de esgoto alcance 91,88% da população urbana. Em dezembro de 2022 a Casan anunciou a ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Esgotos na Região do João Paulo e na praia dos Ingleses e a implantação da infraestrutura de saneamento no Santinho, os projetos de ampliação da rede e o valor total do empreendimento que chega a R$ 277,7 milhões, viabilizados junto à Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).

Foto: Pacto paleo Saneamento / Crédito: reprodução.
Foto: Pacto paleo Saneamento / Crédito: reprodução.

Conectar na rede. Não basta ter rede de esgoto, é necessário estar conectado. De acordo com dados do Se Liga na Rede, pelo menos 15 mil moradias localizadas em áreas onde redes de esgoto estão disponíveis para conexão não estão conectadas a rede de esgoto. Nessa quinta-feira (02.02) foi apresentada o Pacto pelo Saneamento de Florianópolis que prevê regularizar 98% dos sistemas de esgoto da Capital e para este ano 206 novas obras, no valor aproximado de R$ 300 milhões em investimentos.

Os gestores públicos precisam assumir a responsabilidade e que os moradores colaborem também.  Não basta fazer coletiva e ganhar as manchetes para apagar o incêndio causado pela poluição na imagem da Capital, mas para de fato agir para impedir que fatos como este se repitam. Uma ação coletiva e permanente durante todo o ano para preservação da ilha e das praias. O desastre é ambiental, mas a responsabilidade é humana para resolver o problema. A discussão do novo Plano Diretor deve concebida também com essa pegada. A especulação imobiliária pode gerar lucro, mas a mobilidade e a poluição podem destruir a reputação de Florianópolis e a economia que provém do turismo.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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