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Bela, talentosa e do cinema, La Binoche nos ensina o sabor da vida

Juliette Binoche (Foto: Divulgação)

Ela já fez mais de sessenta filmes e séries, trabalhou com diretores importantes como Krzysztof Kieslowski, Louis Malle, Michael Haneke, Jean-Luc Godard, Abbas Kiarostami, David Cronenberg e André Téchiné, carrega uma série de prêmios em festivais e é detentora do Oscar de atriz coadjuvante por ‘O paciente inglês’ (1996). Aos 60 anos, completados em março,  continua linda [sem aparentes harmonizações, plásticas ou botox], mas seu maior atributo é a emoção que coloca nos seus personagens.  Qui est la belle ? Juliette Binoche, claro.

Seu mais novo filme, “ O sabor da vida” (La passion de Dodin Bouffant), é a melhor estreia da semana nas plataformas. Dirigido pelo vietnamita Tran Anh Hùng ,  premiado como melhor diretor no Festival de Cannes por esse trabalho, o filme acaba de ficar disponível no Prime Vídeo.

Na trama, Juliette é Eugenie, uma talentosa cozinheira, que convive com  o famoso gourmet Dodin Bouffant, para quem ela trabalhou nos últimos vinte anos. A gastronomia e a admiração mútua levou-os a um relacionamento íntimo. A parceria entre os dois resulta em pratos incríveis, cada um mais delicioso do que o outro, desafiando até os chefs mais renomados do mundo. No entanto, Eugenie preza por sua liberdade e nunca quis se casar com Dodin. Então, para tentar convencê-la, ele decide fazer algo que nunca fez antes: cozinhar para ela.

O filme é comovente, sem ser piegas, a fotografia é espetacular, principalmente no cuidado estético ao mostrar a preparação dos pratos, e Juliette Binoche tem a companhia do ex-marido, Benoit Magimel [ com quem tem uma filha], perfeito no papel de Dodin. A atriz afirma que “ as pessoas se apaixonam por este filme porque é sobre o amor”.

Nem precisava, mas La Binoche – como é chamada no país de origem – provou novamente em “O sabor da vida” que é muito mais que um rosto bonito: ela é uma das melhores atrizes em atividade, não só da França, mas do mundo. Ela coleciona outros prêmios além do Oscar, já ganhou o Coppa Volpi de atriz no Festival de Veneza de 1993 com A Liberdade é Azul; o Leão de Prata de atriz no Festival de Berlim e a Palma de Ouro de atriz no Festival de Cannes em 2010 por Cópia Fiel.  Além de sua atuação em filmes europeus, Juliette já encarou papéis em películas bem comerciais  em Hollywood , como “Godzila” (2014) e “ Crime na rodovia Paraíso” (2022).

Juliette Binoche já fez tantos filmes bons que, para reduzir a lista, destaquei apenas alguns dos meus trabalhos dela que mais gosto.

Mas, se você nunca a viu em ação, pode começar pelo último mesmo, que não irá pedir seu dinheiro de volta. Eu garanto.

  • A insustentável leveza do ser ( 1988)
  • Perdas e danos ( 1992)
  • A liberdade é azul ( 1993)
  • O paciente inglês ( 1996)
  • Chocolate ( 2000)
  • Camille Claudel (2013)
  • A espera ( 2015)
  • Quem você pensa que sou? (2019)
  • O sabor da vida ( 2023) – Trailer
  • The new look ( 2024 ) – série da Apple TV+

 

O que pensa La Binoche?

Juliette esteve no Brasil por apenas dois dias , em 2019, para um lançamento da Imovision. A atriz foi amável com todos à sua volta e caiu no samba, afinal ela tem algo de carioca no seu  DNA. Sua trisavó paterna, Úrsula de Araújo Mattos, nasceu em Saracuruna, na Baixada Fluminense.

Aqui, algumas declarações e reflexões da diva francesa.

  • Ser uma atriz famosa pode te dar uma sensação de ser importante, mas creia-me é só uma ilusão.
  • Quero a força da arte, mas também silêncio para me ouvir.
  • O país de origem e a língua em que o filme será rodado pouco importam  na hora de aprovar um roteiro).
  • Imagine se durante quarenta anos você fizer o papel de uma mulher de 20 anos, você ficaria entediada, declarou a francesa. Claro que não se pode fazer os mesmos papéis o tempo todo.
  • Acho que quanto mais experiência você tem, mais se concentra nas questões realmente importantes, você se abre, amadurece, torna-se mais habilidosa, mais afiada.

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Destaques em lançamentos da semana

 

Max/HBO

Cidade de Deus – direção: Fernando Meirelles – 2002

Abrindo caminho para a série ‘ Cidade Deus – A luta não para’, que estreia em agosto, o Max trouxe de volta a obra-prima de Fernando Meirelles. Se você já viu, reveja, se não viu, veja, para entender porque ele é considerado um dos 100 melhores filmes em língua não inglesa da história, segundo ranking da BBC. Prepare-se para a série que terá seis episódios, trazendo alguns personagens do longa, baseado na obra de Paulo Lins, como Buscapé, que virou fotógrafo na continuação da trama original.

 

Prime Vídeo

Guerra sem regras – direção: Guy Richtie  – 2024

Nesse filme do cultuado diretor britânico, o exército britânico recruta um pequeno grupo de soldados altamente qualificados para atacar as forças nazistas atrás das linhas inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. A mistura de comédia ácida e ação, marca do diretor, tem como principal nome Henry Cavill, conhecido por seus papéis como Superman e em The Witcher.

 

Netflix

Decameron – 8 episódios – 2024

Essa minissérie satírica, inspirada na clássica coleção de contos do século XIV, de Giovanni Boccaccio, mostra a pandemia da peste bubônica em 1348, em Florença, e como as pessoas se comportam em crises histórias como essa. Com humor ácido, a trama traça paralelos com problemas contemporâneos e não poupa nada, nem ninguém. Na hora do ‘ salve-se quem puder’, alianças são formadas e desfeitas, traições e desespero se sucedem. Vale a pena conferir.

 

Destaque na tela grande

A Flor do Buriti – direção: Renée Nader Messora e João Salaviza – 2023

Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a Ditadura brasileira. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô continuam a caminhar sobre a sua terra sangrada, reinventando a cada dia infinitas formas de resistência.

Em cartaz, em Florianópolis, no Cine Paradigma – SC- 301 – 14 horas

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THE END

 

*Fotos: Divulgação/Reprodução

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