A polarização na política brasileira tornou o setor de inteligência, que não existia até 2020, fundamental para os trabalhos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a preparação e conclusão do processo eleitoral de 2022.
A constatação partiu do delegado da Polícia Federal Disney Rossetti, diretor de Segurança do TSE, ao participar do painel que tratou sobre a criação do setor de inteligência na corte e que abriu os trabalhos no segundo dia do 5º Encontro Nacional de Inteligência do Poder Judiciário, promovido pelo TJSC.
Presidida pelo juiz Isaías Vinícius de Castro Simões, o painel serviu para contextualizar o momento em que o setor de inteligência surgiu e sua importância para o sucesso do último processo eleitoral brasileiro.
Anteriormente, o Tribunal Eleitoral contava somente com uma Coordenadoria de Segurança e Transporte. Sua equipe não portava armamentos e também não havia plano de contingência e segurança.
Os ministros do Pleno, que eram do STF e STJ, contavam com a segurança institucional de seus próprios tribunais. “Até ali, era outra realidade, sem maiores problemas para a Justiça Eleitoral. Era voo de cruzeiro”, relatou o delegado.
Em maio de 2020, o então presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, criou a Assessoria Especial de Segurança e Inteligência, que, em 2022, se transformou em Secretaria, com uma nova estruturação.
A primeira iniciativa foi criar o Plano de Segurança Orgânica do TSE, incluindo possíveis ameaças à estrutura física e a servidores, além de um plano de segurança para a residência de cada um dos ministros do Tribunal.
Segundo o delegado, o maior desafio foi fazer frente ao cenário que veio a partir do ano seguinte. “Desembocamos num cenário de extrema polarização, uma escalada nos últimos dois anos. O 7 de Setembro de 2021 já mostrava o que viria acontecer nas eleições de 2022. A contestação dos resultados eleitorais não é exclusividade do Brasil, mas as instituições foram testadas, em especial o TSE”, avaliou.
Mesmo com o encerramento do processo eleitoral, a coleta de informações e a busca de conhecimento são permanentes e incessantes. “Hoje isso é muito importante para a nossa Inteligência, sobretudo com relação às redes sociais”, concluiu.