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Um ano difícil para a indústria catarinense

O balanço econômico de Santa Catarina não deixa dúvidas: 2022 está sendo um ano difícil para a indústria catarinense. No mês de outubro a utilização da capacidade instalada seguia em 75%, com queda de 5,1% na produção industrial no mês neutralizando os crescimentos dos meses anteriores. A queda na produção foi de 4% no acumulado do ano (janeiro-outubro). Uma análise mais detalhada, mostra que só dois setores apresentaram crescimento positivo entre os meses de janeiro e setembro. São eles: Produtos alimentícios 2,4% e produtos de metal 1,4%, enquanto outros 10 apresentaram quedas na produção comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Conforme consta na tabela abaixo, os setores que sofreram quedas mais acentuadas foram: os produtos têxteis (-20,4%) máquinas e materiais elétricos (-15,1%) seguidos pela metalurgia (-8,6%), celulose e papel (-7,6%).

Crescimento acumulado (jan-set 22), em comparação ao mesmo período do ano anterior %
produtos têxteis -20,4%
máquinas, aparelhos e materiais elétricos -15,1%
metalurgia –8,6%
celulose e papel –8,2%,
produtos minerais não metálicos –7,6%
produtos de borracha e de material plástico –5,2%
produtos de madeira -2,3%
máquinas e equipamentos –1,4%
vestuário e acessórios -1,3%
veículos automotores –0,2%
produtos alimentícios 2,4%
produtos de metal 1,4%
Fonte: IBGE / Observatório Fiesc

 

O índice de confiança do empresário industrial catarinense também caiu no mês de novembro (48%) e ficou abaixo da média nacional (51,7%).  Queda que se reflete também no baixo índice de intenção de investimento na indústria (58%), a menor desde o início da pandemia (março/2020). Segundo Mario Cezar Aguiar, Presidente da FIESC, esses indicadores refletem a conjuntura internacional, a taxa de juros alta (13,75% ao ano), mas também é reflexo das indefinições em relação política econômica a ser adotada pelo Governo Lula, a preocupação dos empresários com as contas públicas e o tão falado teto de gastos.

Foto: Mario Cezar Aguiar, Presidente da FIESC / Crédito: Janine Alves

Mas a economia catarinense está longe de ser terra arrasada. Apesar na queda da produção industrial e queda dos indicadores de confiança, a economia opera próxima do pleno emprego, com uma taxa de desocupação de 3,8%, com valor de exportações recorde de US$11,1 bi, o maior da série histórica, e importações de US$26,6bi, consolidando os 5 portos catarinenses como referência para o país.

A indústria catarinense é diversificada e pujante, os empresários estão organizados, mas é necessário focar nos obstáculos que impedem a economia catarinense de crescer de forma mais acelerada. O Brasil enxerga o Estado como referência e assim não é prioridade de investimentos. O retorno dos impostos federais gerados por aqui é pequeno: dos R$ 71,6 bilhões arrecadados em 2021 em impostos federais, apenas 11,6 bilhões retornaram para Santa Catarina segundo dados da Receita Federal e da Controladoria Geral da União.

O calcanhar de Aquiles da indústria é a falta de investimentos em infraestrutura, especialmente nas rodovias do Estado que estão entre as piores do Brasil, mas de forma contraditória estes mesmos empresários estão com receio do Governo que mais investiu em infraestrutura no Estado. Mas vale a velha dica: se alguém ganhar um limão faça uma limonada. Então o caminho para o setor produtivo é agilizar as negociações com o futuro Governo, mostrar as prioridades e o retorno possível também para os cofres públicos, porque gerar riqueza gera impostos também. Caberá ao setor empresarial cortar as arestas criadas por Jorginho Mello-PL, Governador eleito, em relação a Luiz Inácio Lula da Silva-PF, afinal o Jorginho deu uma declaração polêmica antes dos dois saírem vitoriosos das urnas

É necessário melhorar a infraestrutura e interligar internamente as regiões do Estado por rodovias, ferrovias e aeroportos. Dar atenção a aduana de Dionísio Cerqueira, ligação terrestre entre Santa Catarina e a Argentina. É inadmissível, por exemplo, que uma passagem Chapecó-Florianópolis (ida e volta) custe mais caro do que uma passagem para Miami ou para algumas cidades europeias. Sim! Dependendo do dia, uma passagem para esse trecho pode custar mais de 4 mil reais. Para isso é necessário calibrar o discurso para que Santa Catarina ocupe a posição que merece no rol das prioridades de investimentos do Governo Federal e do Governo do Estado – mostrar apenas os pontos positivos do Estado e insistir na bipolarização política é um erro diante das urgências. Não é necessário reinventar a roda, mas buscar os interlocutores corretos para movimentar a agenda de desenvolvimento do Estado. É necessário estabelecer uma agenda política que una esforços e não seja dividida por interesses alheios ao próprio desenvolvimento.

Infraestrutura de transportes. Santa Catarina precisa de R$ 18,4 bilhões até 2026 para investir em, avalia FIESC. Agenda da Indústria para Infraestrutura, apresentada pela FIESC mostra necessidade de investimentos entre 2023 e 2026 nas esferas federal, estadual, municipal e privada nas modais rodoviário, aquaviário, ferroviário, aeroviário e dutoviário. Os dados integram a Agenda Estratégica da Indústria para Infraestrutura de Transporte e a Logística Catarinense, apresentada pela entidade nesta segunda. “Precisamos de muito investimento para que a gente possa retomar o crescimento do país”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.

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