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Festival de cinema realizado em Florianópolis impulsiona a economia criativa

Foto: FAM 2023 / Fotos: Eduardo Lopes.

Santa Catarina é o quarto Estado Brasileiro com mais trabalhadores na economia criativa (476.231), ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais

A 27ª edição do Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM 2023) iniciou nesta quinta-feira, 21 de setembro, e já entra para a história com um recorde de inscrições, totalizando 1.545 produções. O festival, que se estende até 27 de setembro, selecionou cuidadosamente 89 filmes, distribuídos em seis Mostras Competitivas: Work In Progress, Mostra Curtas, Mostra Infantojuvenil, Mostra Curtas Catarinense, Mostra Longas e Mostra Videoclipe. Uma Mostra Especial, denominada “Nossos Mundos,” apresenta filmes convidados e permanecerá disponível na plataforma Itaú Cultural Play até 4 de outubro.

Este ano, o destaque do festival é a presença de 28 filmes convidados, que se juntam às 61 obras selecionadas para as Mostras Competitivas, oferecendo ao público uma ampla variedade de produções cinematográficas para desfrutar. A cerimônia de abertura ocorreu no CineShow do Beiramar Shopping, com a presença de autoridades do audiovisual, e o filme escolhido para inaugurar o festival foi “As Três,” uma produção catarinense dirigida por Daniela Farina e Ricardo Sékula, demonstrando o compromisso do FAM 2023 em promover o cinema local.

Além de seu enfoque no cinema, o FAM 2023 também desempenha um papel importante como impulsionador da economia criativa em Santa Catarina. De acordo com Aline Belli, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual de SC – Santacine “A indústria criativa é transversal e envolve diversos setores que impactam diretamente no PIB trazendo resultados importantes. E muito mais do que números para nossa economia, acredito no impacto positivo na qualidade de vida. As cidades criativas são lugares mais incríveis para se viver. E o Audiovisual tem um poder aglutinador de setores”.

O estado se destaca como o quarto maior em número de trabalhadores criativos no Brasil, contando com 476.231 profissionais atuando nesse setor. Esse segmento experimentou um notável crescimento de 12% no número de trabalhadores entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, sendo fortemente impulsionado pelo setor de artesanato.

Santa Catarina, conhecida por sua diversidade cultural e potencial criativo, reforça sua posição como um importante polo para as indústrias criativas do país. Com o FAM 2023 como uma de suas principais referências, o estado continua a fortalecer sua economia criativa e a contribuir significativamente para o cenário cultural brasileiro e do MERCOSUL.

Mesmo diante de sua agenda agitada, Aline Belli prontamente aceitou o convite para uma entrevista exclusiva com o Portal Making Of, na qual discutiu a importância do audiovisual e da indústria criativa em nossa cultura e economia. Durante a conversa, enfatizou como esses setores desempenham um papel fundamental em nossa vida cotidiana, fomentando a formação de público e proporcionando valiosas oportunidades de colaboração entre especialistas de diversas áreas. Abaixo, destacamos os principais pontos abordados durante a entrevista:

Janine Alves: Como você vê a influência do audiovisual na cultura e no estilo de vida das pessoas?

Foto: Aline Belli, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual de SC – Santacine / Crédito: reprodução.

Aline Belli: Eu considero que o audiovisual cria narrativas e abrange muitas formas de arte e talentos sob seu amplo guarda-chuva. Além de gerar muitos empregos, ele também influencia nossa cultura e estilo de vida. Por exemplo, muitos de nós comemos no McDonald’s, usamos calças jeans e adotamos diversos costumes da cultura americana, e grande parte disso é influenciada pelo cinema. No entanto, é importante entender que, seja no Brasil ou no Japão, as influências culturais são singulares e é isso que devemos compreender. O soft power, a capacidade de influenciar sem o uso de armas, é uma ferramenta poderosa que o audiovisual nos proporciona, permitindo-nos transmitir nossos valores e crenças por meio das narrativas que criamos no cinema.

Janine Alves: Pode falar mais sobre o SC Criativa e como ele tem mobilizado as pessoas na indústria criativa?

Aline Belli: Através do SC Criativa, que é um movimento de voluntários para fazer com que as pessoas percebam essa área, entendam e se encontrem na indústria criativa. E assim realizamos diversas ações para mobilizar as pessoas, principalmente em Blumenau e região, especialmente para elas compreenderem seu papel na economia da indústria criativa. Essa indústria reúne diferentes setores da economia criativa em uma única marca. Por exemplo, a Turma da Mônica envolve biotecnologia, teatro, música, parques temáticos e muito mais, gerando empregos e impactando nossa vida cotidiana. Nosso objetivo é fazer com que essas ações se multipliquem, e estamos ativos em eventos, grupos de WhatsApp e sites para ampliar nosso alcance, inclusive em outras regiões de Santa Catarina. Também estamos colaborando com o Santa Cine na FIESC para fortalecer a indústria criativa e unir diferentes indústrias com foco em nossa cultura local.

Janine Alves: Você mencionou uma viagem ao Canadá para entender o ecossistema de games. Pode explicar como essa experiência impactou sua compreensão da indústria criativa?

Aline Belli: Um dos integrantes do SC Criativa, Marlon, que fazia parte da Playmove, realizou uma viagem ao Canadá para explorar o ecossistema de jogos. Ele passou uma semana lá, compreendendo como essa indústria funcionava na região. Ele foi recebido na embaixada canadense, teve a oportunidade de se reunir com o prefeito da província e visitou empresas de teatro, trilha sonora, estúdios de animação e jogos. Essa experiência ampliou nossa perspectiva, pois percebemos que a atividade criativa se estende para várias áreas. Por exemplo, atores de teatro podem contribuir com suas habilidades para jogos, auxiliando na captura de movimentos ou orientando a animação. Essa viagem demonstrou como diferentes especialidades podem colaborar e como a indústria criativa se expande para além do seu foco inicial, gerando impactos significativos na economia.

Janine Alves: Como o FAM desempenha um papel importante na formação de público e na colaboração entre os profissionais da indústria criativa?

Aline Belli: O FAM desempenha um papel fundamental na formação de público e na colaboração entre os profissionais da indústria criativa. Ele serve como um ponto de encontro para diferentes públicos, incluindo realizadores, e oferece palestras e eventos de mercado que permitem aos produtores criar novas obras e estabelecer conexões com especialistas do setor. Isso também atrai representantes do Ministério da Cultura e do BRDE, tornando-se um importante ponto de convergência que abrange toda a cadeia da indústria. O resultado é uma influência significativa que impacta não apenas a região, mas também colaborações nacional e internacional, como projetos conjuntos com o Brasil, Argentina e Chile.

Janine Alves: Como os festivais podem contribuir para o crescimento da indústria criativa e promover a colaboração entre os profissionais desse setor em Santa Catarina?

Aline Belli: Os festivais desempenham um papel crucial no crescimento da indústria criativa e na promoção da colaboração entre seus profissionais em Santa Catarina. Eles oferecem oportunidades para que profissionais compartilhem suas experiências, desafios e pontos fortes, fortalecendo toda a cadeia produtiva. Além disso, os festivais estimulam a formação de público e a troca de ideias com especialistas, fomentando novas produções e projetos criativos. Santa Catarina pode se beneficiar muito ao adotar um olhar mais atento para esses festivais, pois eles criam espaços onde todos os segmentos da indústria podem interagir, crescer e prosperar.

 

Biografia:

Aline Belli é presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual de SC -Santacine e fundadora do movimento SC Criativa. Sócia da Belli Studio. Graduada em Publicidade e Relações Públicas com especialização em Marketing, foi produtora executiva dos clipes Pra te Encontrar e A Fonte da banda theZorden (Bis, Multishow e MTV), da série Boris e Rufus, exibida pela como primeira janela na Disney XD Latam e hoje está em mais de 80 países e 07 idiomas. Boris e Rufus recebeu o prêmio Chilemonos/2018, como melhor animação latino-americano e em 2019 foi indicada na categoria Melhor Série Brasileira de Animação ao 18° Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Produziu a série Tuca o mestre Cuca (TV Cultura, Futura e Amazon Prime). Atualmente está trabalhando na série Esquadrão do Mar Azul para o público pré-escolar e no desenvolvimento da série A Garra do Crime baseada em quadrinhos brasileiros.

 

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