Todo o dia, e cada vez mais, a mídia mostra brigas no trânsito. Algumas acabam até com vítimas fatais. Às vezes uma fechada, um arranhãozinho na porta, já basta para provocar perseguição, socos e tiros. A nova série de comédia dramática “Treta”, da Netflix, começa assim. Danny Cho, um faz-tudo em crise financeira e Amy Lau, uma empresária bem-sucedida , mas frustrada na vida pessoal, têm um incidente bobo no trânsito. O que poderia acabar ali mesmo se complica quando ele resolve seguir o carro de luxo que deu uma fechada na sua velha pickup. Começa uma perseguição pelas ruas, com direito a passar por cima dos canteiros e a colocar outros motoristas em risco. Só mais tarde, Danny descobre que na direção estava uma mulher. Os dois começam um verdadeiro duelo para ver quem prejudica mais o outro. Cegos pela vingança eles não percebem ser impossível alguém se dar bem no fim desse duelo insano. Enquanto se confrontam, Danny e Amy também precisam lidar com suas angústias pessoais que não são poucas.
Escrito pelo sul-coreano Lee Sung-Jin, a série também traz atores orientais nos principais papéis, embora a história se passe nos Estados Unidos. “Treta” é contada em dez episódios, mas acho que poderia ser mais curta para manter o ritmo. Seja como for, caiu no gosto do público e tudo indica que a Netflix vai confirmar a segunda temporada. Vem mais treta por aí.
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Fúria incontrolável – direção: Derrick Borte – 2022 – HBO/HBO Max
Já que falamos em treta no trânsito, coloco aqui o filme que traz Russel Crowe de volta. Ele, que já foi um dos nomes mais prestigiados de Hollywood, anda com a carreira em baixa. Talvez por isso tenha aceitado fazer um filme mediano como esse. Crowe interpreta um homem que transforma a vida da apressada Rachel num inferno, depois dela ultrapassar seu carro no sinal. O estranho tem um ataque de raiva e após a discussão, ele se torna um perseguidor violento.
Relatos selvagens – direção: Damián Szifron – 2014 – várias plataformas
Essa antologia argentina não é nova, mas traz no primeiro episódio uma briga de trânsito levada às últimas consequências. Há outras cinco histórias, igualmente interessantes, mostrando o quanto podemos passar da civilidade para a barbárie por pouca coisa. O indefectível Ricardo Darín fez sucesso como “Bombita” num dos episódios. O público se identificou com o homem que enlouquece por causa da burocracia que ele tenta em vão vencer. “Relatos Selvagens” ganhou o prêmio Bafta – o mais importante do cinema no Reino Unido – de Melhor Filme em língua não inglesa.
Ingresso para o paraíso – direção: Ol Parker – 2023 – Telecine/Now
Aqui, a treta não se dá pelo trânsito, mas por dois casamentos, um já terminado e outro por se realizar. A história é banal e cheia de clichês: um ex-casal que vive implicando um com o outro, precisa se unir para impedir o casamento da filha. A jovem, recém formada em Direito, vai passar férias em Bali e se apaixona por um nativo. Quando ela manda avisar os pais que vai casar e morar na ilha, os dois acham que é um erro, que ela tem uma carreira brilhante pela frente e está sendo levada pelo romantismo. A dupla então embarca para Bali, fingindo que apóia o casamento, mas a ideia a sabotar a união.
O que desperta o interesse em ver o filme é o ex-casal ser interpretado por George Clooney e Julia Roberts. Como resistir? O cenário é belíssimo e há alguns momentos divertidos. Serve como entretenimento.
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DESTAQUES
Air- A história por trás do logo – direção: Ben Affleck – 2023 – Prime
Em 1984, a Nike pensava em encerrar a divisão de tênis de basquete da marca por causa das vendas em queda. Assim, o CEO Phil Knight , interpretado pelo próprio Affleck, junto do vice-presidente de marketing Rob Strasser , vivido por Jason Batman, escala o executivo Sonny Vaccaro , um homem determinado e eficiente, a encontrar o novo porta-voz para a divisão esportiva. Vaccaro, interpretado pelo grande amigo do diretor, Matt Damon, tem uma ideia que parecia impossível. Quer o jovem astro Michael Jordan como garoto propaganda dos calçados de basquete da Nike, mas ele é disputado pela poderosa Adidas e pela Converse. No início, Jordan não tem o menor interesse na Nike, mas Vaccaro sabe que é a mãe do jogador quem dirige sua carreira. Ela é Viola Davis. A Nike cria a linha Air Jordan e o resto é História. Ben Affleck mostra mais uma vez que é um diretor competente.
Um filho – direção: Florian Zeller – 2022 – Prime Vídeo
Neste drama ( e bota drama nisso) Hugh Jackman é Peter, um bem-sucedido executivo, que mora com a nova mulher e o bebê dos dois. Um dia, a ex-mulher, interpretada por Laura Dern, bate à porta de Peter, dizendo que o filho adolescente dos dois está com sérios problemas existenciais. O rapaz vai morar com o pai, apesar do seu descontentamento com a nova relação dele com uma mulher mais jovem. Peter se esforça para ajudar o filho, mas há um problema de comunicação instransponível. No meio da correria de sua brilhante carreira, Peter tem pouco tempo para a nova família e gerenciamento do caos que sua casa se transforma. Ele não é o pai cruel ou indiferente, mas sua própria criação impede uma aproximação mais íntima com o jovem. Aliás, Anthony Hopkins, aparece em uma única cena como o rigoroso pai de Peter, e dá uma aula de interpretação. Mas, falando em interpretação, Hugh Jackman, que o público se acostumou a ver como Wolverine, mostra que é um atorzaço também em papel dramático. No mais, mesmo não sendo um dramalhão meloso, o final é de cortar o coração da gente. Prepare-se.
Uma curiosidade: Anthony Hopkins foi também o progenitor em “Meu pai”, filme do mesmo diretor de “Um filho”.
POR FALAR EM TRETA …
Se existe uma família cheia de tretas no mundo é a realeza britânica! Os conflitos dos Windsor renderam cinco temporadas de “ The Crown”, uma das séries mais bem-sucedidas da história. E era para encerrar aí. Mas, os produtores resolveram estender para uma sexta e derradeira temporada. Nela, vemos a entrada dos amados príncipe herdeiro e princesa de Gales, William e Kate Middelton. Os estreantes Ed McKey e Meg Bellamy (na foto) darão vida aos “royals”, mostrando como eles se conheceram na faculdade e engataram o namoro. Os intérpretes são muito parecidos com William e Kate naquela época. Dos renegados Harry e Meghan Markle ainda não se sabe nada. A sexta e última temporada da série deve estrear no streaming ainda em 2023, mas não há data confirmada.
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ESPECIAL CINEMA
Curta-metragem “ Dás um banho, Zé Perri!” entra em cartaz em Florianópolis
Filmado na capital catarinense, o curta-metragem “Dás um banho, Zé Perri!”, com direção de Zé Dassilva, está em exibição no Paradigma Cine Arte, Florianópolis. O filme é inspirado na visita do aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, e escritor de “O Pequeno Príncipe”, a Florianópolis. A programação será exibida entre os dias 18 e 24 de maio, com sessões às 18h30.
Ambientado em 1930, o filme conta a história de um desenhista (vivido pelo ator Marcos Veras) que convence Saint-Exupéry (Rodrigo Fagundes), a viajar até Florianópolis a fim de realizar o sonho de sua amada Rosa (Alana Ferri): dar uma volta de avião. É uma obra lúdica, repleta de alusões à obra de Exupéry, e inspirada num fato real: a convivência dos aviadores franceses com as comunidades de pescadores no Sul do Brasil, onde Exupéry era chamado de “Zé Perri”.
Para a realização do filme, foi construído o primeiro avião cenográfico da história do cinema nacional. Trata-se de uma réplica em tamanho natural do lendário modelo Breguet XIV, usado por Saint-Exupéry. Foram cinco dias de filmagens na praia do Campeche, na capital catarinense.
O curta-metragem soma 15 prêmios em 25 festivais de cinema no exterior, e foi incluído na seleção oficial do Katra Film Series, em Nova York, no mês de abril de 2023.
Escrito e dirigido por Zé Dassilva (chargista do Diário Catarinense e roteirista em várias novelas na TV Globo), o filme tem 21 minutos e é produzido por 4-3-3 Produções, Diplomata Filmes (produtora que reúne Marcos Veras, Zé Dassilva e o também roteirista Dino Cantelli), Vinil Filmes e Studio de Ideias. Entre as premiações, está a de melhores efeitos visuais no San Diego International Film Awards (EUA), melhor filme latino do Mumbai International Film Festival (Índia), melhor filme de romance no Seoul International Short Film Festival (Coreia do Sul) e melhor ator (para Marcos Veras) no Toronto Indie Shorts (Canadá).
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THE END
