Portal Making Of

Ângela Bastos e a grande reportagem

[ad_1]

Ângela Bastos e a grande reportagem

Divulgação

Jornalista de profissão, repórter por opção. Assim se define Ângela Bastos, a convidada da coluna de hoje, uma das repórteres mais experientes e premiadas de Santa Catarina. Para mim, uma tarefa ao mesmo tempo fácil e difícil, falar sobre uma colega de profissão, com muitas vivências em comum, em carreiras com distintas atuações, mas dentro do jornalismo e da comunicação. Portanto, se em algum momento eu opinar sobre a repórter e o ser humano Ângela Bastos, podem ter certeza que é resultado daquilo que nos liga como profissionais e pessoas.

Nas últimas duas décadas, o trabalho dos jornalistas mudou muito, dada a velocidade com que as informações precisam chegar ao público, na comunicação digital, na complexidade das audiências e nos hábitos de consumo de informação, num cenário sem limites às possibilidades de produção de conteúdo e negócios. É nesse contexto, transformado e acelerado, que a jornalista Ângela Bastos fez sua escolha pela grande reportagem, pela dedicação em esgotar ao máximo um assunto, investigação, pesquisa e estar presente no local onde está a fonte da informação, preservando a identidade do jornalismo, o tempo e o espaço para uma história ser bem contada. Nos últimos anos, a jornalista passou a compor suas reportagens com a TV aberta e plataformas digitais, numa integração multimídia. “Não faço meu trabalho pela audiência, escrevo histórias para que sejam lidas e vistas, que possam ajudar a transformar a vida das pessoas. Se o público gosta e isso se traduz em audiência, a satisfação é exercer o meu papel como jornalista”, diz Ângela Bastos.     


Prêmio ACI/OCESC – foto/DIVULGAÇÃO

O último reconhecimento, entre tantos outros, aconteceu nesse começo de ano, quando recebeu o Prêmio da Associação Catarinense de Imprensa/OCESC de Jornalismo, nas categorias Texto e Audiovisual, com as reportagens “De volta pra casa” e “Assalto ao trem pagador”, justamente no Dia do Repórter, 16 de fevereiro.

Ângela descobriu o jornalismo quando estudava Letras na cidade de Rio Grande (RS), ajudando na produção do jornal da universidade. Depois estudou jornalismo e há trinta anos está na carreira, com uma passagem de quatro anos pelo Jornal Zero de Hora de Porto Alegre e até hoje trabalhando nos veículos da então RBS, hoje na NSC Comunicação. Ela conta que vem de uma família simples, sem grandes estudos, mas interessada em informação. Era comum na sua casa ouvir rádio, ver noticiários de televisão e volta e meia o pai chegava em casa com uma edição da revista Manchete. Todo esse ambiente só fez despertar sua atenção pela comunicação, tanto que aos oito anos já queria ser repórter, sem saber o que isso significava, mas interessante porque falava no rádio e aparecia na tv. Nos primeiros anos, como a maioria dos repórteres, escrevia sobre tudo na editoria de Geral, no linguajar do jornalismo uma “geraldina”, fazendo rondas de polícia, trânsito, política e até futebol, o que segundo Ângela foi determinante para a sua formação de repórter. 

Em Santa Catarina, sua entrada foi pelo Diário Catarinense e as primeiras pautas que recebeu foram de polícia. Uma delas foi escrever sobre uma série de estupros na Praia da Joaquina para a edição especial de domingo. Com seu olhar atento, foi bem além dos fatos, se aprofundou na questão ouvindo moradores e levantando informações que tornaram a reportagem uma história que ia muito além dos relatos policiais.

Estava aberto o caminho no jornal para as reportagens especiais, com foco nos olhares da repórter e a busca de detalhes e investigações sobre diferentes temas. Foi o próprio jornal que a definiu como repórter especial, aumentando os desafios da jornalista. Ângela não perdeu a oportunidade e foi se aprofundando, estudando sobre direitos humanos, políticas públicas, a Constituição, fez cursos, participou de seminários e congressos, uma soma de conhecimentos que determinaram a sua formação de repórter especial, aumentando sua responsabilidade com o jornalismo e o impacto dos temas que abordava na vida das pessoas e a cobrança por mudanças e soluções.

Com a evolução do jornalismo para o universo digital e multimídia, o trabalho de Ângela Bastos, que já tinha grande visibilidade no impresso, ganha ainda mais destaque em diferentes veículos, nunca deixando de ser reportagem especial. Pelo contrário, a abordagem de muitas questões precisou de novos aprendizados para trazer os assuntos com a mesma profundidade em todos os veículos, exigindo da jornalista o diálogo com diferentes profissionais e as técnicas da cada mídia, numa atualização constante da maneira de oferecer jornalismo de relevância.


DO IMPRESSO AO DIGITAL, A PREOCUPAÇÃO COM O RELEVANTE
foto/DIVULGAÇÃO

Ao longo do tempo Ângela Bastos construiu um acervo de reportagens que impactaram e provocaram o debate e a busca de soluções. Histórias carregadas de informações e emoções, sempre com evoluções na maneira de fazer, mas sem perder a essência do jornalismo, que deve ser revelador, provocador e ajudar as pessoas a viverem com mais dignidade. Reportagens feitas dentro e fora do país trouxeram a visão da repórter sobre temas complexos, como recentemente quando Ângela produziu a reportagem “Cartas na pandemia”, com relatos daqui e de campos de refugiados pelo mundo.

Destaque também para a reportagem “As quatro estações de Iracema e Dirceu”, que revela a miséria de uma família catarinense vivendo abaixo da linha da pobreza. Ângela acompanhou a vida de um casal aqui e a origem dos antepassados na Alemanha. 

Outra história marcante na vida de Ângela, no começo da carreira, mas já como repórter especial, é sobre um menino carteiro de Campo Belo, na Serra Catarinense, que sonhava receber uma carta e não só entregar cartas. O menino recebeu cartas do Brasil inteiro e teve a vida modificada pela reportagem. 

Outros temas, como violência contra a mulher, escravidão, racismo, a vida de moradores de rua e diversos direitos humanos desrespeitados são assuntos que estão nas suas reportagens especiais. A última foi divulgada neste começo de ano contando a história de um menino cego que queria ir à praia. O que mais chamou a atenção da repórter foram as reações do menino em contato com água do mar. “Só mesmo ouvindo o menino falar é que eu percebia como eram diferentes as sensações dele ao perceber o mundo e expressar os sentimentos”, conta Ângela.


VIAJANDO PELO MUNDO EM BUSCA DE HISTÓRIAS
foto/DIVULGAÇÃO

Quando chamada por colegas, faculdades de jornalismo e diferentes plateias, Ângela Bastos faz questão de lembrar que a formação do jornalista, a construção do pensamento, a leitura, investigação e a capacidade de impactar fazem toda a diferença na vida do profissional dedicado ao jornalismo de transformação local, do país e do mundo.

“Eu gosto de contar histórias, de construir narrativas humanizadas, me colocar no lugar das pessoas e tentar ajudar a mudar realidades. Eu me esforço para ser uma boa repórter e valorizar a nossa profissão”, diz a jornalista, que já está imersa em outra grande reportagem.

Ângela, obrigado pela conversa e seu interesse em contar de maneira tão dedicada e apaixonada um pouco da sua trajetória, um privilégio e um desafio para a minha capacidade de síntese. Você é sempre um exemplo a ser seguido pelo jornalismo e os jornalistas.

@angela18bastos

_____________________________________________________

 

Para celebrar os 10 anos do Projeto Cidades Invisíveis e os 4 anos do MULTI Open Shopping, será realizado no mês de março a 1ª edição do Pranchart (Arte na Prancha). A exposição, que vai apresentar trabalhos de 10 artistas convidados, abre no dia 9 de março e segue até 6 de abril, dia que será realizado um leilão beneficente para a venda das obras e os recursos revertidos para as ações do Projeto Cidade Invisíveis em Florianópolis. “Estamos completando uma década dessa jornada de impacto social, e nada melhor que celebrar envolvendo aquilo que nos move desde 2012: arte e solidariedade. Dessa vez, aproximando o surfe que é um esporte que simboliza a cidade em que nascemos. Juntos com o MULTI, vamos contribuir para o desenvolvimento social de pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade”, destaca o idealizador, Samuel dos Santos.

Alucinandinho, Danka, Driin, Juliana Tang, Julian Gallasch, Marcelo Barnero, Rodrigo Rizo, Thiago Thipan, Tuane Ferreira e o cartunista, escritor e cineasta, Zé Dassilva, são os convidados para esta edição do Pranchart. Alguns dos artistas, na sua grande maioria, residentes em Santa Catarina, já utilizaram uma prancha como suporte para expressar a sua arte.


Thiago Thipan pintando uma das pranchas do PRANCHART
fotos/DIVULGAÇÃO

Ao contrário do que eu esperava, a pandemia mudou por pouco tempo o mundo, talvez porque nessa guerra está vencendo a vacina. Mas a guerra Rússia e Ucrânia certamente vai mudar a história mundial, afinal se trata muito mais de poder e dinheiro do que vidas.

Até a próxima semana.
@anselmoprada



[ad_2]

Source link

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais: