Não foi proposital ficar 15 dias fora do país, mas poderia ter sido e seria uma boa meta. Voltar foi mais impactante do que ter ficado. Já no avião, nos primeiros plins do WhatApp, a história toda foi recuperada do ponto onde havia parado, lá no primeiro turno. Uma disputa como se a vida estivesse em jogo e não o processo eleitoral.
Pela primeira vez, por onde eu estive, nos mais distantes lugares, finalmente o Brasil é reconhecido e a identificação de brasileiro vem imediatamente a pergunta: quem vai ganhar, Bolsonaro ou Lula? Nunca tantos souberam tanto – por pouco que seja – que aqui tem esses dois personagens que até domingo – graças a Deus – disputam nossa atenção.
Em São Paulo, no reembarque para Floripa, as pessoas disputavam aos gritos quem tinha preferência para despachar malas. Os funcionários da companhia aérea não conseguiram controlar a fila, e o nível de stress quando um grupo de pagode furou o esquema levado por um funcionário, provavelmente um fã muito especial, porque ninguém reconheceu quem ali naquele grupo de doze pessoas carregadas de malas tocasse pandeiro ou cavaquinho.
Vencido o despacho caótico, o avião tinha mais bagagens e pessoas do que lugares. Só faltou passageiro sendo convidado para sentar no colo do outro. Apelos candentes foram feitos para que malas, mochilas e pacotes fossem despachados. Alguns passageiros se abraçavam a bagagem de mão como se fossem ameaçados de perder um ente querido.
Não foi possível deixar de notar que embaixo dos bancos da frente do avião o carpê estava levantado e a sujeira era visível; lembrei do blog de uma ex-aeromoça britânica que só fala das partes internas dos aviões e classifica a cesta em frente ao passageiro como o lugar mais sujo porque nunca é higienizado. No caso aqui o lugar sujo era ali na frente dos pés.
Na chegada no belo aeroporto Hercílio Luz, o desprazer de ver a caixa de compras destruída no transporte, sem que os funcionários da aérea assumissem a responsabilidade. Ok, vamos a Justiça, mas não precisava se tudo fosse levado com mais seriedade.
Vencidos os dissabores e as preliminares insone chegamos a Floripa sendo recebidos com buzinas de caminhão na beira-mar Norte, provavemente intimando o voto em um candidato, não sei quem porque não me atrevi a olhar.
Mesmo antes de descansar um pouco, já cansado de novo, ouvindo insistente Axl Rose gritar com voz rouca Welcome to he Jungle, baby.