Dando um tempo no formato temático de Cine & Séries, mas garantindo a leitura semanal para quem segue a coluna. Toda sexta-feira, uma nova “Crônica em Quarentena” e, claro, dicas de filmes e séries para amenizar esses tempos difíceis de pandemia e isolamento social. Fiquem bem!
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Isolados, mas juntos e misturados
Quando minha mãe duvidava de alguma coisa, dizia brincando ” do que me hablas ?”. Então, pergunto: de que isolamento me falas? Os que estão cumprindo devidamente a quarentena muitas vezes se queixam do isolamento social, mas dependendo da classe social e do acesso às tecnologias isso é fakenews (oops)!
Ouvi de uma conhecida, pertencente ao grupo de risco por causa da idade: reclamei do isolamento social imposto até me dar conta que já vivia uma espécie de confinamento ANTES da pandemia. Me relaciono mais agora, embora virtualmente.
Uma amiga reconheceu que atualmente está mais em contato com o mundo exterior do que antes! Passou a participar de lives constantes com seus grupos de interesses em comum e também conheceu novas pessoas.
Meus primos queridos criaram um grupo durante a quarentena. Conversamos todos os dias, mesmo que às vezes para dizer como o clima está seco em Brasília, como o calor aumentou no Rio, se tem sol em Florianópolis ou está chovendo em Porto Alegre. Estamos mais juntos agora. Antes, nos falávamos menos, não por falta de afeto, mas pela correria cotidiana e a distância geográfica.
Já contei também para vocês que participei de um encontro virtual com pessoas de outros países que, como eu, foram selecionadas no concurso Cenas do Confinamento , de textos para teatro. Tinha autores da Argentina, Uruguai, Portugal, Espanha, Cuba e de diversos estados brasileiros. Um encontro pouco provável em outros tempos, fruto da minha ousadia de escrever para teatro. Teria tido a coragem de me inscrever se não estivesse em quarentena?
Abrindo um parênteses, lembrei da canção O Último Dia, do Paulinho Moska : Meu amor/ O que você faria se só te restasse um dia?/Se o mundo fosse acabar /Me diz o que você faria// . Me pergunto se ao abrirmos a porta da rua faremos coisas que tínhamos vontade, mas faltava empenho ou coragem… Hum, mas isso já é outro assunto, outra crônica!
Voltando ao isolamento. Os reclamantes tinham uma vida social assim tão intensa ou apenas sentem falta de ir ao shopping e à academia? Quantas vezes por mês visitavam os pais ou viajavam para ver familiares distantes? Encontravam tempo de fazer uma visita ao amigo hospitalizado? Iam a bares ou festas toda semana? Ao cinema toda hora? Resumo da ópera: o que fazíamos antes que não estamos fazendo agora por causa do maledeto coronavírus? Saímos de um cotidiano animadíssimo , cheio de aventuras, esportes radicais, eventos culturais e caímos no marasmo?
Ok, reconheço que tem um fator psicológico forte nessa “autopiedade”. A gente até não fazia muitas dessas coisas, mas precisa saber que PODE fazer se QUISER. E, claro, falta também o calor do abraço !
(Brígida De Poli)
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DICAS DE FILMES E SÉRIES
NETFLIX
Criminal-Reino Unido – 2ª temporada – 4 episódios
Boa notícia para quem, como eu, curtiu muito a 1ª temporada de Criminal (Reino Unido-Alemanha-França-Espanha). Por enquanto chegou apenas a 2ª do Reino Unido e continua boa.
A estrutura é super simples: uma sala de interrogatório, um suspeito ou uma testemunha, seu advogado, e dois interrogadores. É bom que se diga que é um interrogatório com perguntas e respostas. Quando falo na série tem gente que pensa que inclui tortura, maus tratos…por que será, né? Mas, no caso, a pressão é apenas psicológica e tática.
Além de mais episódios com histórias intrigantes, essa temporada traz participações especiais como a de Kit Harington, o John Snow de Game of Thrones.
O diabo de cada dia – direção: Antonio Campos – EUA
Costumo brincar que esse filme é QUASE muito bom, algo assim como um bom e ½ … Ele se baseia no livro de Donald Ray Pollock, que é também o narrador do filme. A angustiante história acontece entre a IIª Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã, mas não cenas de batalhas, embora seus reflexos estejam na cabeça traumatizada de um dos personagens centrais. O elenco é estelar e o filme atingiu 70% de aprovação nas críticas do Rotten Tomatoes.
A trama: um pastor profano (Robert Pattinson), um casal perverso (Jason Clarke e Riley Keough) e um xerife corrupto (Sebastian Stan) são alguns dos habitantes sinistros de Knockemstiff, uma região remota de Ohio onde o jovem Arvin Russell (Tom Holland) enfrenta as forças do mal que ameaçam sua família.
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ONDE VER AS GRANDES VENCEDORAS DO EMMY
Pra começo de conversa achei a cerimônia online de entrega do Emmy a mais criativa desses tempos de premiação não presencial. Estava distraída e caí na “pegadinha” de que o teatro estava lotado de astros e estrelas sem máscaras. Até que o apresentador, Jimmy Kimmel , se ” viu” na plateia e ….oops…acenderam-se as luzes e o teatro estava vazio, claro! Dãããã….
Meus favoritos de sempre ( a Maravilhosa Mrs.Masel e todo o elenco) não levaram nada. Gosto de Succession, que ficou com o prêmio principal da noite, Melhor Série Dramática, e de Mark Ruffalo, extraordinário na série I now this much is true em que interpreta irmãos gêmeos. Foi dele também um dos discursos mais engajados e importantes da premiação. Quase todos os premiados estão disponíveis nos serviços de streaming. Vamos lá ?
HBO
Succession – 2 temporadas
Essa série começou devagar junto ao público na 1ª temporada – quando eu falava sobre ela ninguém tinha assistido – e explodiu na segunda. Acabou levando o prêmio mais importante do Emmy: Melhor Série Dramática. Vamos aguardar a 3ª para ver se confirma a qualidade do texto, pois o elenco continua afinadíssimo.
Um pai, dono de poderoso império de comunicação, e os quatro filhos tentando ser seu sucessor. Mais que isso, disputando o amor paterno e encontrando apenas frieza e crítica. Além dos filhos, todos na volta do patriarca querem um pedaço do poder: o genro titubeante, o sobrinho meio caipira, a atual mulher do milionário, os sócios… Ninguém é santo, mas o pai é um déspota que humilha a todos, numa interpretação perfeita de Brian Cox, que já levou o Emmy de Melhor Ator, mas esse ano coube a Jeremy Strong, o filho primogênito, levar a estatueta.
Watchmen – minissérie
Misto de ficção científica com crítica social, Watchmen levou 11 Emmys, incluindo melhor minissérie e melhor atriz para Regina King.
2019. Ambientada após os eventos da clássica Graphic Novel de Alan Moore e Dave Gibbons, a série se passa em uma realidade distópica e acompanha Angela Abar (Regina King), uma detetive policial que investiga o assassinato de um colega. Neste universo, os policiais usam máscaras sobre seus rostos para protegerem suas identidades, e precisam descobrir a origem e o objetivo de um grupo supremacista chamado A Sétima Kavalaria, cujos membros usam máscaras semelhantes à do Rorschach. (sinopse: Adoro Cinema)
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NETFLIX
Nada ortodoxa – minissérie – 4 episódios
Premiada com o Emmy de Melhor Direção de Minissérie para Maria Scharader, conta a história de uma jovem de 19 anos que enfrenta a rigidez do judaísmo ortodoxo. Depois de aceitar um casamento arranjado como forma de se libertar, ela percebe que sua vida piorou e decide fugir para Berlim.
Osark – 3 temporadas – suspense
Uma das séries mais populares da Netflix, esse ano levou apenas Melhor Atriz Coadjuvante para Julia Garner (foto). A trama vai um pouco na linha de Breaking Bad, pois uma família “normal” se envolve com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O casal vai morar com os dois filhos adolescentes à beira do lago Osark. Mas nem tudo é idílico naquele lugar…
PARAMOUNT +
Schitt´s Creek – 5 temporadas – comédia
E chegamos ao arrasa-quarteirão da noite do Emmy: Schitt´s Creek levou 9 estatuetas, o recorde em 71 anos de premiação. Pouco conhecida no Brasil, essa série canadense está disponível no canal Paramount+. A má, ou melhor, a péssima notícia é que é dublada.
A história começa quando a rica família Rose, do ramo de videolocadoras, vai a falência depois de sofrer um golpe de um dos sócios. Depois de perder todos os bens, eles não vêem outra saída a não ser mudar para Schitt´s Creek, uma cidadezinha que compraram ( sim, nos EUA, se pode comprar uma cidade) por brincadeira porque o nome lembra m….
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A COLUNA “BABOU”
Peço mil desculpas por não ter alertado que dava para assistir os filmes do Festival de Cinema de Gramado no Canal Brasil/Net. Numa edição totalmente online por causa da pandemia, os concorrentes foram exibidos durante toda a semana. Agora, é torcer para que fique disponível no Now.
A cerimônia de encerramento será transmitida pelo canal Brasil, ao vivo, direto do Palácio dos Festivais, no sábado, 26, a partir das 21h.
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COMEÇOU O FAM 2020
Começou na quinta-feira (24/09) a 24° edição do Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM, adaptada ao novo momento em que estamos vivendo. O público vai poder assistir da sua própria casa as melhores produções recentes da América Latina.
Todos os filmes serão exibidos na plataforma de streaming Innsaei.tv, que pode ser acessada tanto pelo computador, como no tablet, smartTV e até mesmo pelo celular. A programação diária fica disponível durante 24 horas, quando entra uma nova seleção, sempre às 17 horas, e os filmes podem ser revistos nesse período. Os ingressos custam apenas R$ 5,00. O Festival segue até 30/09.
No site você encontra toda a programação, www.famdetodos.com.br.
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THE END
(*) Fotos reprodução/divulgação