Um ensinamento nos bastidores de rádio e tv é jamais falar algo indesejável ao microfone, mesmo que esteja fora do ar. Sempre tem alguém ouvindo.
A equipe titular de esportes da Globo, que fez o primeiro jogo entre Flamengo e São Paulo, esqueceu disso e foi vítima de um vazamento no intervalo quando a emissora rodava o intervalo comercial. Surgiu em off um bate-papo de sete minutos, iniciado pela cabine onde estavam Luís Roberto, Roger Flores e Ricardinho e encampado pelo repórter Eric Faria com críticas duras ao técnico Sampaoli, a quem chamou de “imbecil”.
Apesar do incidente, Eric foi mantido para o jogo decisivo de ontem, numa escala altamente questionável, por colocar no mesmo ambiente o autor e a vítima do comentário agressivo.
Interessa saber?
O vazamento de áudio lança um debate sobre o que é pessoal e o que é profissional. Interessaria em algum momento saber o que o repórter acha do Sampaoli?
Sem dúvidas, não. A função de Eric é fazer reportagem, o que aliás faz burocraticamente em seus mais recentes trabalhos, mantendo viva a lembrança de Tino Marcos.
É uma confusão muito comum entre comunicadores que utilizam as redes sociais para caça de clics, misturando opinião pessoal com profissional.
Como no caso de Eric, a máscara cai e nem sempre revela o melhor das pessoas.
Antes
A Globo tem vários antecedentes semelhantes ao episódio Sampaoli, sendo o mais notório os comentários racistas de William Waack, gravados em 2016 e publicados em 2017. Waack, então de muito prestígio na casa como âncora do Jornal da Globo, foi gravado, antes de um vivo, dizendo: “Tá buzinando porque, seu m… do cacete. Não vou falar porque eu sei quem é. É preto. É coisa de preto”.
Diante da repercussão pública do vazamento, William foi afastado do jornal e depois da emissora. Hoje é apresentador de programa noturno na CNN.
Investigação
Os recentes escândalos revelados pela Operação Mensageiro, envolvendo prefeitos, e o da corrupção de funcionários da Floram, mostram que seria bom um investimento se o jornalismo regional tivesse equipe com repórter investigativo.
Há espaço para atuação, como mostrou a série de trabalhos do jornal ND sobre o estouro do reservatório da Casan e a empresa responsável pela construção, bem como a cobertura que a NSC fez até agora da Mensageiro.
Repórter investigativo é uma profissão de destaque na imprensa mundial, e requer cuidados para preservação dos profissionais, entre outros requisitos.
E também exige uma boa dose de paciência das direções de jornalismo para suportar a pressão que esse tipo de trabalho sempre traz.
Vida
Muito oportuna a campanha da NSC “A vida com vida” pela doação de órgãos, na semana nacional de doação. Só em Santa Catarina são 1.403 na fila de transplante, sendo que 796 esperam por um rim.
A campanha, ilustrada por banners como este abaixo, foi enriquecida com três reportagens de Ricardo Von Dorff, feitas com a sensibilidade característica dele.
Cadê o W?
Globo Esporte também se equivocada nos caracteres. Faltou um “W” para o nome de Walewska.
A morte da ex-jogadora de vôlei aos 43 anos causou forte impacto. A mídia, em geral, tratou o assunto com cautela porque a polícia acredita em suicídio.
Que momento!
O esporte brasileiro teve dois momentos significativos no final de semana: a classificação do vôlei feminino brasileiro para a Olimpíada de Paris, e a final da Copa do Brasil com mais de 60 mil torcedores no estádio do Morumbi.