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As más escolhas do Oscar e as novidades nas plataformas

Algumas expressões mais famosas de quem perdeu o Oscar/El País/Reprodução

As más escolhas do Oscar e as novidades nas plataformas

Por causa da recente premiação, fui instigada pelo meu amigo, professor, escritor e cinéfilo, Robertson Frizero, a escrever sobre as injustiças na história do Oscar. É uma missão inglória porque “gosto é gosto” como diz aquele ditado pouco elegante da velhinha que comia… sabão. Mas, há casos tão flagrantes que até me arrisco a indicar algumas escolhas que o tempo demonstrou serem equivocadas.

Posso começar por aquele que costuma aparecer no topo das listas dos melhores filmes de todos os tempos: “Cidadão Kane”, de Orson Welles. Indicado a nove categorias, o longa que revolucionou a maneira de se filmar, levou um mero Oscar de Melhor Roteiro em 1942. Perdeu para “Como era verde meu vale”,  que saiu da cerimônia com DEZ estatuetas. É bom lembrar que naquele ano, havia também no páreo a interpretação magistral de Bette Davis em “Pequenas Raposas” (The little foxes, peça escrita por Lillian Hellman ). Apesar de fazer jus ao epíteto de “ninguém é tão boa quanto ela quando é má”, Bette perdeu para Joan Fontaine em “Suspicion”, de Alfred Hitchcock.

O diretor Martin Scorsese foi esnobado pela Academia por dois anos e não levou o prêmio por Melhor Diretor nas décadas de 80 e 90, primeiro com “O Touro Indomável”- quando  perdeu para o cálido “Gente como a Gente”, de Robert Redford – depois com “Bons Companheiros” para “Dança com Lobos”, de Kevin Costner. Acontece que – embora não esteja no meu Top 10 – “Touro Indomável” acabou integrando a lista dos melhores filmes da história do cinema.

Na 52ª edição, em 1980, a lista de filmes era excelente e “All that Jazz”, “Norma Rae” e o espetacular “Apocalipse Now”, de Francis Coppolla. Venceu o drama familiar “Kramer versus Kramer” que discutia a guarda do filho depois de um casamento desfeito. Talvez fosse o assunto do momento, a fonte de angústia de quem vota para escolher os agraciados.

O Oscar de 1999 foi outra dessas coisas incompreensíveis. A primeira delas por “Shakespeare Apaixonado” alcançar sete vitórias, superando “O Resgate do Soldado Ryan”, com cinco estatuetas. A segunda pela Gwyneth Paltrow ser escolhida “ Melhor Atriz” em “Shakespeare Apaixonado”, quando disputava  a categoria com Meryl Streep, Cate Blanchet e, claro, nossa Fernanda Montenegro. Até hoje, críticos e artistas não brasileiros, sustentam que o prêmio devia ser de Fernanda por sua atuação tocante em “ Central do Brasil”. Concordo com eles, claro.

Se agora em 2023, a justificativa para a vitória de “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo” ter uma narrativa criativa e uma linguagem atual, no ano passado o ganhador “No ritmo do coração” não poderia ser mais acadêmico, sem falar, tratar-se de um remake do longa francês “A família Bélier”. Talvez, o que tenha dado realmente o Oscar de Melhor Filme a “No ritmo do coração” foi o elenco ser de surdos interpretando surdos, o que não aconteceu no original francês. São mesmo ótimas atuações. Há sempre questões subjetivas em julgamentos de qualquer natureza. O outro fator importantíssimo nessas escolhas é a influência de um poderoso marketing. Afora isso, tudo é questão de gosto e identificação com a trama.

 

As reações indisfarçáveis da cerimônia

Se perder já é uma decepção para o público que torcia para algum filme ou atuação, imagine então para o concorrente! Os artistas são instruídos a dar um sorriso e bater palmas para o coleguinha que acaba de levar o Oscar que ambicionavam, sem acusar o golpe. Mas nessa hora não basta ser um ótimo ator e alguns não conseguiram disfarçar ao ouvir um nome que não era o seu. Na cerimônia deste ano, quem virou meme foi Angela Basset quando anunciaram Jamie Lee Curtis como vencedora na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Basset agora vai para a galeria de outros doze concorrentes que – por poucos segundos – demonstraram  mais claramente o dissabor de perderem a estatueta. Foi assim com Bill Murray, Robert Duvall, Lauren Bacall, Talia Shire, Nicolas Cage, Samuel L. Jackson, Burt Reynolds e outros. Em 2017, até o elegante Denzel Washington fez cara de poucos amigos ao ser preterido por Casey Aflleck como Melhor Ator. Denzel havia não apenas atuado, mas dirigido “Um limite entre nós” e esperava vencer. Ele até bate palmas para o colega, mas a cara séria disse tudo.

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Novidades e destaques nas plataformas

A Maravilhosa Sra.Maisel – 5ª Temporada –  09 episódios – Prime Vídeo

Uma das melhores notícias de abril é a chegada da nova temporada da divertida Mrs. Maisel. A triste é que será a derradeira. A história da jovem dona de casa judia que se aventura no mundo da comédia depois do marido trocá-la pela secretaria, chega para as despedidas finais. Agora, já nos anos 60, Midge Maisel enfrenta um pouco menos de resistência por invadir esse universo masculino. Segundo a sinopse oficial da 5ª temporada, “Midge se encontra mais perto do que nunca do sucesso com o qual sempre sonhou, apenas para descobrir que ainda está muito longe”.

No dia 14/04 serão lançados os três primeiros episódios. Os outros seis episódios serão programados semanalmente, com a despedida em 26 de maio. O ótimo elenco continua com a protagonista Rachel Brosnahan, além de Tony Shalhoub, interpretando o impagável pai da artista, além de Alex Borstein, Marin Hinkle, Michael Zegen, Kevin Pollak e Caroline Aaron.

 

Tulsa King – 1ª temporada – 10 episódios – Paramount +

Confesso que custei a dar uma chance para “Tulsa King” por preconceito com o protagonista, Sylvester Stallone. Mas, reconheço que se existe um papel que combine com o Stallone atual é ser o rei de Tulsa, uma pequena cidade do Oklahoma, para onde ele é defenestrado pela família do chefão, depois de cumprir 25 anos de prisão sem abrir o bico, como exige a Máfia. Dwigth Manfredi ou “o gangster” – como é chamado pelo motorista, um jovem negro, que ele contrata assim que chega a Tulsa – é durão mas boa gente. As coisas mudaram muito nos longos anos de confinamento, mas Dwight vai se adaptando aos poucos com a tecnologia e modernidades. Logo, ele faz um acordo com o fornecedor de maconha do lugar e sofre um atentado de um inimigo do passado. Não poderia faltar uma filha distante com quem o mafioso tenta se reconectar e também o romance com uma bela mulher que, só depois, ele descobre ser agente do FBI. Em resumo: a história não é tão original (na ótima série “Lilyhammer”, o mafioso saído das hostes de “Os Sopranos”, vai parar numa pequena cidade norueguesa, por exemplo), mas tem momentos divertidos e  pode ser um bom passatempo.

Reprodução/Divulgação

Narciso Negro – 03 episódios – 2020 – Star+/ Apple TV

Ainda não vi a minissérie, mas gosto muito do clássico de 1947, com Deborah Kerr, interpretando a irmã Clodagh, líder de um grupo de freiras anglicanas enviado ao Himalaia para instalar uma escola religiosa. O clima na região é hostil e as irmãs são abrigadas em um palácio antigo, que serviu de moradia para uma importante família hindu no passado. Quando a irmã Ruth se apaixona por um funcionário do governo e começa a questionar seu voto de celibato, Clodagh precisará lidar com essa situação, ao mesmo tempo em que também parece se deixar levar por suas próprias memórias de amor. Na série, a intérprete de Clodagh é Gemma Aterton, que já vimos como a agente Fields em 0007-Quantum of Solace. Essa produção registra também o último papel da carreira de Diana Rigg , atriz de”Game of Thrones”, falecida pouco depois do lançamento da minissérie, aos 82 anos.

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O Leonardo perdido – documentário – 2021 – Prime Vídeo

O filme narra o mistério em torno de “Salvator Mundi”, a primeira pintura de Leonardo da Vinci a ser descoberta em mais de um século, mas que agora parece ter desaparecido. Tudo começou em 2005, quando dois cavadores de arte descobriram uma pintura misteriosa de Jesus Cristo num leilão em New Orleans. Eles acharam que tinha algo de valioso nela, por isso a compraram por pouco mais de mil dólares e a levaram à restauradora Dianne Modestini. Durante o processo de limpeza ela teve uma surpresa: os lábios de Jesus eram exatamente iguais aos da Mona Lisa. Considerada como sendo de Leonardo da Vinci – que tem apenas quinze obras autenticadas como dele – o quadro teve uma trajetória bem turbulenta, desde sua descoberta até ser leiloada na Christie´s de NYC por inacreditáveis 450 milhões de dólares e depois sumir, e hoje não se sabe exatamente com quem nem onde ela se encontra. O diretor dinamarquês  Andreas Koefoed mostra a confusão e briga entre colecionadores sobre o paradeiro do chamado “último Leonardo”.

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 De olho no que vem por aí

  • Fãs de “White Lotus”, como eu, alegrem-se : segundo a revista Variety, a HBO já decidiu que a 3ª temporada da série será filmada na Tailândia. As duas primeiras foram ambientadas em resorts Four Seasons no Havaí e na Ilha italiana de Taormina. Espalhados pelo país, os resorts  FS tailandeses são cercados por cidade, floresta e praia, o que garante cenários diversos e lindos. Ainda não sabe qual das cidades será escolhida, nem se algum personagem da segunda temporada volta na terceira.
Reprodução/Divulgação
  • O curta- metragem de Pedro Almodóvar, “Extraña forma de vida”, um western queer protagonizado por Pedro Pascal , o queridinho do público depois de “ The Last of us”, e por Ethan Hawke, não vai mais abrir o 76° Festival de Cinema de Cannes este ano. Mas, o filme que leva o nome do famoso fado de Amália Rodrigues ,“Uma estranha forma de vida”, será exibido durante o festival que acontece de 16 a 27 de maio. O espanhol ainda não arriscou dirigir um longa em língua inglesa, mas esse é o segundo curta in english quem sabe preparando-se para, finalmente, aceitar um convite de Hollywwod.
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  • Por falar em Festival de Cannes, o presidente do júri este ano será o cineasta sueco Ruben Ostlund, vencedor da Palma de Ouro em 2017, por ”The Square- A arte da discórdia” e, em 2022, por “Triângulo da Tristeza” (indicado também ao Oscar de Melhor Filme e que pode ser visto no Prime Vídeo). Coincidentemente, o diretor da moda assume 50 anos depois a mesma função que foi de sua conterrânea, Ingrid Bergman. Por coincidência, outro Bergman, o genial Ingmar, recebeu o Prêmio Técnico do festival por “Gritos e Sussurros” naquela edição de 1973.
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  • Filme do diretor Martin Scorsese sempre é aguardado com alta expectativa. “Killers of the Flower Moon”, seu novo trabalho, mais ainda. O longa chega aos cinemas em 20 de outubro e depois entra no streaming da Apple TV. Ele retrata o massacre dos indígenas da tribo Osage, em Oklahoma, em 1920. Suas terras ricas em petróleo despertaram a cobiça dos brancos e por isso acabaram dizimados, contando com apoio do recém criado FBI. Adivinhem quem interpreta o pecuarista que é o centro do ataque aos Osage? Leonardo DiCaprio, o alter ego do diretor, claro. Esta é a quinta vez que os dois trabalham juntos. No elenco de “Killers of the Flower Moon” estão também Robert DeNiro e o atual vencedor do Oscar de Melhor Ator, Brendan Fraser.
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THE END

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