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Como a alta da inflação e a crise hídrica afetam os investimentos?

Como a alta da inflação e a crise hídrica afetam os investimentos?
Rafael Costa, Gestor da Próprio Capital.

O Brasil vem enfrentando a pior seca dos últimos 91 anos, e esse fenômeno influencia diretamente no aumento da inflação. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, teve alta de 0,87% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000. Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses. Com perspectiva de que a taxa básica de juros – Selic seja elevada de 5,25% para 7,5% ao ano, até final de 2022. Considerando que a taxa de juros é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para conter a inflação no país, a cada semana analistas têm aumentado as projeções da taxa Selic para o final de 2021 e 2022.

 

Mas o que isso significa para os investimentos?

Segundo Rafael Costa, gestor da Próprio Capital, “diferente do que já aconteceu no passado, por enquanto não se visualiza que o ganho com juros supere a inflação nos próximos seis meses. Ou seja, para o investidor em renda fixa, mesmo com os juros maiores é preciso observar que a taxa é nominal, antes de impostos e inflação. Quando levamos isso em consideração, a renda fixa deixa de ser atrativa para o capital de investimento”.

Quanto à crise hídrica que afeta diretamente a economia, Costa explica que é preciso separar a realidade dos fatos, do comportamento do investidor. “Em relação aos fatos precisamos aguardar o período de chuvas, que é em meados de outubro, até lá a expectativa é de piora, mas como estamos falando sobre a previsão do clima, é complicado fazer uma previsão para várias semanas ou meses à frente”, ressalta.

Em relação ao comportamento do consumidor, o gestor destaca que em situações como essas o mercado financeiro tenta antecipar os efeitos, que podem gerar movimentos exagerados antes dos fatos acontecerem. “E quando acontecem, em geral, o resultado é menor do que se imaginava, com isso o efeito nas cotações é até o contrário, com uma recuperação de parte do movimento anterior gerado por expectativa”, explica Costa. Este comportamento ficou evidente na pandemia, quando no primeiro momento haviam cotações com variações históricas, na época em que a incerteza era muito grande. Com o passar do tempo, a pandemia se mostrou mais complicada, porém as cotações recuperaram. Ou seja, os exageros foram corrigidos. “O pânico sempre foi momento de oportunidades”, comenta.

Com esse cenário, Rafael Costa alerta para que se tenha cautela com os investimentos. “Não são alguns meses de eventual crise energética que devem mudar toda estratégia de longo prazo”, afirma. Para o gestor deve-se evitar fazer movimentos tentando acertar o que vai acontecer no curto prazo, “podemos pensar que o pior é possível, porém não é certeza”. Outro aspecto ressaltado pelo gestor é que em qualquer situação sempre existem negócios ou setores que são beneficiados. “É isso que estudamos, empresas líderes em vários setores que se destacam nas crises”.

“No fim das contas, antes de querer acertar os melhores momentos e movimentos, o investidor precisa saber qual dinheiro será direcionado para investimento. Avaliar qual capital tem disponibilidade de aguardar um ano no mínimo, ideal dois anos ou mais, e começar logo a investir”.

Para o gestor, investir periodicamente é a melhor estratégia para quem deseja investir em fundos de ações ou diretamente em empresas com ações em bolsa, sem tentar encontrar aquele momento ideal, único, para acertar cotações em mínimas. “O mais importante é buscar entender o posicionamento dos gestores do fundo ou dos negócios investidos. Frente a fases de incertezas ou expectativas ruins, exercitar a possibilidade de poder aguardar as coisas ficarem mais claras. Assim como, avaliar a possibilidade de reforçar posições. Isso é que faz muita diferença no longo prazo” conclui.

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