A guerra não é um campo de futebol onde torcidas organizadas torcem por um ou outro time. O campo de guerra representa interesses econômicos bem definidos, muitas vezes revestidos por bandeiras religiosas. Mas na velha teoria econômica da “destruição criadora” que a guerra está fundamentada. E no momento da destruição, “pouco vale as pessoas” com suas casas destruídas, sua vida ceifada, ou os escombros de mortos que ficam para trás.
Se você escolheu um lado, mesmo morando em um país “pacífico” e num local onde os mísseis não chegam (porque sua região não é alvo de guerra), talvez seja o momento de repensar seus próprios valores. Não é a guerra que interessa, mas a paz. O terrorismo é hediondo e deve ser combatido, mas matar indiscriminadamente inocentes como “moeda de troca” é tão hediondo quanto o próprio terrorismo. Há um descompasso gigante entre a evolução tecnológica e a evolução do próprio homem, que não consegue resolver os conflitos com o diálogo, isso porque, na sombra de um ditador ou de um terrorista, não há percepção de sua limitada existência.
O conflito entre o Hamas e Israel tem raízes históricas profundas. A região da Palestina, onde atualmente se encontra Israel, foi governada pelo Império Otomano até o final da Primeira Guerra Mundial. Após a guerra, a região foi dividida entre os britânicos e os franceses. Em 1947, as Nações Unidas decidiram dividir a Palestina em dois Estados separados, um judeu e o outro árabe. Jerusalém se tornava então uma cidade internacional. O plano foi aceito pelos líderes judeus, mas os árabes o rejeitaram e a ideia nunca foi implementada. Em 1948, os britânicos se retiraram da região, e os líderes judeus declararam a criação do Estado de Israel. A intenção era que o novo país servisse de destino seguro para os judeus perseguidos, além de oferecer um território nacional para o povo judeu. Desde então, houve vários conflitos entre Israel e seus vizinhos árabes, incluindo o Hamas.
O Hamas é um grupo militante islâmico palestino e é considerado uma organização terrorista por muitos países. Sua fundação em 1987 ocorreu com o objetivo de lutar contra a ocupação israelense. O Hamas prega o fundamentalismo islâmico e rejeita qualquer possibilidade de paz permanente com o Estado de Israel. Controla a Faixa de Gaza e pede a abolição do Estado de Israel. Desde sua fundação, o Hamas lançou repetidos ataques contra alvos israelenses em Gaza, o que levou à retirada unilateral de Israel de Gaza em 2005. Isso resultou em relações tensas e conflitos intermitentes entre o Hamas e Israel, que continuam até hoje.
Recentemente, uma proposta de paz, apresentada pelo Brasil e apoiada por diversos países, foi rejeitada pelo Conselho de Segurança da ONU, com o voto dos Estados Unidos. A proposta buscava estabelecer corredores humanitários na região e um cessar-fogo imediato, refletindo um esforço para mitigar o impacto da guerra entre Israel e o Hamas. A rejeição levanta questões sobre a eficácia e imparcialidade do órgão na resolução de conflitos, bem como sobre as prioridades e dinâmicas políticas no Conselho de Segurança.
A lógica da guerra é questionada por muitos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou sua preocupação com a atual configuração do Conselho de Segurança da ONU. Ele argumentou que é essencial considerar a inclusão de mais países como membros permanentes do Conselho, para refletir a nova geopolítica e economia global. A estrutura atual do Conselho, com cinco membros permanentes detentores de poder de veto, não reflete mais a realidade do mundo de hoje. “Nós estamos vivendo em um mundo muito esquisito. Nós vivemos num mundo onde os membros do conselho de segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles, são os maiores produtores de armas do mundo, são os maiores vendedores de armas do mundo e são os maiores participantes de guerra do mundo”, afirmou Lula.
É fundamental repensar como abordamos os conflitos e promovemos a paz no mundo. A guerra e a destruição que dela decorrem não são a solução. A busca por diálogo, compreensão e soluções pacíficas deve ser prioridade. O mundo precisa de um novo mecanismo internacional que possa fazer as coisas de maneira diferente e mais eficaz. A criação do Estado de Israel em 1948 foi um marco histórico, mas a incapacidade de resolver o conflito entre Israel e Palestina em 2023 é um lembrete de que a evolução geopolítica requer uma reavaliação das estruturas de poder global.
A paz é um objetivo que todos devemos perseguir, independentemente de nossas nacionalidades, religiões ou crenças. A guerra não é um jogo, e seus custos são pagos pelas pessoas comuns que sofrem as consequências. É hora de repensar nossas abordagens e trabalhar juntos para construir um mundo mais pacífico e justo.