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O zelador, o indígena e o alfaiate

Guillermo Francella em "Meu querido zelador" / divulgação

O zelador, o indígena e o alfaiate

Um esperto zelador argentino, um índio pawee solitário e um circunspecto alfaiate inglês. Onde estão reunidos três personagens tão distintos? Em lugar algum, era só uma “pegadinha”. Mas, calma, cada personagem desses está em uma produção interessante!

Além desses destaques, a coluna traz outras sugestões para todos os gostos: tem reality, filmes cults e cinema nacional. Divirta-se.

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Star +

Meu querido zelador – 9 episódios – 2022

Guillermo Francella só não é o mais importante ator argentino da atualidade porque em seu caminho tem o Ricardo Darín. Mas, ele é genial fazendo comédia e já demonstrou que também é bom de drama quando fez o oscarizado “O segredo de seus olhos”, justamente com Darín, e “O Clã”, como chefe de uma família seqüestradora. Nesta série de humor ácido, Francella é Eliseo, o zelador de um prédio de classe média alta em Buenos Aires. Simpático e aparentemente subserviente, Eliseo não é nenhum santo. Tratado por alguns moradores com educação, encara o desprezo de classe de outros. Mas, Eliseo é quase um detetive e sabe tudo de todos os seus empregadores. Um dia, ele fica sabendo que será demitido para a construção de uma piscina no terraço onde ele tem sua moradia. Eliseo vai à luta para impedir a demissão, usando todas suas armas pouco corretas.

Obs.: Uma associação de porteiros argentinos divulgou uma nota de repúdio contra a série e contra o próprio Francella por mostrar a profissão deles de forma pouco honesta. Não levaram em conta que era uma produção de humor e nem o quanto o roteiro mostra o que eles sofrem sob as ordens de condôminos arrogantes. Seja como for, a Star+ já assinou a renovação da série para mais uma temporada. [Veja o trailer original]

 

HBO Max

A inglesa – 6 episódios – 2022

Uma minissérie de western não é novidade, mas essa traz um drama bem construído e personagens marcantes. A inglesa do título é Lady Cornelia Locke, interpretada pela prestigiada Emily Blunt. Ela chega ao oeste selvagem atrás de uma vingança e consegue o índio pawee Eli Whipp, ex-membro da cavalaria americana, como guia. Os dois carregam dores profundas e aos poucos se conectam, enquanto lutam para sobreviver em um ambiente violento. O elenco traz outros nomes importantes, alguns em pequenos papéis, como Ciarán Hinds, Stephen Rea e Toby Jones.

Reprodução/Divulgação

 

Telecine/Now e Globoplay

O Alfaiate – diretor: Graham Moore – 2022

A história se passa em apenas uma noite e em um único ambiente, a alfaiataria de Leonard, um calmo inglês que mantém uma pequena loja em Chicago. Tendo mafiosos como clientes, ele precisa submeter-se a manter também um ponto de coletas de pagamentos de subornos. Tudo se complica quando o filho do chefão é baleado e levado para esconder-se na alfaiataria. O diretor é também roteirista oscarizado por “O jogo da imitação”.

Reprodução/Divulgação

 

Netflix

Casamento às cegas Brasil 2 – O reencontro – episódio final

Quem acompanhou a nova temporada do estranho reality que promove encontros entre homens e mulheres que se “apaixonam” antes de se verem, já descobriu quem disse “sim” e quem disse “não” no episódio da cerimônia matrimonial. Mas, passados dois meses chega o episódio do reencontro, onde os participantes conversam sobre o relacionamento bem sucedido ou frustrado e acabam lavando muita roupa suja. Dando um pequeno spoiler: alguns homens queimaram o filme. A cereja do bolo desta edição foi a participação ativa da mãe/sogra megera de um casal e do pai/sogro liberal de outro. Se você se pergunta por que alguém se submete a esse “experimento”, eu diria que não estão em busca do amor ideal, mas da fama instantânea.

Reprodução/Divulgação

 

Simonal: ninguém sabe o que duro que dei – direção: Leonardo Domingues – 2019

Talvez as novas gerações já tenham ouvido falar de Wilson Simonal através de seus filhos Simoninha e Max de Castro, também músicos. O filme resgata sua importância e o drama que o levou do estrelato ao ostracismo. Simonal foi um dos nomes mais famosos do Brasil entre os anos 60 e 70, chegando a ter seu próprio programa na televisão, o que não era comum para um artista negro. Dono de uma voz linda, charmoso e carregando uma certa malandragem, ele teve vários sucessos que aparecem no filme. Falido após gastar mais do que podia, ele acaba acusado de haver denunciado o próprio contador aos órgãos repressores durante a ditadura militar. A partir daí sua vida e carreira desmoronam. Um dos trunfos do filme é a atuação de Fabrício Boliveira no papel de Simonal.

Reprodução/Divulgação

 

Mubi [o canal de filmes cults agora pode ser assinado via Prime Vídeo, incluindo 7 dias grátis]

Drive my car – direção: Ryusuke Hamagushi – 2022

O filme que ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2022, tornou-se o quinto japonês a levar a estatueta. A trama acompanha  Yusuke Kafuku, um ator e diretor de teatro que sofre com a morte de sua esposa, uma roteirista. Durante a produção da peça Tio Vânia em Hiroshima, ele conhece Misaki, uma jovem introspectiva que trabalha como sua motorista. Entre idas e vindas, eles descobrem que tem mais em comum do que parecia.

O filme é uma adaptação de um conto homônimo de Haruki Murakami, da coletânea Onna no inai otokotachi (2014, “Os Homens Sem Mulheres”).

Reprodução/Divulgação

 

Lamb – direção: Valdimar Johannsson – 2021

Não é um filme que vai agradar a todos. Muitas vezes  divulgado como “terror”, na verdade é mais uma fábula, contada em ritmo lento como a história exige. No interior rural da Islândia, um casal sem filhos descobre uma recém-nascida estranha no seu celeiro, em meio às ovelhas. Eles dão ao estranho ser o nome da filha que morreu, Ada, e decidem criá-la como sua, enfrentando alguns obstáculos. Noomi Rapace, a atriz sueca que ganhou fama depois de “Millenium:Os homens que não amavam as mulheres” ,interpreta a mãe de Ada, disposta a qualquer coisa para não perdê-la. (Veja o trailer – BR)

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E vem aí no cinema…

  • Mais um filme sobre uma estrela da música brasileira…” Meu nome é Gal “ chega em março, contando o início da carreira da cantora que morreu este ano quando o filme já estava em produção. A atriz global Sophie Charlotte interpreta a jovem baiana. A direção é de Dandara Ferreira. A conferir.
  • Outro filme que chega em março aos cinemas é o forte “Entre Mulheres”, dirigido pela atriz Sarah Polley. Ele conta a história de mulheres da igreja Menonita, na Bolívia, mantidas isoladas e privadas de educação ou vida própria. O pior de tudo são os abusos sofridos pelos homens líderes da religião. O nome mais conhecido do elenco é Rooney Mara, estrela da versão americana de “ Millenium:Os homens que não amavam as mulheres”. Mara vai ser também Audrey Hepburn na nova cinebiografia da lendária atriz.
  • E Pedro Almodóvar vai promover a estréia de seu novo curta“ Strange way of life” no Festival de Cinema de Cannes em maio deste ano. Estrelado por Ethan Hawke e Pedro Pascal, o diretor espanhol descreveu o curta como um “um faroeste estranho, no sentido de que há dois homens e eles se amam“. Ele também acrescentou que os personagens de Pascal e Hawke “se comportam nessa situação de maneira oposta”.

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HOMENAGEM

Reprodução/Divulgação

Margareth Von Trotta faz 80 anos

Atualmente há um número grande de mulheres atrás das câmeras, basta ver na coluna de hoje quantas foram mencionadas, mas até poucas décadas era raro encontrar uma diretora no espaço reservado historicamente aos homens.  A alemã Margareth Von Trota foi uma das que abriu caminho para outras diretoras, ao lado da italiana Lina Wertmuller e da belgo- francesa Agnes Vardá. Depois de atuar como atriz em vários filmes, Margareth ampliou sua vocação como roteirista e diretora de cinema nos anos 70.

Considerada líder do Movimento do Novo Cinema Alemão, Von Trotta dirigiu filmes importantes como “A honra perdida de Katharina Blum” (1975, ao lado de Volker Schlondorff, com quem era casada) e “Rosa Luxemburgo” (1986). Mais recentemente assinou o impactante “Hannah Arendt-Ideias que chocaram o mundo”, com a atriz Barbara Sukova, uma espécie de alter ego da diretora alemã.

Margareth faz 80 anos no próximo dia 21 de fevereiro e continua em atividade. Atualmente ela filma sobre a escritora, dramaturga e poeta austríaca, Ingeborg Bachmann, uma mulher pouco convencional, como outras que a diretora alemã já retratou. O filme vai se chamar “Ingeborg Bachmann- Journey to the desert”.

Parabéns e longa vida à Margareth Von Trotta!

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THE END

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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