Portal Making Of

Enfim, a libertação

Enfim, a libertação

O bordão “respeitem os meus cabelos brancos” ganhou uma atualização graças à pandemia. Explico. Às mulheres não era socialmente permitido deixarem o cabelo grisalho, sob pena de serem acusadas de desleixo. Principalmente no mercado de trabalho, era inaceitável uma mulher grisalha, enquanto que nos homens sempre foi algo louvado como charmoso, símbolo de maturidade e poder.

Ao aparecerem os primeiros fios arrancávamos os invasores com a pinça. Quando chegava num volume que retirá-los significaria abrir clareiras, a solução era tingir os invasores.

A logística feminina obrigatória para esconder os sinais do tempo incluía passar horas num salão de beleza, produtos com certa toxicidade na cabeça e um rombo no orçamento. A operação precisava ser repetida todos os meses, pois os fios insistiam em crescer e se multiplicar.

Para mim, o fim desta “obrigação” veio bem antes da Covid 19. Fiquei calva em consequência da quimioterapia e, quando os caracóis voltaram com fios brancos e pretos, curti tanto que os mantive assim.

Para outras mulheres, assumir a cor natural das madeixas só veio com o protocolo de cuidados contra o contágio do coronavírus. Sem poder sair de casa e com salões impedidos de funcionar, restou a elas tentarem uma solução doméstica ou parar de tingir.

Muitas mulheres acabaram descobrindo a beleza das mechas brancas e gostaram do que viram no espelho. Vocês já devem ter notado a profusão de cabeleiras grisalhas longas, médias e curtas andando orgulhosas pelas ruas. Uma verdadeira libertação. Agora, aquela frase inicial foi atualizada para  “admirem meus cabelos brancos”!

Se é algo passageiro, só moda, não sei. O que importa mesmo é que assumamos os brancos, sem pudor. E se quisermos tingi-los de azul, vermelho, roxo…que assim seja. A cabeça é nossa.

_________________________________________________________________________

 

PRA ENCERRAR

“Sinal dos tempos! Antes, a questão era descobrir se a vida precisava ter algum significado para ser vivida. Agora, ao contrário, está evidente que ela será melhor vivida se não tiver significado”. (Albert Camus, escrito, jornalista, romancista e dramaturgo- 1913-1960).

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais:

Hollywood manda notícias!

Cleide Klock é jornalista, formada pela UFSC-Universidade Federal de Santa Catarina e mora nos Estados Unidos desde 2009, onde é correspondente internacional.

Cine&Séries entrevista – III

Robertson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo, criador do Clube de Criação Literária e do coletivo Literatura Mínima.

Um céu de divas

Dizem que saudosismo é sinal de velhice e não devemos cultivá-lo. Mas, ter saudades de uma época, que às vezes nem conhecemos, é permitido? Espero

Para a criançada ler nas férias

Os pequenos estão de férias e nem todo dia é dia de praia ? Incentivar a leitura é a melhor estratégia para tirá-las da frente

“O homem do Norte” e outras decepções

A experiência demonstra que expectativa exagerada quase sempre acaba em  frustração. Esperei meses para ver “O homem do Norte”,  novo filme de Robert Eggers, diretor

O que tem para ver em janeiro

Depois de um fim de ano com lançamentos arrasa-quarteirões, como “Pinóquio”, de Guillermo Del Toro, e “ Avatar 2”, de James Cameron, janeiro começa meio

Inútil futurologia

Inútil futurologia                                           Infeliz é o espírito ansioso pelo futuro [Sêneca] Nós, humanos, remoemos ou sentimos saudades do passado; negligenciamos o presente e ansiamos pelo

‘Avatar 2’, ame-o ou odeie-o

‘Avatar2’, ame-o ou odeie-o Queridos leitores, temos uma nova polarização em andamento. E não é na política! O primeiro “Avatar”, de James Cameron, foi considerado

Aos queridos leitores

Com meu poema de Ano Novo favorito, desejo que, em 2023, se realize tudo aquilo no qual depositamos nossa esperança.                                           Brígida De Poli ESPERANÇA