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Paulo e Tarcísio, para sempre

Paulo e Tarcísio, para sempre
Reprodução/Globo

Quem acompanha minha coluna “Crônicas, cine & séries” às sextas-feiras, sabe que estou de “férias” por algumas semanas. Mas, tive que interromper a pausa para falar da morte de dois grandes atores brasileiros.

Acho muito emblemático Paulo José e Tarcísio Meira tenham partido no momento em que a cultura e a memória do cinema nacional estão em frangalhos. É muito, muito triste que as novas gerações podem jamais ter acesso aos trabalhos desses dois artistas.

Levei um susto ontem quando comentei nas redes sociais sobre a morte de Paulo José e recebi de muitos a resposta – mas ele já não tinha morrido? Não, Paulo José enfrentava desde 1993 o terrível Mal de Parkinson, mas mesmo assim seguiu trabalhando. Em 2011, ele brilhou em “O Palhaço”, filme dirigido por Selton Mello, de quem aliás recebeu uma das mais belas homenagens que li ontem. Paulo era muito conhecido por seus trabalhos na TV. Quem não o conhece do cinema pode buscar os clássicos “Macunaíma” (1969), “Todas as mulheres do mundo” (1966) ou ainda o documentário “Todos os Paulos do mundo” (2018).  Ele foi também diretor e roteirista.

A perda de hoje também foi enorme. Tarcísio Meira foi muito mais que apenas um famoso galã de novela da Globo. Ele brilhou no cinema como “Quelé do Pajeú” (1966), no ousado papel para a época em “O Beijo no Asfalto” (1981), no arriscado “República dos Assassinos”, pois vivíamos o final da ditadura (1979) e dezenas de outros papéis. Para mim, seu trabalho mais impactante na TV foi em “A Muralha”. O Dom Jerônimo Taveira que ele criou para a minissérie me dá arrepios até hoje. Que atuação!

Paulo José tinha 84 anos e sucumbiu a uma pneumonia; Tarcísio foi levado pela maldita Covid, aos 85 anos. Talvez eu esteja cometendo alguns erros cronológicos, mas queria escrever logo o que me vem no coração. O melhor de tudo é que, além de grandes artistas, foram seres humanos dignos e que enfrentaram os anos de chumbo com coragem e determinação. Conheceram a melhor e a pior fase do cinema brasileiro e jamais desistiram.

Vão fazer muita falta. Espero que vivam para sempre na memória do público, mesmo que suas trajetórias sejam passadas de boca em boca, de pai para filho, já que a memória oficial se esvai. Obrigada Paulo José, obrigada Tarcísio.

(Brígida De Poli – Coluna Crônica, cine & séries)

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