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Os gogo boys, o cão milionário e o adeus a nossos ídolos 

Cena de "Bem-vindos ao Clube da Sedução"/divulgação Hulu-Star+

Os gogo boys, o cão milionário e o adeus a nossos ídolos 

 

Star+

Bem-vindo ao Clube da Sedução –  8 episódios – 2022

Essa minissérie tinha tudo para ser ótima, mas é apenas boa. Nem sei explicar bem o que faltou ou sobrou, mas ficou aquém do que poderia. A história real de Somen “Steve” Banerjee já foi contada em documentário. Ele é um empreendedor indiano-americano que criou o Chippendales, conhecido como o primeiro show de strip-tease apenas com modelos masculinos. Depois de imigrar para Playa del Rey, na Califórnia, Steve vê uma oportunidade única de transformar um bar em uma atração de sucesso. Para isso ele conta com Nick De Noia, um coreógrafo premiado com o Emmy, para melhorar a apresentação dos gogo boys. Os dois estabelecem uma sociedade cheia de brigas, reforçadas pela insegurança de Banerjee, até que as coisas saem totalmente do controle. O americano-paquistanês Kumail Nanjiani, conhecido por séries de humor, interpreta o conturbado empresário, ao lado de Murray Burtlett (de The White Lotus) e Juliette Lewis, em mais um papel de doidona. A produção explora bastante os shows dos stripers ao longo do filme.

 

O último duelo – direção: Ridley Scott – 2021

Ambientada durante a Guerra dos Cem Anos, no século 14, a história é verdadeira e gira em torno da nobre Marguerite, casada com o cavaleiro Jean de Carrouges. O drama épico mostra o belicismo, o poder masculino e o estupro sofrido pela jovem Marguerite por Jacque Les Gris, amigo de seu marido. A trama é contada em três versões: a da vítima, a do marido e a do agressor. O caso é levado aos tribunais, não porque estupro fosse crime, mas porque mexia com a propriedade de outro homem, no caso a esposa. Temos Matt Demon  interpretando o tosco Jean de Carrouges e Adam Driver como Les Gris. Acho que eu inverteria os papéis, mas não sou diretora de elenco. Ben Affleck, que assina o roteiro junto com seu costumeiro parceiro, Matt Damon, é o conde Pierre Dalençon. Le Gris é o braço direito do conde que, por sua vez, não gosta nadinha de Carrouges. Ao final, os dois ex-amigos se enfrentarão no último duelo autorizado publicamente pela Corte.

Reprodução/Divulgação

 

Netflix

Gunther – o cachorro milionário – minissérie documental – 4 episódios – 2022

Os seres humanos não param de me surpreender! Para o pastor alemão Gunther e seus descendentes  a expressão “vida de cão” ,como a conhecemos, não se aplica. Ele é o herdeiro de uma imensa fortuna deixada por uma condessa que havia perdido o filho de nome Gunther. O tutor do cão também leva uma vida de luxo e idéias pouco ortodoxas de marketing. Não vou me estender muito para não dar spoiler, mas Gunther mora em uma mansão que pertenceu a Madonna e  senta à mesa para comer caviar e outras iguarias.

Reprodução/Divulgação

 

O suplente – direção: Diego Lerman – 2023

Professores bem intencionados tentando mudar a vida dos alunos é um tema recorrente no cinema, como “Ao mestre com carinho” ou “A Sociedade dos Poetas Mortos”. Mas, sempre traz um alento ver que com empatia e esforço é possível transformar o mundo, nem que seja o seu mundo mais próximo. Nesta película argentina, Lúcio é um professor da prestigiada Universidade de Buenos Aires, mas decide ensinar literatura em um bairro da periferia de área marginal dos subúrbios de Buenos Aires. Lúcio deve usar toda a sua engenhosidade para levar as aulas adiante e, ao mesmo tempo, ultrapassar todos os tipos de limites morais e preconceitos sociais para tentar salvar Dylan, seu aluno favorito, que é perseguido por uma quadrilha de traficantes em busca de vingança.

Reprodução/Divulgação

 

Mubi

The hand – direção: Wong Kar-wai – 2004

Vejo filmes o tempo todo, alguns apenas por obrigação profissional. No meio deles, tem muita coisa mediana ou ruim. Rever o filme de Wong Kar-wai, diretor chinês criador do movimento “Segunda Nova Onda” do cinema de Hong Kong, me fez lembrar porque amo Cinema. Em pouco mais de sessenta minutos, com poucos diálogos, Kar-wai entrega mais sentimentos e reflexões que uma franquia dessas com doze sequências. “The hand” é uma versão ampliada de um conto erótico e elegante que fez parte da trilogia “Eros”, ao lado de Michelangelo Antonioni e Steven Soderbergh. Um aprendiz de alfaiate fica obcecado por uma cliente quando vai atendê-la em casa e ela dá a ele uma experiência inesquecível .

Reprodução/Divulgação

 

Darling, a que amou demais – direção: John Schlesinger – 1965

O papel da jovem modelo que usa de sedução para subir mais rápido na carreira deu o Oscar de Melhor Atriz para Julie Christie. A belíssima atriz britânica faria na sequência o filme mais importante de sua carreira, “Dr. Jivago”. Como Darling, ela usa homens poderosos à sua volta, mas acaba sendo engolida pelo sistema. Dirk Bogarde e Laurence Harvey, dois importantes intérpretes dos anos 60 estão no elenco desse filme em preto e branco.

Reprodução/Divulgação

 

HBO Max

O Duque – direção: Roger Michell – 2020

A história se passa em 1961, quando Kempton Bunton , um taxista de 60 anos, roubou o retrato do Duque de Wellington pintado por Goya da National Gallery em Londres. Foi o primeiro e único roubo na história da galeria. Kempton mandou notas de resgate dizendo que devolveria a pintura com a condição de que o governo concordasse em fornecer televisão gratuitamente aos idosos. Passaram-se 50 anos antes que a história completa surgisse com revelações surpreendentes. Bunton é interpretado pelo sempre presente em filmes britânicos,  Jim Broadbent, ao lado da premiadíssima Helen Mirren.

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HOMENAGEM AOS MESTRES QUE PARTIRAM

A little prayer para Burt Bacharah

Reprodução/Divulgação

Quem ama cinema, ama Burt Bacharach ! Esta foi a primeira coisa que me passou pela cabeça quando soube da morte do grande compositor, aos 94 anos, autor de algumas das mais lindas trilhas sonoras do cinema. Ele recebeu três Oscars e seis Grammys e sua carreira durou até o fim da vida.

A cena antológica de “ Butch Cassidy e Sundance Kid”, dirigido por George Roy Hill, onde Paul Newman anda de bicicleta com sua amada, não seria a mesma sem a canção “Raindrops keep falli´n in my head”. A obra de Bacharach é cheia de alegria e quando o questionaram sobre fazer “música fácil”, ele perguntou se algum compositor no mundo não gostaria que as pessoas guardassem suas canções na memória. As dele ficaram tão eternas que, mesmo trinta anos após sua criação, “I say a little prayer “voltou na trilha sonora do filme “O casamento do meu melhor amigo”, com Julia Roberts. E fez sucesso outra vez!

Quando falo em alegria lembro também de “Horizonte perdido”, um remake do filme de Frank Capra, de 1937. Na versão de 1973, com Liv Ullmann e Peter Finch, Xangri-lá é mais o verdadeiro paraíso na terra por causa da trilha de Burt Bacharach. Até hoje ouço o álbum quando quero me alegrar.

E será que  Dudley Moore na pele de “Arthur, um milionário” seria tão adorável sem a canção tema ?

 

Una oración para Carlos Saura

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Eu ainda não havia me refeito da partida de Burt Bacharach quando veio a notícia da morte de Carlos Saura. Ele é um dos nomes mais importantes da história do cinema espanhol, ao lado de Luiz Buñuel e, seguindo o mesmo caminho, Pedro Almodóvar.

Meu primeiro contato com a obra de Saura foi com “A colméia”, de 1969, depois “Ana e os lobos”, de 1973 e “Cria Cuervos”, de 1976, todos com sua musa e então esposa, Geraldine Chaplin. “Cria Cuervos”  venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1976 e lançou a pequena Ana Torrent. A política sempre norteou as criações do espanhol e essa metáfora do fascismo nos soa familiar, incluindo o ditado que dá nome ao filme: cria corvos e eles te arrancarão os olhos. É de “Cria Cuervos” também a antológica a cena da canção “Por que te vás”.

Além da política, uma paixão permeou a obra de Saura: a dança. Foi graças a ele que conheci o grande coreógrafo e bailarino, Antonio Gades, que fez “Carmen” e “Amor Bruxo” com o diretor. [No trailer da Filmow cena de Flamenco,Flamenco]

 

Ao som de Vangelis

Quem partiu na mesma semana foi o britânico Hugh Hudson, diretor do ganhador do Oscar de 1982 com “Carruagens de Fogo”, além de “Greystoke-A lenda de Tarzan”, com Christopher Lambert.  Em “Carruagens de fogo” , a cena dos atletas correndo na praia em câmera lenta, ao som da música de Vangelis, entrou para os anais de sequências antológicas do cinema. HH tinha 86 anos.

 

Uma perda para o cinema brasileiro

O cinema brasileiro também foi vítima dessa semana fatídica. Conheci Djalma Limonji Batista durante o Festival de Cinema de Gramado, em 1982, quando ele ganhou o Kikito de Melhor Filme por “Asa Branca, um sonho brasileiro”. Um dos poucos diretores que colocou nas telas a paixão dos brasileiros pelo futebol. Edson Celulari interpreta o jogador humilde que alcança a fama como craque da bola. Mais tarde, Limonji dirigiu “Brasa Adormecida”, também com Edson Celulari e  “Bocage e as coisas do amor”. Limonji tinha 75 anos.

Reprodução/Divulgação

 

ADEUS, LINDA RACHEL!

Eu já tinha colocado o ‘The End’ na coluna, quando veio a notícia da morte de Rachel Welch, uma das chamadas sex symbol dos anos 70. Sua imagem de biquini no longa em “Mil séculos antes de Cristo”, de 1966, fez com que ela estivesse na lista das mais sensuais do cinema, ficando atrás apenas de Marlyn Monroe e Jayne Mansfield na revista “Playboy”, para a qual tinha se recusado a posar completamente nua. Mas, Rachel deve ser lembrada também pelos muitos filmes que fez, como “A espiã que veio do céu”, os faroestes “Desejo de vingança”, “O preço de um covarde” e “Cem rifles”. Em 2001, ela participou do sucesso popular “Legalmente loira”. Continuou linda até os 82 anos, quando partiu depois de uma “breve doença”, segundo sua família.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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