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A lua na sétima casa

A lua na sétima casa
Foto: Reprodução/Site Astro Journey

Enquanto os astrólogos não chegam a um consenso se a Era de Aquário começou em 21 de dezembro de 2020 ou só inicia em 2160, além de outras datas prováveis, não há como ignorar tudo o que ela significa.

Já diz a canção da famosa peça “Hair” (1967), adaptada pelo cinema por Milos Forman em 1979: Quando a lua está na sétima casa, e Júpiter se alinha com Marte, então a paz guiará os planetas e o amor guiará as estrelas!

Paz e amor acabou se tornando o slogan da geração que criou o movimento hippie e abraçou a contracultura na década de 60. Os jovens queriam romper todas as barreiras e condicionamentos herdados dos antepassados, tanto política quando comportamentalmente. Pregavam o amor livre, as drogas como forma de expandir a consciência e o fim dos padrões estéticos tradicionais. O cabelo longo para os homens era um símbolo de rebeldia. As mulheres pintavam margaridas no rosto. O movimento se engajou em causas importantes como a ampliação dos direito civis e o fim das guerras.

No meio dessa turbulência, estudava-se a influência dos astros no Universo e a Era de Aquarius era a mais sonhada porque trataria um clima de paz & amor ao planeta. Como explica a revista Superinteressante: É (a Era de Aquário) uma das chamadas “eras cósmicas”, um conceito astronômico e astrológico. Elas são definidas principalmente a partir da relação de dois movimentos da Terra (a precessão dos equinócios e a variação da obliquidade do eixo terrestre) com as constelações zodiacais.

Surgiu então a crença de que essa “nova era” significaria uma mudança para melhor na humanidade e no planeta.Outros versos da canção de “ Age of Aquarius”, de “Hair”, falam em harmonia e compreensão, simpatia e confiança em abundância, sem mais falsidades ou zombarias (…) e a verdadeira libertação da mente.

Sem entender de astronomia ou astrologia ouso dizer que erraram os que dizem que entramos na Era de Aquário em dezembro passado. O que estamos vivendo não se parece com aquelas previsões. O ódio e a guerras se espalham pelo mundo. Talvez a nova era só chegue mesmo em 2160. Para nós será tarde demais, mas feliz a geração que viverá num mundo de amor e paz. Pode ser melhor que isso ?

(Brígida De Poli)

 

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HAIR – direção: Milos Forman –1979
Música: Aquarius (Galt MacDermot; Tom Pierson)

 

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EU SOU PORQUE NÓS SOMOS

Artigo do jornalista Alex Cunha sobre o documentário AmarElo, exclusivo para a coluna.

“No ano em que a vida tratou de nos fazer enxergar como indivíduos parte de um todo, nos obrigando a nos resguardar em casa para evitar um colapso sanitário maior com o espalhamento do Coronavírus, Emicida nos deu uma importante demonstração do que é realmente ser coletivo.

AmarElo-É tudo para ontem, produção que ganhou a Netflix, é a clara aplicação da filosofia africana Ubuntu: eu sou porque nós somos. Quando Emicida invade com seu rap – estilo sempre considerado periférico e à margem- um sisudo e aristocrático Theatro Municipal de São Paulo, ele leva pra platéia e pro palco pessoas com trajetórias parecidas com a dele. Gente a quem o direito de estar num espaço como aquele sempre foi negado. Ele está ali porque conseguiu furar uma espessa bolha. Mas, não rompe sozinho. Leva consigo os seus.

Em vários outros momentos da produção o artista deixa bem claro o poder do somos. Mesmo que seja resultado d a influência de quem vive no mesmo tempo presente que a gente. Numa das primeiras frases de AmarElo, Emicida diz “Eu não me sinto vindo, me sinto voltando”. E é isso que ele faz quando atribui ao samba o DNA espinhal do rap. Ou quando numa aula histórica resgata personalidades negras importantes, cujos feitos foram jogados para debaixo do tapete com o intuito de apagá-los, deixando claro que nossas ações de agora são resultado do caminho trilhado anteriormente e é nesta força passada e no avanço que nossos passos devem se guiar. Até porque, em muitos casos, nossa luta ainda é a mesma. É como um salve e uma reverência à nossa ancestralidade.

O próprio show, cujos bastidores são apresentados na produção que toma as telas, se mostra como um feito mais coletivo. Uma junção de artistas e/ou personalidades que se unem ao projeto pra fazer coro ao discurso tão marcante de defesa das maiorias minorizadas que há tempos, ou sempre, caracterizaram Emicida.

E o que eles dizem é mexa-se. Junte-se a uma corrente. Desta vez não é só pelo embalo das canções sensacionais presentes em AmarElo que a gente se levanta das poltronas, cadeiras e sofás. É, principalmente, pela vontade de atender a convocação que este “filme” faz: somos frutos de uma construção coletiva, soma de tudo que veio antes de nós e olhando para o passado temos o poder de fazer um presente e futuro diferentes. Porque “tudo,tudo,tudo que nóis tem é nóis”. No plural!

Ficha Técnica- AmarElo – É tudo pra ontem

Original Netflix – 2020
Apresentação: Emicida (rapper, cantor e compositor)
Direção: Fred Ouro Preto
Duração: 89 minutos

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SOBRE PROMESSAS…

Na edição passada, falamos sobre as tradicionais promessas de Ano Novo. Entre as várias manifestações que se seguiram, destaco duas:

“Eu prometo, eu afianço, eu afirmo, eu asseguro, eu assevero, eu certifico, eu garanto, eu sustento, eu anuncio, eu indico, eu juro, eu me comprometo com a vida, até o último instante, valorizando cada momento, saboreando cada instante, apreciando cada segundo, até que o tempo cumpra sua sina e eu não tenha mais tempo, sequer, de dizer muito obrigado!” (Celso Vizenzi)

“Foi o primeiro ano, em muitos, que não fiz promessas. Não sei bem o que houve, mas não tive vontade. Talvez resultado de ter percebido que acordar a cada dia, com saúde minha e dos meus afetos, tenha mudado alguma coisa dentro de mim, pelo menos por agora. Efeitos colaterais? “ (Regina Romano)

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DICAS DE FILMES

Depois do casamento –dir.: Bart Freundlich- 2019 HBO/NET

Esse drama com duas ótimas atrizes, Julianne Moore e Michelle Williams,é um pouco previsível, mas bem produzido. Michelle é a responsável por um orfanato na Índia que recebe o convite de uma rica doadora, Julianne, para ir a Nova York falar sobre recursos para manter o abrigo. Contra vontade ela viaja e encontra com a empresária que acaba convidando-a para o casamento da filha no dia seguinte. Ela aceita sem saber que iria se confrontar com o próprio passado ao chegar na cerimônia.

 

Culpa – dir.: Gustav Moller – 2018 – Telecine

Já vi outros filmes em que a trama se fixa em um único ator e cenário, mas nenhum com a capacidade de criar suspense permanente como esse da Dinamarca. Um policial -afastado do trabalho de rua enquanto aguarda ser julgado – atende ligações no serviço de emergência. Impaciente e rude com os pequenos incidentes com bêbados e drogados, Asger atende o pedido de socorro de uma mulher, mãe de duas crianças, que se diz sequestrada. Sem poder sair do local de trabalho, ele faz de tudo, inclusive quebrar regras, para salvá-la através do telefone e comunicação interna da polícia.

Obs.: Ontem, vendo o filme, me passou pela cabeça que Hollywood iria querer fazer um remake em inglês. Pesquisei e vi que estava certa, inclusive já escalaram o ator: Jake Gyllenhaall. Como prometi na edição passada não reclamar de remakes, ficarei quieta, mas vocês já sabem o que penso sobre refilmar o que é perfeito…

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DICAS DE SÉRIES

Equinox – minissérie – Dinamarca- Netflix

Que eu saiba essa é a primeira série baseada em um podcast. No caso, o mais ouvido na Dinamarca em 2017. A história mistura sobrenatural e suspense, quando Astrid começa a investigar o desaparecimento da irmã mais velha que sumiu no dia da formatura junto com outros 21 colegas. Passados 20 anos, Astrid – que era criança quando tudo aconteceu – ainda tem pesadelos onde vê a irmã perdida num local fantasmagórico. Dá uma olhada no trailer…

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A desordem que ficou – 8 episódios – Espanha – Netflix

A Netflix tem apostado muito em produções espanholas como esse suspense que combina duas linhas de tempo diferentes ao contar a investigação de uma morte misteriosa. Raquel é uma professora que chega a uma aldeia da Galícia em meio a uma crise pessoal para substituir sua antecessora, sem saber que ela cometeu suicídio. Sentindo-se perseguida pelos alunos ela começa a investigar se Viruca realmente se matou ou porque foi levada a isso. Enquanto ela é ameaçada, vamos vendo também o que realmente aconteceu com a morta.

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BÔNUS

Filmes franceses gratuitos no SPcine Play

Para quem não conhece : a Spcine Play é a única plataforma pública de streaming do Brasil. A curadoria exibe filmes das principais mostras e festivais de cinema de São Paulo, ação inédita entre serviços do gênero. O conteúdo fica acessível simultaneamente aos eventos e segue disponível na plataforma.

Agora, de 15 de janeiro a 15 de fevereiro, será possível acompanhar os filmes da 11ª edição do My French Film Festival.

Estarão disponíveis gratuitamente 28 títulos franceses!

Site: www.spcineplay.com.br

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FIM

 

Fotos: Reprodução/Divulgação

 

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