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Mães na tela, a volta de Watergate e a maior treta de Hollywood

Joan Crawford e Mara Hobel em " Mamãezinha querida" (Foto: Divulgação)

Fiz uma pequena seleção de perfis maternos no cinema para lembrar o dia DELAS. Mas, já aviso que nem todas as mães retratadas aqui são aquelas abnegadas ou amorosas. Seja como for, a maternidade é um tema recorrente e fonte de inspiração infindável para roteiristas e diretores.

Boa leitura, bons filmes e não se esqueça de dizer “eu te amo” para a sua mãezinha.

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Mamãezinha querida (Mommie Dearest) – direção: Frank Perry – 1982

A atriz Joan Crawford entrou para o ranking das mães megeras com louvor nesse filme baseado no livro escrito pela filha adotiva, Christina Crawford. A grande estrela aparece como uma mãe tirânica submetendo a garota e o irmão, também filho adotivo, a um tratamento cruel. Na vida real, outras duas gêmeas , adotadas por Joan, desmentiram as maldades denunciadas pelos irmãos. Elas não aparecem no filme, porém. O livro, e consequentemente o filme, foram lançados após a morte de Joan Crawford.  A interpretação de Faye Dunaway foi considerada caricata e ridícula. ( na foto, Joan e a filha e Faye travestida de Joan).

Disponível online gratuitamente.

 

 

Preciosa (Precious) – direção: Lee Daniels – 2010

Esse é daqueles para ver com a caixa de lenços à mão. Claireece, a Precious, tem 16 anos, é abusada pelo pai e maltratada pela mãe que vê nela uma rival! Ao engravidar do pai pela segunda vez, a garota é expulsa da escola, o que acaba sendo uma benção. Precious, ainda analfabeta, vai para uma escola especial onde recebe apoio.  É o início de sua virada, tendo como motivação a assistente social Weiss (interpretada pela diva da música, Mariah Carey) e a professora Rain. Aos poucos, a jovem vai compreendendo sua realidade familiar e que há esperança através da educação e da solidariedade. A mãe terrível, e ao mesmo tempo sofrida, deu a Mo`Nique o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Precious levou também a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado.

Disponível no YouTube.

 

 

A filha perdida – direção: Maggie Gyllenhaal – 2022 -Netflix

A premiadíssima Olivia Colman é  Leda,  uma mulher de meia-idade divorciada, devotada a sua área acadêmica como professora de inglês e também mãe dedicada. Quando as filhas decidem passar as férias com o pai no Canadá, Leda já antecipa sua rotina sozinha.  Mesmo meio culpada, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Grécia.  Lá, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de fazer como mãe. Adaptado do livro de Elena Ferrante, a enigmática autora de “A Amiga Genial”, o longa dirigido por Maggie Gyllenhaal  traz uma reflexão tocante sobre maternidade, individualidade e culpa, com um desfecho aberto para várias interpretações. Olivia mais uma vez entrega interpretação comovente  na pele  da mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado. Maggie Gyllenhaal que já demonstrou ser excelente atriz, mostra na sua estreia como diretora que é multitalentosa.

 

 

Deixe-o partir – direção: Thomas Bezucha – 2020 – Netflix

Embora tenha sido lançado há três anos, o filme só foi descoberto pelo público agora que entrou na Netflix. O drama, com pitadas de faroeste, fala de luto, maternidade e desapego. Kevin Coster e Diane Lane vivem em um rancho e são felizes até a morte do filho. Mais tarde, a nora viúva se envolve com um homem violento e acaba tendo que fugir. O problema é que ela leva o neto do casal.  É aí que o vovô Costner, xerife aposentado, entra em ação.

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MÃES EM SÉRIE

Objetos Cortantes ( Sharp Objects) – 8 episódios – HBO

Patrícia Clarkson é Adora Crellin, mãe de duas filhas de pais diferentes. Amy Adams vive a jornalista Camille, a filha rebelde que saiu de casa depois da morte de outra irmã. Anos depois ela retorna à casa materna para cobrir os assassinatos de duas adolescentes que aconteceram na cidadezinha natal. Percebe-se logo que ela e a mãe não se dão bem. A irmã caçula parece ter a saúde frágil e é super protegida por Adora. O atual marido de Adora e pai da caçula vive alienado na sua coleção de música e finge não perceber que a mulher tem um caso extraconjugal com o xerife. À medida que investiga o caso das duas jovens mortas, Camille vai encarando os próprios fantasmas e tentando descobrir um enigma de seu passado. A minissérie está disponível na HBO/HBO Max.

 

 

Mildred Pierce – 5 episódios – 2011 – HBO Max

Nova adaptação do romance homônimo de James M. Cain, depois do filme Alma em Suplício de 1945, estrelado por Joan Crawford ( sim, a mesma mãe cruel da vida real) , que ganhou o Oscar pelo papel. Mildred é uma mãe dedicada que precisa reconstruir a vida depois de expulsar o marido de casa. O que já seria difícil para qualquer mulher nos anos 30, o país  ainda está em plena depressão. Mildred cozinha muito bem e acaba aceitando qualquer trabalho para manter a família. Sua ambiciosa filha Veda, criada com todo conforto e amor, tem vergonha da mãe. Quando parece que Mildred finalmente vai ser feliz, a filha se encarrega de não deixar. O papel da infeliz mãe deu a Kate Winslet todos os prêmios de Melhor Atriz em séries naquele ano. Ao seu lado, ela tem o australiano Guy Pearce e Eva Rachel Wood, no papel da filha ingrata.

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EXTRA PAUTA

Destaque da semana

Os encanadores da Casa Branca – minissérie – 2023 – HBO/HBO Max

Outro tema recorrente do qual os americanos não conseguem desapegar é o escândalo Watergate. Depois da minissérie dramática “Gaslit”, que focava mais na figura de Martha Mitchell (Julia Roberts), esposa do advogado e articulador da tramóia para reeleger Richard Nixon, John Mitchell (Sean Penn), esta produção da HBO usa o tom de deboche. A série mostra as trapalhadas dos “ espiões”  E. Howard Hunt e G. Gordon Liddy, nomes por trás da operação de Watergate, que ao invés de preservar, acabaram ajudando a derrubar Nixon. No papel da dupla estão Woody Harrelson e Justin Theroux. O canal disponibiliza um episódio por semana, mas o primeiro foi bem divertido e lembrou uma certa equipe tupiniquim que se deu mal na tentativa de golpe. (Veja o trailer)

Vídeo: Reprodução/YouTube 

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GALERIA

TRETA DE CINEMA

Joan Crawford não teve conflitos só com os filhos. Uma das maiores tretas da história de Hollywood reúne Joan e sua brilhante colega, Bette Davis. Tudo teria começado quando Bette se apaixonou por Franchot Tone, seu parceiro de elenco em “Perigosa” (1935) e Crawford se envolveu com ele durante as filmagens. Segundo Joan, não havia nada sério entre Bette e o ator, mas Bette jamais a perdoou  pelo “roubo frio e sem piedade”.

Reza a lenda que Davis acusou Joan de ter “ dormido com todos os astros da Metro Goldwyn Mayer, exceto com a cadela Lassie”. E que Joan, em troca, teria colocado pedras nos bolsos para que Bette tivesse mais dificuldades de arrastá-la na cena de “O que terá acontecido a Baby Jane” em que as duas contracenaram em 1962. Bette tinha problemas de coluna. Se isso foi  inteiramente verdade não se tem certeza, mas é fato que Joan Crawford subiu ao palco para receber o Oscar em nome da vencedora Anne Bancroft no mesmo ano em que Bette foi indicada ao prêmio. Queria pontuar a derrota da arquinimiga. Depois, talvez temendo a comparação entre a atuação dela com Bette, que era uma atriz extraordinária, Joan desistiu do próximo filme que fariam juntas, “Com a maldade na alma”.

Ainda não se usava a expressão fake news, mas circulava o boato que Davis afirmava que Crawford sentia atração sexual por ela (Joan teria confessado a um amigo íntimo: “Eu não me importaria em transar com ela se me pegasse num dia bom”). Também não está confirmado se Davis realmente pronunciou a frase no dia da morte de Crawford: “Nunca se deve falar mal dos mortos, somente bem… Joan Crawford está morta. Bem.”

O que é real ou exagero nessa briga nunca saberemos, mas que elas sacudiram Hollywood com fofocas e talento é inteiramente verdadeiro.

Em tempo: A ótima minissérie “ Feud”, com Jessica Lange e Susan Sarandon no papel de Joan e Bette, está disponível na  HBO Max.

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THE END

 

 

 

 

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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