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Miguel Livramento deixa seu nome escrito na história da comunicação Catarinense

Miguel Livramento deixou um grande legado ao jornalismo esportivo

Miguel Aroldo Livramento, 81 anos, vai embora deixando um legado no rádio esportivo de Santa Catarina. Morreu silenciosamente em casa na noite desta quarta-feira (2) deixando órfãos uma legião de ouvintes que reuniu ao longo de mais de 50 anos de carreira no rádio e na televisão. Um ícone na narração esportiva, com seu estilo irreverente e marcante pelos bordões que entraram para o anedotário da Ilha. Era chamado no meio rádio como o Narrador da Moda. Alcunha recebida por andar elegantemente vestido, calças vincadas e invariavelmente com o seu par de sapatos brancos sem meia, estilo que só ele tinha. Natural de Biguaçu, nunca renegou as origens e era chamado carinhosamente de calça curta pelo comentarista Paulo Brito, que por muitos anos dividiu com ele a bancada do Debate Diário, da rádio CBN Floripa.

Sua marca registrada

Conheci Miguel Livramento ainda garoto, ouvindo seu programa na Rádio Jornal A Verdade. Na cobertura dos jogos era repórter de campo e mais tarde passou a narrador. Terminou como comentarista. Nunca escondeu a sua paixão pelo Avaí. Crítico ferrenho de jogadores com pouca qualidade técnica. Não perdoava ninguém, mas tinha como ídolo seu conterrâneo Marquinhos Santos, o galego como costumava chamar.

Encontro das feras no campo do BAC

Miguel Livramento passou por praticamente todos os prefixos da cidade. E dividiu a bancada do Bola em Jogo com Roberto Alves, dupla imbatível de audiência na cidade. Depois revivida no Jornal do Almoço, da RBS. A parceria com Bob Alves começou no rádio, nos tempos da Guararema e sua enorme audiência. Avançou depois para a televisão, com os programas na TV Cultura. Poderíamos aqui escrever um livro e não contaríamos tudo que esse baixinho irritante fez ao longo de sua vitoriosa carreira.

Equipe de peso na CBN e RBS

Passei a trabalhar com Miguel na RBS e CBN Diário. Ganhei como missão do nosso presidente à época, Sérgio Sirotski, e do diretor de jornalismo Claiton Selistre, iniciar a conversa para sua contratação. Fiz uma visita em sua residência no Parque São Jorge e alinhavamos o novo desafio. Foi um momento importante porque Miguel Livramento assumiria uma nova função como comentarista. Ele narrou pela CBN Diário seu último jogo na Ressacada, em 2006, derrota de virada do Avaí para o Coritiba, pela Série B. Tive o privilégio de ser seu chefe na CBN Diário por longos oito anos, período de grande aprendizado e muitas polêmicas, sempre por conta de seu estilo irascível com futebol ruim.

Com Cleber Santana no Debate Diário

Conta aí Miguel: “O homem que não tem coragem, não casa com mulher bonita”; “No futebol ninguém me engana, as pessoas me decepcionam”; “Pela estrada velha sentado no banco da roda”; “Uma surra de arame farpado”; “Conta aqui pro bonequinho”. Bom, vamos parar por aqui. A toda hora surgia um bordão diferente ou uma frase de efeito. Saia sempre ao natural. Talvez pela proximidade com os passarinhos, os passeios com as gaiolas e os jogos de dominó.

Miguel Livramento será sempre lembrado pelo seu jeito carinhoso de tratar as pessoas. Aquele cara que descia o Morro da Cruz com seu Mitsubishi Eclipse.  Vá em paz Miguelzinho. Sua alegria e sua amizade estará sempre entre nós. Quis o destino que sua despedida viesse no Centenário azurra, faltando menos de um mês para esta grande festa no dia primeiro de setembro. Por certo seu nome será lembrado para a medalha de honra ao mérito Saul Oliveira, a maior honraria do Clube. Obrigado por tudo, meu querido.

Registro histórico com ícones da crônica: Soncini, Roberto e Fernando Linhares

 

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