Portal Making Of

Pele Negra, Justiça Branca

Pele Negra, Justiça Branca

A história de Maria das Graças (ou Gracinha, como é conhecida), uma mãe quilombola que, em 2014, teve suas duas filhas caçulas retiradas pelo Estado, é o centro do curta documentário “Pele Negra, Justiça Branca”. O filme tem pré-estreia nacional, de forma presencial, na Mostra “O Estado das Coisas” no Festival de Cinema do Rio.

Nas telas, uma obra que se propõe a “amplificar o grito da mãe Gracinha e de toda a comunidade, dando visibilidade para essa violência cometida pela Justiça brasileira” . 

O filme será apresentado neste sábado (18/12), às 17h, numa Sessão de Gala para convidados, no Cinépolis Lagoon ( Av. Borges de Medeiros, 1424, Lagoa). E, no domingo (19/12), às 15h, ocorrerá sessão para o público com debate, no Estação Net Rio ( R. Voluntários da Pátria, 35, Botafogo).

 

Gravado na Comunidade Remanescente do Quilombo Toca/ Santa Cruz (SC), em 2019, o filme tem Cinthia Creatini da Rocha, Vanessa Rosa Gasparelo e Valeska Bittencourt na direção e foi contemplado com recursos do Prêmio de Cinema Catarinense (Fundação Catarinense de Cultura).

Além das diretoras Valeska e Vanessa, a pré-estreia terá a presença de Vanda Pinedo, Coordenadora do Movimento Negro Unificado de Santa Catarina (MNU/SC), entidade que foi parceira do documentário.  

A separação de mãe e filhas biológicas ocorreu “sob alegações perversas de um racismo mascarado e que escancara as dores e assimetrias produzidas até hoje pela escravização do povo negro”, sustentam as realizadoras do documentário. Aqui, uma parte do argumento do filme: 

As meninas vêm crescendo longe dos afetos da mãe e de seus familiares. Separadas do lugar de origem, das histórias e da ancestralidade que solidifica a cultura deste grupo.  A adoção compulsória no Brasil tem tirado muitas crianças de suas famílias de origem, em diferentes contextos onde as mulheres-mães são julgadas por serem vítimas de direitos que lhes foram negados. 

 

Denúncias do Movimento Negro

O caso ganhou espaço na mídia através das denúncias do Movimento Negro Unificado de Santa Catarina. E as diretoras (uma antropóloga e duas documentaristas) se conheceram justamente em uma mobilização em frente ao Ministério Público Estadual de Santa Catarina, unindo-se às mulheres afrodescendentes para contar essa história marcada por lutas, cicatrizes e esperança. 

Antes de iniciar as gravações do documentário, a equipe esteve na comunidade quilombola promovendo uma oficina de capacitação sobre técnicas audiovisuais para os jovens moradores locais. Em parceria com o Movimento Negro Unificado (MNU), a oficina aconteceu durante três dias. Iniciou com uma mostra de curtas com temática negra.

Os participantes produziram vídeos curtos com celular, abordando histórias sobre a vida na comunidade quilombola. Com o acompanhamento dos profissionais de cada área, as pessoas inscritas passaram pelas etapas da produção audiovisual. Ao final, as produções foram exibidas em tela grande para os familiares e demais membros da comunidade. A oficina fortaleceu os vínculos sociais entre os quilombolas e o empoderamento identitário do grupo, além de uma maior interação com a equipe que posteriormente esteve gravando no quilombo. 

 

As diretoras

Cinthia Creatini da Rocha – Antropóloga de formação, atende comunidades indígenas e quilombolas no reconhecimento e delimitação de territórios. No cinema, fez dois curtas-metragens relacionados à cultura indígena. Filmografia: “Mbyá Rekó Pyguá, a luz das palavras”, curta documentário, Contraponto Produções, co-direção, 2012. “From myths to animals”, curta-metragem documental, Contraponto Produções, co-direção, 2015.

 

Vanessa Rosa GaspareloFormada em Cinema/UFSC, é roteirista, pesquisadora, diretora geral, assistente de direção, de edição e crítica de cinema. Há 15 anos, atua como continuísta em diversos projetos. Filmografia: Direção – “Salud!” (Fenavid 100×100/Bolívia, 2015); Continuidade – “Spectros” (Netflix EUA, 2020), “Helen” (Prosperidade Content, 2020), “Dente por Dente” (Glaz Entretenimento, 2020), “Viaje Inesperado” (Brasil/Argentina, 2018) e “Guigo Offline” (Boulevard Filmes, 2017).

 

Valeska Bittencourt – Formada em Cinema, é roteirista, diretora geral, diretora de arte, produtora e montadora. Filmografia: “Duas ilhas, um céu”, curta-metragem documental, 2012 (roteiro, direção e montagem). “Margarida, 100 Primaveras”, curta-metragem documental, 2010 (roteiro, direção e montagem) . “Transmutação do Azul” curta-metragem ficção, 2008 (roteiro e direção). 

 

 

Sinopse 

Resiliência, poética, silêncio e um grito abafado. Uma mãe negra separada de suas filhas pequenas. A violência empregada pelo Estado, que promove a ruptura dos laços afetivos de uma comunidade quilombola. Como seguir vivendo? Como encontrar esperança?

Os quilombos, no passado, eram locais de refúgio de africanos escravizados. Hoje, estes povos tradicionais mostram a força da resistência e requerem a justa visibilidade da riqueza cultural que preservam e o protagonismo de suas re-existências.

No Brasil há atualmente um grande número de crianças de comunidades indígenas e quilombolas estão sendo adotadas sem autorização das mães. Tal situação não é novidade na história dos negros apartados de suas origens e famílias desde o tempo da escravização. Por que estas condutas são reproduzidas na atualidade? Como uma herança do passado agora aparece legitimada por um mecanismo estatal? “Pele Negra, Justiça Branca” é o registro de uma história de vida, não somente de uma mulher e suas filhas, mas sobre mulheres, mães, ancestralidade, ternuras, coletividades e quilombos.

 

 

 “Onde estão as filhas de Gracinha?” 

 

 

Serviço
Exibição do documentário “Pele Negra, Justiça Branca”

Onde e quando: sábado (18/12), às 17h, sessão de gala para convidados, no Cinépolis Lagoon e, no domingo (19/12), às 15h, sessão para o público com debate, no Estação Net Rio.

Link site Festival: http://www.festivaldorio.com.br 

Links trailers 

Closed caption – Legendas – PT:

https://vimeo.com/649787487

Sem Legendas:

https://vimeo.com/631013851

 

 



Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais:

Onde a arte é venerada

Desde que foi inaugurada, no final de 2023, a Galeria Venere vem se fortalecendo como um lugar de convivência entre apreciadores de arte, exposições e de

Ronaldo Fraga na Ilha

Ronaldo Fraga, um dos nomes mais importantes da moda nacional, já está na cidade. Chegou mais cedo para curtir uns dias com os filhos Ludovico

Manualidades no Floripa Quilt

Afonso Franco, que já fez de tudo e acumula técnicas para inspirar trabalhos criativos, confirma sua presença como expositor de tecidos no Floripa Quilt e