Arte e beleza na maquiagem, com Fabiane Arcoverde

@fabiarcoverde (Fotos: Divulgação)

Olha que data bonita e redondinha, 02/02/2022. Certamente muita gente gostaria  de ver sua vida  contada numa breve história nessa data, que além do  mais é dia de Iemanjá e de Nossa Senhora dos Navegantes. Como sou daqueles que acha que nada é por acaso, a história de hoje me foi contada há vários meses, mas só hoje  está  aqui na coluna, quem sabe por obra do acaso ou da data mesmo, porque  acreditar na vida, ter esperança é fé são atributos  da convidada de hoje, Fabiane Arcoverde,  Beauty Artist, na denominação contemporânea, uma  devotada cabeleireira e maquiadora por excelência, herança de mãe e muito talento.  

Fabiane Arcoverde – artista da beleza

Fabi Arcoverde, como é conhecida e chamada no meio do universo da moda e da  beleza,  é filha de mãe cabeleireira, aqui de Floripa. Dona Enaide Arcoverde faleceu em 2018, aos  78 anos de idade. Uma das lembranças da filha,  bem presente na saudade, é a mãe  acordando e já passando  batom. Foi no salão da Dona Enaide, em frente ao Clube 12, na Rua Hercílio Luz, no Centro de Florianópolis, que Fabi, ainda criança,  começou a mexer com o que viria ser sua vida e sua profissão. Mas antes, a catarinense de Floripa, logo que saiu da adolescência,  entrou para o curso de Administração na Unisul, mas não  encontrou satisfação naquele mundo cheio de números e estatísticas. Mas como na mesma universidade existe um curso de cinema,  não demorou para que ela se aproximasse  da arte, entrasse  para o curso e mudasse de carreira. No curso de cinema começou maquiando os personagens  para as monografias dos  alunos que estavam encerrando a faculdade. Logo depois,  esteve presente com seu trabalho em vários curtas e longas, como no filme  “As Procuradas”, de José Frazão e Zeca Pires, que tem Rita Guedes, Paula Burlamaqui, Juan Alba e Édio Nunes no elenco principal. 

Entre filmes,  concursos  de misses, revistas, desfiles, editoriais, capas de revistas e uma infinidade de outros trabalhos, Fabiane Arcoverde  virou uma referência quando o tema é fazer  diferente e com essência cada maquiagem, para cada novo desafio profissional. Mas ela nunca deixou de lado a maquiagem tradicional, aquela em que a mulher quer ficar bonita para estar em casa, ir numa festa ou qualquer outro compromisso social.

Maquiagens de Fabiane Arcoverde – beleza plural (Fotos: Divulgação)

Desde 2002 Fabi  vem  estudando,  se especializando e abrindo espaço num universo  ditado por tendências e muita concorrência. Ela conta que quando  conheceu o maquiador Duda Molinos, uma referência de todos os tempos,  ele  foi fonte de inspiração para entender como deveria  pensar e fazer para evoluir na  carreira. Ela diz que com Molinos  “comeu de cabo a rabo” , aprendendo como construir a beleza de uma forma diferente, a constituição de cada pele, os efeitos orgânicos da maquiagem, correção claro e escuro e composição de um rosto por inteiro. Nessa época Fabi também fazia cabelos, porque era assim que o mercado da moda e  beleza funcionava. 

Nas últimas duas décadas o conceito de moda mudou muito, chegando ao ponto que muitos fashionistas apostaram e estimularam,  cada um  faz sua moda e a  escolha do visual tem que ser democrático, plural e sintonizado com os movimentos da sociedade, que hoje  tem espaço para todo tipo de beleza, raça, cor, gênero, entre outros tantos aspectos da diversidade. Conceitos do jeito de vestir que são acompanhados  pelos incontáveis estilos de cabelos e maquiagens.  Entender  todo esse universo em desconstrução para uma nova  construção, é o que  faz  Fabiane  Arcoverde ficar  atenta e se manter em constante evolução para fazer  o que lhe pedem e também oferecer suas  ideias.

Foto: Divulgação

Antecipação de conceitos é o lema de Fabiane Arcoverde. Ela conta que em 2009 já fazia sobrancelhas apontadas para cima, mas a técnica não era aceita e hoje é moda. Nesse contexto,  sofreu bastante com suas técnicas visionárias e perturbadoras, que desafiavam  estilistas  e fotógrafos, recebendo  muitas críticas e sofrendo preconceito de parte desses profissionais, que não aceitavam facilmente o trabalho de uma maquiadora com origem em salão de beleza convencional.

Mas o tempo e a história mostram que ela estava certa no seu modo de expressar talento e criatividade,  chegando ao patamar de uma verdadeira celebridade da maquiagem e finalização de cabelos, respeitada e admirada por todos.     

Durante a pandemia mais uma reinvenção de carreira. Em tempos de lives, Fabi encontrou espaço no  e-commerce, maquiando e  fazendo  cabelos para  a postagem e venda de produtos em canais de venda pela internet.

Trabalhos para e-commerce  (Foto: Divulgação)

Sobre sua maneira de pensar a maquiagem, seja no social ou no mercado da moda, Fabi diz que cada  make up é único, para cada rosto, tipo de pele e até a personalidade.

“As pessoas piram nas referências e esquecem que as modelos  da mídia não podem ser copiadas e que maquiagem  tem que ser ferramenta de autoestima”, diz  Fabiane Arcoverde”.

De forma geral, ela defende a maquiagem  como obra de arte e  muitos visuais são concebidos a partir do  que  pedem os estilistas e fotógrafos, respeitando  a evolução da moda, que cada  vez mais vem  optando por belezas naturais,  diversas, inclusivas  e com foco na  identidade dos consumidores.

Make up de Fabiane Arcoverde para a marca PatbBO (Foto: Divulgação)

Não fosse sua própria história um legado, Fabiane Arcoverde ainda encontra tempo para ajudar outros maquiadores. “Formar novos profissionais para o mercado brasileiro  e do mundo é uma forma de perpetuar minha vivência nesse contexto da beleza, oferecendo experiências e me renovando a cada dia” conclui a inquieta  Beauty Artist.

EM AÇÃO

+ Uma vida inteira dedicada a ajudar os moradores da sua comunidade e agora suas memórias  serão guardadas para sempre através de um filme. 

A Boanova Filmes  vai  realizar o Curso Popular de Execução de Longa-metragem, no Monte Serrat, através do Centro Cultural Escrava Anastácia, coordenado pelo Instituto Vilson Groh. Com duração de 45 dias, o curso encerra com a produção de um longa sobre a biografia de Darcy Vitória de Brito, com 83 anos, uma das maiores lideranças comunitárias do Maciço do Morro da Cruz, em Florianópolis.

As inscrições começam nesta quarta, 03 de fevereiro, no site https://www.boanovafilms.com/noticia/1269/darcy-vitoria-de-brito-tera-biografia-registrada-em-longa/ e o curso começa logo em seguida, dia 08 de fevereiro.

Preferencialmente, as inscrições são para alunos adolescentes que moram no lar de acolhimento que leva o nome de Dona Darcy, mas  podem ser ocupadas por quem tiver interesse em aprender  sobre cinema. 

+ O Raça Centro de Artes, de São Paulo, foi o campeão do Prêmio Desterro – 11º Festival de Dança de Florianópolis,  que terminou na noite do  último domingo, após seis dias de competições no Teatro Ademir Rosa, no Centro Integrado de Cultura (CIC). Entre os 116 grupos e companhias concorrentes de 10 estados, o Raça  foi considerado pelos jurados o melhor do evento.  O Prêmio Desterro reuniu mais de 1.000 bailarinos de companhias e escolas  do Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.  Somando-se as coreografias da Mostra Competitiva  e da programação paralela no Boulevard 14/32, espaço de entretenimento do Floripa Airport, foram exibidos cerca de 500 trabalhos criados por mais de 240 coreógrafos.

+ A  atração desta semana nos palcos de Floripa é a apresentação do Balé Carmen, numa parceria entre a Companhia Arte e Dança e a Camerata Florianópolis. As apresentações acontecem  sexta e sábado (04 e 05 de fevereiro),  no Teatro do Centro Integrado de Cultura, sempre às 20:30 horas.

Até a próxima semana e salve Iemanjá, nossa ancestralidade aqui reverenciada.

@anselmoprada