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Inútil futurologia

Inútil futurologia

                                          Infeliz é o espírito ansioso pelo futuro [Sêneca]

Nós, humanos, remoemos ou sentimos saudades do passado; negligenciamos o presente e ansiamos pelo futuro. Desculpem a pretensa abertura filosófica, mas esta é a época em que mais pensamos no Tempo, principalmente no que virá. O que pretendemos com as indefectíveis promessas de Ano Novo, se não tentar direcionar o futuro? – Prometo tal coisa para conseguir isso ou aquilo …

Bola de cristal, búzios, cartas, horóscopo, tarot, borra de café, polvo, quiromancia… são muitos os instrumentos para tentar adivinhar o futuro. Quando eu era menina tirávamos a casca inteira da laranja e girávamos aquele espiral recitando o alfabeto. A casca rebentava na letra do nome daquele que seria nosso namorado um dia. Imagino que os Ubaldo, Vinicius e Zés nunca tinham chance porque a casca rompia até a letra F, mais ou menos. Claro, sempre, dava para tentar manipular e girar bem devagar, até chegar a letra pretendida.

Daqui a pouquinho vira o ano. Os programas televisivos entrevistam videntes prenunciando coisas “imprevisíveis” como a morte de algum famoso, a separação de um casal célebre, um grande acidente e desastres climáticos.

Tentar adivinhar o futuro só causa ansiedade, como diz o filósofo romano na epígrafe desta crônica. Melhor seguir o conselho de Ésquilo, o dramaturgo grego: conhecerás o futuro quando ele chegar; antes disso, esquece-o. Ou fazer como Albert Einstein: eu nunca penso no futuro, ele não tarda a chegar.E a gente consegue? Por isso, eles são considerados sábios e gênios. Nós, reles seres humanos.

Sim, essa curiosidade é uma tentativa de acalmar temores e controlar o destino. Mas, de que adianta saber, se não podemos mudá-lo? Nossos esforços são inúteis. Entre o início dessa crônica e o ponto final, o futuro virou passado. A vida seguiu seu curso, indiferente às nossas preocupações e, olha aí, já é 2023.

[Brígida De Poli]

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Ao mestre, com carinho

Em uma breve retrospectiva do ano que termina, respiro aliviada pelo que de ruim termina com ele. Relembro também o que aconteceu de bom e  ajudou-nos a resistir e esperançar. Deixo aqui um agradecimento especial ao meu amigo e professor de Criação Literária e Literatura Mínima, Robertson Frizero, por manter minha mente ocupada com a escrita. E ele não pegou leve ao apresentar desafios ao grupo que, muitas vezes, pareciam impossíveis de cumprir. Que nada! Era lindo ver aos poucos os microcontos pipocando na tela, cada qual mais bonito. Vários viraram e-books , montados cuidadosamente pelo nosso mentor e estão disponíveis gratuitamente. Foi difícil escolher apenas um desses desafios para agradecer a ele pelas lições e por inspirar-nos com seu imenso amor pela literatura e pela arte de escrever. Muito obrigada, mestre!

Desafio

Tendo por inspiração a capa da revista The New Yorker de 13 de abril de 1968, os autores do Literatura Mínima foram desafiados a escrever um texto que contasse a história por trás dessa ilustração em até cem palavras.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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