A mídia tradicional vive. Coube ao jornal “O Estado de São Paulo”, 148 anos de fundação, ainda resistindo no impresso, a primazia de uma das notícias mais impactantes dos últimos dias. A revelação de que a família Bolsonaro tentou trazer para o país, de maneira ilegal, joias avaliadas em mais de 16 milhões de reais.
Foi um presente recebido por Michele Bolsonaro em viagem a Arábia Saudita e, como tal, pertenceria ao governo. Mas, conforme várias reportagens do jornal, houve a tentativa de trazê-las escondidas dentro de uma obra de arte em bagagem de um subalterno do ministro de Minas e Energia. Foi apreendida pela Receita Federal logo depois de serem identificadas no raio x.
Houve, ainda segundo o Estadão, várias tentativas de pressionar a Receita para liberar as joias antes da família deixar o palácio do Planalto em dezembro do ano passado.
Toda a imprensa agora trata do assunto. Foi a CNN que ouviu a versão de Jair Bolsonaro onde ele diz que “estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade de minha parte”. Já tem, inclusive, notícias que outras joias transportadas ilegalmente, vindas também dos Emirados, mas que passaram no crivo da fiscalização.
Nesses momentos é que conta a importância da imprensa livre e sem amarras. Esse assunto vai render mais alguns dias nas manchetes e provavelmente vai morrer como outras denúncias e escândalos que têm na praça. Será difícil provar que houve a intenção de dolo no caso das joias; só que lá no fundo, independente de crença política, fica a sensação de que as vezes somos uma república de bananas.
Memes
Esse caso rendeu centenas de memes na internet, entre os quais o que está aqui embaixo.
Pequeno
Em Joinville, o jornalista Leandro Schmitz foi demitido cinco minutos depois de publicar uma denúncia de trabalho semelhante à escravidão em unidade da prefeitura. Eram 13 funcionários almoçando em um local reservado para cães e outros animais.
A responsável pela demissão foi o jornal local Folha Metropolitana. Em nota tentou justificar a demissão como ajuste de reestruturação e que o jornalista, também funcionário da prefeitura, tinha pouco tempo disponível para o jornal.
Por sua vez, Leandro, ouvido pela revista Forum, disse que foi contratado pelo jornal ciente do seu horário: “Essa repercussão toda não estava em meus planos. Quem vai decidir se é trabalho análogo à escravidão é o Ministério Público. Como jornalista, eu apenas dei as duas versões sobre o assunto”.
O fato é que o timing da demissão – logo imediatamente após publicar a denúncia – prejudica bastante a versão do jornal e mostra as dificuldades que os jornalistas regionais enfrentam, inclusive por estarem muito próximos do poder municipal .
Denúncias
Cacau Menezes deu espaço na coluna de sábado para advogado local que questiona a atuação do Gaeco e autoridades policiais por falta de “causa provável”. São citadas operações como a Mensageiro, brilhantemente conduzida pelos investigadores que já colocaram na cadeia sete prefeitos. Diz a fonte que o “agente público sequer tem indício ou prova ou de possível malversação do dinheiro e gestão pública”.
Muito estranhas as colocações do advogado que diz que a sociedade catarinense está preocupada com isso.
Não sei não, tenho a impressão que a sociedade catarinense, ao contrário do citado, está satisfeita com a atuação das autoridades na moralização da atividade pública e em colocar na cadeia os bandidos de colarinho branco.
Série B
Há uma grande preocupação dos clubes da série B com a ameaça de ficarem fora das transmissões da TV aberta. Globo e SBT praticamente desistiram do negócio ao oferecerem 80 milhões em direitos diante dos 220 milhões pagos no ano passado.
A negociadora dos direitos procurou a Band para tentar salvar o negócio. A emissora estaria consultando possíveis parceiros comerciais para ver se viabiliza uma verba maior para os 20 clubes.
Narrador CBN
A CBN Floripa, que este portal mostrou vem enfrentando problemas de audiência na concorrência com Jovem Pan (leia aqui), está pisando na bola mantendo na equipe só um narrador titular.
Ontem, no jogo do Avaí, escalou de narrador o repórter Mateus Boaventura. O rapaz tem futuro e já ocupa positivamente vários espaços na rádio. Daí a narrar futebol fica ruim para ele e muito mais para a emissora.
E não tem ninguém avaliando o que se passa.
Narrador de futebol tem que ter voz e ritmo de narrador de futebol.