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|Opinião| O peso das palavras: uma frase infeliz depois de uma provocação deplorável

Foto: Luiz Inácio Lula da Silva / Crédito: reprodução.

Uma frase desnecessária e completamente descontextualizada da luta das mulheres. Gleisi Hoffmann se tornou Ministra das Relações Institucionais por ser combativa e somar no atual embate do Governo Lula, buscando popularidade e para emplacar narrativas favoráveis ao governo, já que os dados favoráveis por si só não são suficientes. Para quem ainda não percebeu, a guerra não é apenas econômica, mas, sobretudo, uma disputa pela valorização e distribuição de informações que podem influenciar as expectativas em relação ao Brasil – e, claro, a corrida já é para as eleições de 2026. Mesmo com dados consistentes no crescimento do PIB, geração de empregos, aumento da renda e exportações, etc., o ataque sempre mira um calcanhar de Aquiles.

Foto: Jair Bolsonaro, ex-Presidente do Brasil.

Qual calcanhar de Aquiles atacar? Depende da semana: ora o déficit fiscal, ora a taxa de juros, ora a especulação sobre o dólar, ora a inflação dos alimentos. Agora, o alvo é uma frase dita na quarta-feira (12), durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, em que Lula afirmou aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que busca se aproximar do Legislativo e, para isso, colocou uma “mulher bonita” na articulação política. A declaração veio como resposta a uma afirmação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, em vídeo compartilhado por seu filho, o vereador de Balneário Camboriú, Jair Renan, disse que “as mulheres petistas são ‘feias’ e ‘incomíveis’”. Se a frase de Lula causou tanto espanto, o que dizer da frase de Bolsonaro? Deplorável.

Apesar do crescimento econômico e da redução do desemprego, as mulheres continuam enfrentando barreiras estruturais no mercado de trabalho. Dados recentes mostram que, apesar de chefiarem 52% dos lares brasileiros, ainda são as mais afetadas pelo desemprego, pela subutilização da força de trabalho e pelos menores salários. Entre diretoras e gerentes, por exemplo, a diferença salarial chega a R$ 40 mil por ano. Além disso, a sobrecarga dos afazeres domésticos e do trabalho de cuidado não remunerado impacta diretamente na trajetória profissional, limitando oportunidades e reforçando desigualdades históricas.

Nesse contexto, quando surgem declarações infelizes e provocativas, que tentam desviar a atenção da realidade, o mais estratégico não é dar palco à ignorância, mas sim reforçar a urgência das pautas que realmente importam. Em um país onde 3,7 milhões de mulheres estão desempregadas e onde a equidade salarial ainda é um desafio distante, é um desperdício de energia transformar polêmicas superficiais em debate nacional. A desigualdade de gênero no mercado de trabalho não é uma questão de opinião, mas sim um problema econômico e social que exige medidas concretas, não frases vazias.

 

Violência contra mulheres na política

As provocações mútuas entre o ex-presidente e o atual ganham um novo capítulo: A primeira-dama Janja da Silva trancou sua conta no Instagram na noite desta quinta-feira (13) após sofrer ataques misóginos, em um episódio que se soma à agressão verbal dirigida à ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, pelo deputado Gustavo Gayer. O comentário de Aline Midlej na Globo News destacou a conexão entre esses episódios, ressaltando como a violência política de gênero se manifesta e se perpetua. A exaltação da aparência da nova ministra da Articulação pelo presidente, em vez de suas competências, gerou uma repercussão que alimentou ataques subsequentes, demonstrando como o machismo estrutural opera na arena pública. O encaminhamento do caso de Gleisi ao Conselho de Ética é um passo essencial para estabelecer limites e educar sobre respeito na política, assim como identificar e responsabilizar aqueles que promovem ataques à primeira-dama. Se tais ações não forem combatidas com desdobramentos legais, a democracia e as instituições que a sustentam se enfraquecem, permitindo que a violência política contra mulheres continue sem freios.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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