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O adeus à família Roy e as boas vindas aos Banshees de Inisherin

SUCESSION - Reprodução/Divulgação

O adeus à família Roy e as boas vindas aos Banshees de Inisherin

Juro que não quis fazer trocadilho entre ela ser a mais bem sucedida série dramática atual e o título da série que entra para a história como uma das mais premiadas. Entre 2019 e 2022, “Succession” foi indicada a 48 prêmios Emmy, o maior reconhecimento da televisão.  Foram treze vitórias, incluindo os de “Melhor Série Dramática”, “Melhor Ator em Série Dramática” e “Melhor Atriz Coadjuvante em Série Dramática”. Isso, sem contar as várias premiações no Globo de Ouro e no Critic´s Choice Awards.

Mas, como tudo que é bom chega ao fim – ou rezando pela cartilha de “melhor terminar enquanto está por cima” – os produtores anunciam a chegada da 4ª temporada de “Succession” na HBO e HBO Max, como aquela dos derradeiros conflitos e embates entre os membros da família Roy.

Algum dos quatro filhos vai, finalmente, suceder o patriarca no comando do império midiático ? Ou teremos um sucessor surpreendente ? O velho Logan Roy vai amolecer o coração de pedra e dar aos filhos o que eles realmente querem, a aprovação paterna, um mínimo gesto de afeto? Só começaremos a saber no próximo domingo, dia 26/03.

Poderíamos ficar discutindo telas e telas aqui na coluna sobre o que tornou “ Succession” e sua trama baseada em Shakespeare, ser tão vista e admirada, mas vou apontar apenas um mérito: o elenco. Ô, gente talentosa, surfando entre o drama total e os momentos patéticos e risíveis de uma contenda interminável gerada pelo pai, brilhantemente interpretado por Brian Cox. Dificilmente vamos ver personagens tão humanos no pior e melhor sentido. Não há um único santo ali, o que inclui marido,mãe,  cunhado, sobrinho, madrasta e agregados. Todos estão dispostos a apunhalar o outro pelas costas, mesmo assim, ainda nos causam raros – porém, preciosos – momentos de compaixão. Se for para apontar apenas uma cena dessas: aquela da 3ª temporada em que Roman Roy [ Kieran Culkin, surpreendente no papel] fala para o pai sobre falta de… amor, um palavrão aos ouvidos do patriarca cruel.

Uma boa notícia: A HBO liberou a primeira temporada para quem quiser maratonar sem pagar mais.

E, domingo à noite, que ninguém ouse me ligar porque não atenderei.

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Novidades e destaques nas plataformas

 

Filmes

Os Banshees de Inisherin – direção: Martin McDonagh – 2022 – Star +

Só agora consegui ver “Os Banshees de Inisherin”, candidato ao Oscar em nove categorias, mas que saiu de mãos abanando da cerimônia. O trabalho do diretor do premiado “ Três anúncios para um crime” dividiu a crítica. Alguns acharam as atuações caricatas demais, já eu gostei até de Collin Farrell, um ator que sempre me deixa em dúvida. Ele é Pádraic, um morador de uma isolada ilha irlandesa, que tem no amigo Colm (Brendan Gleeson) uma fuga para a solidão, além da irmã Shiobán (Kerry Condon) e da jumentinha Jenny. Um belo dia, Colm não quer mais a amizade de Pádraic. Diz que não gosta mais dele, nem de suas conversas chatas. Quer se dedicar a compor uma música. Pádraic não se conforma em perder o companheiro de bar e de bate papo. A partir daí, Colm toma uma atitude drástica para conseguir afastar o ex-amigo de perto. O quarteto de atores indicados ao Oscar é completado por Barry Keoghan, que interpreta Dominic, o jovem “retardado” da aldeia. Assim, como dividiu os críticos, acho que o filme pode dividir o público. Estou do lado dos que gostaram de ver uma trama inusitada, com a dupla do ótimo “ Na mira do chefe” (2008), dirigido pelo mesmo cineasta.

 

O estrangulador de Boston – direção: Matt Ruskin – 2023 – Star+

O filme é menos sobre o estrangulador de Boston em si, história real já explorada em minisséries documentais, e mais sobre o sexismo no jornalismo dos anos 60. Keira Knightley é uma repórter, casada e mãe de dois filhos, limitada à editoria de assuntos leves e domésticos. Ela quer mais e se propõe a investigar a existência de um serial killer, reponsável pelo assassinato de treze mulheres. Junto com outra jornalista, mais experiente, ela luta para vencer o machismo dentro da jornal e na própria polícia.

Reprodução/Divulgação

 

Marte Um – direção: Gabriel Martins – 2022 – Telecine/Now

O longa brasileiro que foi pré-candidato ao Oscar de Filme Internacional constrói um retrato da família brasileira classe média baixa, às vésperas da eleição de um governo de extrema-direita. O casal onde a mãe é faxineira e o pai é zelador de um condomínio, enfrenta alguns conflitos com os dois filhos tendo acesso à educação formal. A jovem é estudante de Direito e o irmãozinho quer ser astrônomo e fazer parte do Programa Marte Um, apesar do pai sonhar que ele seja jogador de futebol. Esses dois mundos tão diferentes se encontrarão no afeto e na esperança de que um dia o país voltará a ser mais democrático.

Reprodução/Divulgação

 

Narvik – direção: Erik Skjoldbjærg – 2022 – Netflix

O pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial, quando os alemães tentam tomar a pequena cidade norueguesa de Narvik, um importante ponto estratégico. O jovem cabo Gunnar Tofte luta contra os nazistas, deixando para trás o pai, a esposa Ingrid e o filhinho. Trabalhando em um hotel, Ingrid é forçada a ser tradutora dos oficiais alemães e enfrenta um dilema para salvar o filho doente. Os personagens são fictícios, mas a batalha realmente aconteceu. Um ponto interessante é que as forças aliadas não são tão boazinhas e diferentes dos alemães como costumam ser retratadas no cinema.

Reprodução/Divulgação

 

O homem que vendeu sua pele – direção: Kaouther Ben Hania – 2020 – Telecine/Now

Que alegria ver um filme com uma trama diferente e rumos não previsíveis! A história do jovem sírio Sam Ali é assim. Ele teve que trocar seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Querendo dinheiro para viajar até a Europa e reencontrar a síria que é o amor de sua vida, ele aceita ter suas costas tatuadas por um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo. O sucesso é imediato e Sam ganha dinheiro, mas precisa ficar exposto na galeria para que o público veja a obra, inspirada no visto europeu que ele tanto almeja, pintada na sua pele. Acontece que, como toda obra de arte, ela pode ser vendida e leiloada.

Reprodução/Divulgação

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BÔNUS

Festival online no  Cine Belas Artes a la Carte

Reprodução/Divulgação

Volta ao Mundo Tawain – até 29/03

O festival programou cinco longas recentes de diretores twaineses novos e outros experientes. São eles ,“Boa sorte, vá com Deus”, “ O grande Buda” e “Saudades de Johnny”, “Perdi o dia dos namorados” e “ A ousada, a corrupta e a bela”. Uma chance de ouro para conhecer o interessante cinema de Tawain.

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THE END

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