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Correndo atrás do público consumidor de notícias

NiemanLab/Reprodução

Um artigo sobre estudo do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo de Oxford, publicado na semana passada, lança muitas luzes sobre a pergunta de 1 milhão de dólares: “por que os jovens se interessam cada vez menos por notícia e estão cada vez mais difíceis de alcançar e engajar?”.

Para começar, o público mais jovem entende notícia de forma diferente dos mais velhos: eles são usuários de informações casuais, confiam mais nas mídias sociais e são menos conectados às marcas de notícias. Notícias, para eles, têm formato mais amplo, envolvendo esporte, entretenimento, celebridades, cultura e ciência.

O estudo entende que os nativos sociais – aqueles com idades entre 18 e 24 anos – à medida que chegaram à idade adulta deixaram de ter conexões com as marcas. São mais propensos a acessar notícia usando fontes como mídias sociais, agregadores e mecanismos de pesquisa do que os mais antigos.

A comparação é com os nativos digitais, com idades entre 25 e 34 anos, que cresceram em grande parte com a web. Diz o estudo do Instituto Reuters, que muitas mudanças identificadas no trabalho são tão fundamentais que não parece provável que sejam revertidas com o tempo.

 

Texto e áudio

Uma das revelações significativas é que apesar da grande ascensão do formato vídeo, os formatos em texto e áudio ainda têm um grande papel a desempenhar entre os jovens. Outra: ao contrário do que se pensa, o estudo não encontra entre os jovens maior interesse em notícias sobre mudanças climáticas e questões de justiça social.

O estudo, que foi feito entre 47 países, incluindo o Brasil, diz que a atenção aos veículos de notícias continuará em queda de longo prazo, devido ao pouco interesse dos jovens. Eles continuam críticos à natureza deprimente ou esmagadora de notícias entre os mais jovens, que têm agora o hábito de limitar o acesso a elas a apenas parte do dia devido a seu impacto negativo.

A reportagem sobre a pesquisa foi publicada pelo NiemanLab, da Universidade de Harvard, assinada por Kirsten Edddy, em que este texto se baseou. A conclusão da pesquisadora é que os grupos de mídia precisam reconhecer a variedade de preferências e gostos nos grupos diversos de interessados, o que é um grande desafio ir atrás deles.

 

E Aqui?

É provável que algumas ideias deste ou outro estudo semelhante, sobre a falta de interesse dos jovens em notícias, circulem em nosso meio, o que tem levado a mídia tradicional a pequenos movimentos para saírem da área movediça. Mas, ao que parece, não está claro ainda sobre o que deve ser feito.

Há tentativas de tornar alguns produtos supostamente engraçados, como o estranho Primeiro Impacto, do SBT, e o Jornal do Almoço, que aproveitou a sigla e virou jornal de amenidades, cachorrinhos, quermesses, etc. Sem contar as frequentes citações aos familiares dos apresentadores.

Aliás, há um esforço de quem está no ar em se tornar engraçado. A pesquisa do Instituto Reuters fala que as pessoas estão mais interessadas em notícias divertidas, o que é bem diferente de fazer graça onde não tem. Muito menos estão interessados em divertidas mensagens de WhatsApp, que os programas locais colocam no ar para inflar o ego da equipe.

 

Imposição

A estranheza do momento é o tratamento em que a mídia de notícias na TV dá as redes sociais. A pesquisa da Reuters indica que o público jovem entende que os jornalistas têm direito a expressar suas opiniões pessoais nas redes sociais. Mas o que se vê por aqui é uma exacerbação do pessoal e uma confusão de imagem que o profissional de notícia deve ter e suas atividades ao explorar a imagem pública em benefício próprio. Daí, o que se vê é jornalista fazendo casamento, batizado, apresentando baile de formatura e outras perfumarias. Virou arroz de festa, o que em nada contribui para a evolução do veículo onde atua e sua qualificação profissional.

 

RBS

A notícia mais envolvente sobre a mídia no Sul veio do Rio Grande, registrando a volta do acionista Nelson Sirotsky ao comitê editorial da empresa. Não é uma posição executiva, mas há desdobramentos conforme texto que publicamos (aqui). Tem vários significados esse gesto: primeiro, a volta da família Sirotsky à empresa, desde a gestão desastrosa de Duda Sirotsky Melzer. Até agora, a empresa esteve entregue a executivos sem representação comunitária e política. O outro gesto, talvez o maior, parece ser uma escada preparatória para o filho de Nelson, neto do fundador, Maurício, tomar as redes do grupo em um futuro próximo.

 

Álbum

Textos e fotos com histórias de Jornalismo.
Arquivo pessoal

No próximo dia 30, comemoramos os 20 anos do pentacampeonato mundial de futebol.  Estava lá, com uma forte e valorosa equipe da RBS (foto), parte no metrô japonês. Da direita para a esquerda, Ewaldo Willerding, Maurício Saraiva, Roberto Alves, Antonio Carlos Macedo, Pedro Ernesto Denardim, Sílvio Benfica, Ruy Carlos Ostermann e Mauro Ferreira.

Arquivo pessoal

No estádio da copa com o repórter Antônio Carlos Macedo.

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