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UMA MULHER DESAJUSTADA

Um dos trabalhos mais intensos e difíceis que eu assisti no teatro nos últimos tempos, com  performance de uma grande atriz e mais de três décadas dedicadas à cultura regional, na  diversidade de seus projetos e seu talento nos palcos. O teatro de Florianópolis é de ótima qualidade, com muitos grupos de tradição e novos realizando grandes montagens que em nada ficam devendo ao que é feito em outros lugares. O que falta mesmo é o público ver e acreditar mais, perceber o quanto nossos artistas são talentosos e como o teatro local é tratado com esmero, responsabilidade e capacidade.

Digo isso para falar da peça “Desajustada”, com a atriz Vanderleia Will, que estará em cartaz no dia 29 de  abril, no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), em Florianópolis. Uma obra  imperdível de ser apreciada.

Em 2023 Vanderleia Will está completando 35 anos de carreira dedicados aos palcos e à arte de fazer rir. Nascida em Florianópolis, é fundadora da Cia Pé de Vento Teatro, uma das companhias mais antigas e atuantes do estado, que também comemora este ano 25 anos de trajetória.

Para celebrar, serão várias atividades, apresentações, oficinas, projetos e circulações com o repertório da Cia. pelo Brasil. Uma dessas celebrações é a peça Desajustada.

É um espetáculo cômico, sem palavras, que utiliza o ridículo exacerbado de uma mulher condicionada ao seu cotidiano para refletir sobre uma estrutura social limitante. Gags, pitadas de mágica, truques e pequenas ilusões, colaboram para apresentar com uma capacidade extremamente sensível um enredo que nos faz refletir sobre como as estruturas  patriarcais podem aprisionar o corpo, a fala e os destinos das mulheres.

O projeto, que marca o encontro de Vanderleia com a diretora Lily Curcio, da Cia Seres de Luz Teatro de Campinas/SP e a atriz Milena Moraes (Cia La Vaca/SC), que atuou como artista provocadora.

Com sessão única, “Desajustada” será  às 20 horas, no TAC. Os ingressos estão disponíveis em www.blueticket.com.br. E você pode ter certeza, vai dar muitas risadas, mas também  permitir muitas lições e consciência sobre a condição da mulher em todos os tempos.

Fotos/VANESSA SOARES

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“ECOA” – RECORTANDO A DOR

Mais de 300 depoimentos de mulheres que ouviram frases abusivas de seus companheiros são o mote da exposição “Ecoa – recortando a dor”, que está na Sala Lindolf Bell I, do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. A artista Ana Terra apresenta uma série de trabalhos realizados com a técnica do papercutting, uma arte tradicional chinesa de cortes em papel.

Com delicadeza e precisão, Ana manuseia o bisturi para fazer esses recortes formando uma espécie de bordados com papéis. Ao tocar na ferida emocional como ponto de partida, Ana Terra trabalha com essas memórias introduzindo traços delicados e incisivos.

Fotos/SÉRGIO VIGNES

As frases que movem o trabalho aludem ao psicológico, emocional e político no universo feminino. Desta maneira, o Projeto Ecoa traz a força e a delicadeza, trabalhando o corte de maneira “afiada”. “Ouvir minhas próprias dores foi o ponto de partida para ouvir a dor alheia. E toda essa dor ECOA, porque quando achamos tê-la superado, ela volta reabrindo cicatrizes. Esta mostra é portanto, um convite à reflexão, tanto para o agressor quanto para a vítima, porque muitas vezes, nem um, nem outro se percebe como tal”, destaca a artista.

Para amplificar a atmosfera sensorial, a mostra conta com uma trilha sonora que ambienta o espaço. Composta pelo músico Bruno Moreira especialmente para ECOA, a trilha mescla os sons do violoncelo e da alfaia às frases entoadas por vozes de mulheres convidadas. A exposição pode ser vista até o dia 24 de março e a entrada é gratuita.

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“EM NOME DE CRUZ E SOUSA”

Busto CRUZ E SOUSA – Praça XV Florianópolis

E também sala do Cinema Gilberto Gerlach, no Centro Integrado de Cultura (CIC), hoje, 5 de abril, acontece o lançamento do documentário “Em nome de Cruz e Sousa”, que reconstrói a trajetória de um coletivo pioneiro que reunia homens negros em Florianópolis nos anos 1920. O curta-metragem foi realizado com recursos públicos do Prêmio Catarinense de Cinema.

A sessão de estreia de “Em nome de Cruz e Sousa” será às 19h30, com entrada gratuita e será seguida de bate-papo com presença da equipe do filme.

O busto do poeta negro Cruz e Sousa, que hoje está na Praça XV de Novembro, no centro de Florianópolis, tem história. Neste mês de abril de 2023 sua inauguração está completando 100 anos. O que pouca gente sabe é que ele foi fruto da mobilização da comunidade negra da cidade. O Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, uma associação de homens negros fundada em 1920, promoveu esta homenagem 25 anos depois da morte de do poeta catarinense. O curta-metragem, baseado em extensa pesquisa histórica e iconográfica, apresenta a trajetória deste coletivo no contexto da presença e do protagonismo da população negra em Santa Catarina nos anos 1920.

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” SOCORRO FURTADO”, DE ROBERTSON FRIZERO

O premiado escritor Robertson Frizero acaba de lançar “Socorro Furtado”, escrito há 15 anos. Foi o primeiro romance escrito pelo autor. Revisitada, a obra ganhou uma edição especial feita pela Editora Entrecapas. O original de “Socorro Furtado” surgiu na celebrada Oficina de Criação Literária do professor Luiz  Antonio de Assis Brasil em 2008, mesmo ano que recebeu Menção Honrosa no Prêmio Literário Cidade de Manaus. “Revisitar um romance todo esse tempo depois de escrito é uma tarefa difícil, uma aventura  para qualquer escritor”, assinala Frizero. “Muitas crenças daquela época já não existem mais, meu texto hoje é bem mais límpido – então, o original precisava ser revisto. O cerne da história, contudo, continuou”, complementa. Frizero aponta como atrativos ao leitor a brevidade do livro e sua estrutura narrativa. “A linguagem deste romance também é diferente de meus outros trabalhos. Há uma busca por marcar o tempo da história pela escolha vocabular e sintaxe, e o narrador traz em seu olhar sobre o mundo muito do preconceito e da hierarquia social reinantes naquele ambiente”, descreve.

Robertson Frizero ficou conhecido nacional e internacionalmente com seu romance Longe das aldeias, publicado pela editora Dublinense em 2015. À época, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e escolhido o Romance do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores (AGES).  Desde então, o livro ganhou leitores até do outro lado do oceano, com sua publicação em árabe indicada ao Prêmio Jabuti. Frizero, carioca de nascimento, trocou Porto Alegre depois de vinte anos pelo Campeche, em Florianópolis, onde mora desde 2020. Além de escritor, dramaturgo e poeta, ele é professor de  criação literária e gestor do grupo Literatura Mínima e do Clube de Criação Literária.

“Socorro Furtado” conta a história de um estudante de Medicina, mais importante morador de uma pensão modesta nos últimos anos da década de 1940, que descobre uma insuspeitada paixão pela mais tímida e reclusa das hóspedes – e presencia uma tragédia anunciada, que afetará a dinâmica da casa de forma surpreendente e definitiva. Os segredos da moça pacata, de gestos pequenos e voz recolhida, é o fio condutor nesta obra que pode surpreender os leitores dos romances anteriores de Robertson Frizero.  A edição está disponível para venda em diversas plataformas digitais, entre elas a Amazon.

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FLORIPA MOTO WEEK

Foto/FERNANDO EVANGELISTA

Começa nesta sexta, dia 6 de abril, e prossegue durante todo o final de semana da Páscoa, o Floripa Moto Week, que  será realizado no Stage Music Park, em Jurerê, e promete reunir  60 mil pessoas. Maior encontro de motociclistas do Sul do Brasil e com estrutura de 43 mil m² de área construída, o evento terá lojas, praças de alimentação e palco para shows. Entre as bandas, destaque para Raimundos, Ira, Alta Voltagem e Firewall. Os ingressos estão disponíveis no site da Blueticket. A entrada é gratuita no domingo de Páscoa.

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ASTRONAUTA DE PANO

Foto/DIVULGAÇÃO

A Fundação Cultural BADESC recebe a partir de amanhã  6 de abril, a exposição Astronauta de Pano. Selecionada no Edital 2023, a mostra do Coletivo de Pano apresenta trabalhos dos artistas Jérémie Bonheure, Deborah Seixas Xavier, Naiara Alice Bertoli e Ruth Steyer.  Segundo a organização do projeto, a exposição, que é inédita, recebeu o mesmo nome do curta-metragem realizado pelos artistas e começou a ser trabalhada ainda em 2019.

“Fabricamos uma parte dos objetos durante a pesquisa para um filme super 8. E dois anos depois, em 2021, após conseguirmos um financiamento, foi possível ampliar a pesquisa e desenvolver outros elementos do planeta no qual o astronauta aterrissou, bem como as ferramentas e tecnologias do personagem”, destaca Jérémie.

A mostra é composta por 16 obras. Além de apresentar o filme Astronauta de Pano, que é um estudo de 2 filmes, um em super 8 e o outro em vídeo, os visitantes vão poder ver de perto os objetos que fazem parte do mundo do astronauta, como a nave, ferramentas de comunicação, os objetos-personagens do mundo das criaturas de vento e desenhos que fizeram parte do processo de elaboração do universo.

“A exposição se trata da viagem de uma astronauta explorando mundos afora, lidando com solidão e encontros inusitados, por meio de técnicas rudimentares e poéticas”, explica o curador Jérémie Bonheure. A abertura da exposição será a partir das 19h. A entrada é gratuita.

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“A MESA” VAI GANHANDO FORMA 

Foto/CRISTIANO PRIM

A Sala M., no Porto da Lagoa, na Ilha de Santa Catarina, um espaço privado, acolhe parte das oficinas que integra o projeto A Mesa, com conceitos de montagem que começam a se estruturar neste mês, tendo como base os conhecimentos teóricos e práticos ministrados entre fevereiro e março. Tejas, atriz, palhaça, pesquisadora, diretora e professora encerrou a oficina de máscara, um recurso que envolve a montagem cênica que será apresentada no Sesc Prainha, nos dias 5, 6 e 7 de maio.

O processo de formação e criação em favor de um novo trabalho artístico é conduzido por Diana Gilardenghi, Bia Vilela, Vera Torres, Lucila Vilela e Tejas. Juntas, embasam o trabalho que propõe um mergulho na história da dança para aludir, a partir da memória e do tempo contemporâneo, reflexões sobre a sociedade, a arte, a política e a condição humana. A iniciativa de pesquisa e formação voltada às artes do corpo evoca “A Mesa Verde”, obra clássica da história da dança alemã criada por Kurt Jooss (1901-1979). Por meio da cena inicial do espetáculo realizado na Alemanha, a proposta resulta em uma formação diferenciada em dança em Florianópolis para possibilitar quatro apresentações de uma montagem que poderá ser vista gratuitamente.

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HENRIQUE E JULIANO NUM SHOW DE SUCESSOS 

Foto/DIVULGAÇÃO

A dupla Henrique e Juliano faz show no Hard Rock Live Florianópolis neste sábado, 8 de março. O show será com os grandes sucessos, como “Flor e o Beija-Flor”, “Vidinha de Balada”, “Na Hora da Raiva”, “Cuida Bem Dela”, “Liberdade Provisória”, “Quem Pegou, Pegou”, “A Maior Saudade”, “Acordo”, “Rasteira”, “Chá de Casa Nova”, “Eu e Eu”, “Universo Conspirou” e “Culpados”.

Mais recentemente, a dupla lançou “Manifesto Musical Ao Vivo (2022)”. Passaram meses recebendo compositores e totalmente focados em produzir.  A canção que iniciou os trabalhos do projeto foi “Arranhão”, que logo virou sucesso. E a dupla está animada com   o show de sábado. “Subimos no palco para aproveitar o momento que temos com aquelas pessoas que saíram de suas casas para nos ver”, frisa Henrique. Os ingressos estão disponíveis no site guicheweb.com.br.

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Uma FELIZ PÁSCOA e até a coluna da próxima semana.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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