É possível que você não saiba exatamente quem é Casimiro Miguel, mas 4 milhões sabem: foi a audiência da CazéTV, na transmissão pela internet do jogo Brasil x Camarões. É um fenômeno no Youtube e nas plataformas Twicht, Amazon e Fifa+. Já bateu o recorde brasileiro de visualizações no Youtube, com mais de 6 milhões de assistentes no jogo anterior, contra a Sérvia. A meta é atingir 10 milhões de inscritos no canal até o fim do mundial.
Casimiro, com 29 anos, já é muito experiente em conteúdo, tendo começado no canal Esporte Interativo. No início deste ano ainda comentava esportes para o SBT Rio. A sua maior jogada foi fechar uma parceria com a empresa Live Mode que detém os direitos da Copa do Qatar para o meio digital. A Globo abriu mão desse mercado e provavelmente deve ter se arrependido, pois a CazéTV acabou somando junto ao público jovem, que é o grande desafio do meio tradicional.
Casemiro montou uma equipe profissional para transmitir os jogos e ele participa como uma espécie de observador/torcedor, fazendo comentários engraçados. Algumas piadas são infames e desbocadas, como na partida contra a Suiça “Se a Suíça faz um gol, a gente tava numa merda federal. Não pode ficar… posso falar? com o c… na seringa.” Na bola rolando o conteúdo da CazéTV é semelhante ao que já tem no mercado, narradores profissionais e jogadores comentando. Pelo visto preocupa a equipe Globo, pois comentaristas e narradores andam dizendo gracinhas, provavelmente motivados pelo modelo Casimiro.
Há uma torcida no meio jornalístico pelo surgimento dessa opção, vários cronistas já falaram da CazéTV – e vão continuar falando – em uma espécie de empatia David contra Golias. E o idealizador vai faturando com isso: estimasse que nos últimos dias Casimiro ganhou mais de 800 mil reais em 11 dias de patrocínios.
Fim de era?
A reportagem esportiva em televisão vive um de deus piores momentos. Parece que acabou uma era com as aposentadorias de Tino Marcos e Marcos Uchôa, quando era possível esperar alguma informação que saísse do lugar comum e do oficialismo.
Hoje, os repórteres – incluindo a maioria dos que estão no Qatar – parecem estátuas falantes em frente a hotéis e fora dos estádios. Não dizem nada de novo, repetem dia a dia as mesmas coisas e aquilo que treinadores e jogadores dizem nas entrevistas marcadas pela FIFA. Zero em fontes, zero em iniciativas.
Olha que bom!
Longe ou no Qatar nem tudo está perdido. Há bons desempenhos profissionais.
Exemplo 1: é Barbara Coelho. Apresentadora do Esportes Espetacular – acostumada a ler teleprompter – foi para uma banca de debates no SporTV e mostra que entende de futebol. Com autoridade e elegância. Veja aqui.
Exemplo 2: o comunicador da Rede Atlântida, Rodrigo Adams, apresentador do programa Despertador, foi para o Qatar e tem escrito no jornal Zero Hora textos bem diferenciados do que está vivendo por lá.
Exemplo 3: Cecília Flesch e Filipe Cury fazem uma integração excelente falando em Copa no “Em Ponto”, da GloboNews. Vela a pena dar uma olhada.
Merchan
Neymar só participou de um jogo até hoje, mas não deixou de aproveitar a oportunidade para fazer merchandising. Ao voltar, no intervalo da partida contra a Sérvia, ele entrou em campo sem a camiseta (foi colocando aos poucos) que é da Nike, patrocinadora da seleção mas que cancelou contrato com ele, e reteve logo ao entrar em campo para amarrar as duas chuteiras. A TV não mostrou, mas era um merchandising da Puma, sua patrocinadora.
Vamos ver se nesta segunda-feira, contra a Coréia do Sul, Neymar vai além do merchadising.
Angela
A multipremiada repórter do Diário Catarinense – antes, um jornal impresso regional, hoje um apêndice digital do NSC total – Angela Bastos não para no tempo. Agora, ela abre espaço no Youtube e publica o diário de bordo, onde conta um pouco sobre as belas reportagens que faz. Serve para nós leitores, internautas, e para aqueles que acham que estão sabendo reportar hoje em dia. Acompanhe a amostragem do que Ângela anda fazendo:
Buuuu!
A torcida não perdoa: presidente da FIFA, Gianni Infantino, é vaiado quando sua imagem surge nos estádios da Copa. Resultado de declarações homofóbicas e, sem dúvida, do histórico de rolos da entidade.